sábado, 7 de junho de 2008

Graduado





Muito me honrou o convite da Direcção Regional de Educação para estar hoje presente como orador no V Encontro Regional de Educação que decorreu no Auditório da Universidade de Évora. Orgulhou-me sobretudo porque foi formulado em atenção ao nosso trabalho (Câmara e Escolas) no âmbito das Actividades de Enriquecimento Curricular, um esforço que foi reconhecido e que conferiu a Marvão o estatuto de exemplo de boas práticas. É sempre bom quando vemos que valorizam a nossa dedicação mas sabe ainda melhor quando esse reconhecimento incide sobre áreas que privilegiamos tanto e quando os estímulos internos não abundam.

Foi muito bom e motivante.

Eu esforcei-me. Lá preparei o powerpointzinho da ordem, com tudo explicadinho tin-tin por tin-tin, abarcando todos os prismas e sendo o mais esclarecedor possível. Mentiria se não confessasse que pois sim, ia algo ansioso. Nervoso não, que um homem só se atrapalha quando vê as tripas de fora e são as do parceiro do lado.

A cidade de Évora é de facto magnífica e isso nota-se logo nos pequenos detalhes. O asseio geral, o aprumo dos jardins, o trato dos transeuntes… convidam a estar. Estacionei próximo do Centro e tive de muito rodar dentro do espaço universitário para encontrar o dito auditório onde decorriam as operações. O edifício é antiquíssimo e belíssimo e tem imensas e labirínticas galerias e escadarias e acessos e só me diziam que “é já ali” mas não havia maneira de vislumbrar o “ali”.

Na minha expedição aproveitei para observar toda a envolvente da coisa e constatei que quase tudo mudou no perfil do universitário desde os meus tempos, há quase 15 anos atrás. O pessoal anda muito à frente, muito gel, muitas rastas, muitas calças 5 números acima, muito chinelo, muito brinco no nariz e nas sobrancelhas, muitos telemóveis e muitos portáteis, aliás, acho que não vi ninguém sem um. No meu tempo, nem na Biblioteca Nacional havia pcs, quanto mais portáteis…

Sinais dos tempos e eu dou-me bem com isso. Fiquei deveras maravilhado com o “campus” e tive a oportunidade extraordinária de ter um cicerone de excelência, o meu estimado, há muitos anos professor naquela casa e ilustre marvanense, Jorge Oliveira, que se prontificou logo de forma simpática a receber-me assim que lhe liguei para lhe dizer que ia estar no seu território. Umas esculturas, uns quadros, uns relvados e mais que tudo, uns azulejos de encantar. Andámos pelas salas e eu bebi de toda aquela envolvência de encantar.

Compromissos já assumidos afastaram-nos e eu encaminhei-me para o auditório que era enorme e estava bem longe da meia casa já que dos cerca de 300 lugares estariam ocupados uns modestos 50 e eu comecei-me logo a culpar de haver pouca gente ao ponto de me ter que convencer que as jornadas não eram organizadas por mim e que falaria para quem estivesse, mesmo que fosse só eu e o gajo dos microfones.

Aquilo foi bem porque tinha feito o trabalho de casa, as restantes participações a que assisti também valeram e quando assim é, estamos todos de parabéns. O significativo atraso do programa levou-me a declinar o convite para almoçar e fiz-me à estrada de regresso até porque tinha outros afazeres a tratar.

Para mim, por vezes, há gestos que valem mais do que medalhas. As medalhas exibem-se. Estes gestos guardamos dentro, para neles nos podermos aquecer quando nada à volta nos parece poder reconfortar.
-
-
-
Para os mais interessados, a apresentação em diapositivos está aqui, e deve servir de ilustração para o documento principal que está mesmo à mão de semear aqui.

Sem comentários: