domingo, 29 de novembro de 2009

Futsal: Santarém assiste a reedição de Choque de Titãs

Os de Marvão
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Os de Santarém

Num fim-de-semana de derbies frouxos (o de Alavalade a zeros, o de Barcelona decidido pela vantagem mínima), é tempo para recordar o cósmico embate do passado Sábado em Santarém, um duelo de gigantes entre as equipas local e a de Marvão, que mais uma vez assumiu contornos míticos.

Esta Taça que tem vindo a ser disputada de há uns anos a esta parte sempre com grande espectacularidade e nasceu como forma de celebrar a amizade entre amigos dos dois concelhos, já é um evento consagrado e nenhum dos protagonistas consegue imaginar a sua existência sem ele.

As expectativas eram bastante altas e os nervos estavam ao rubro. A equipa de Marvão não estava à espera de facilitismos e teve de se manter unida para conseguir ultrapassar todas as adversidades. Para além dos muitos quilómetros e das muitas horas de viagem que antecederam a partida, não se deixou intimidar por um campo descoberto e pela chuva que caía copiosamente.

Uma partida sem árbitro e que decorreu debaixo do dilúvio favoreceu a equipa local que certamente treinou toda a semana sob essas condições adversas e soube usufruir da experiência adquirida para se adiantar no marcador. De nada lhe valeu esse arrojo. A equipa de Marvão que utilizou a primeira parte para estudar a táctica e o posicionamento adversário, depois de restabelecida pelo pão com farinheira e pelos brancos gelados ao intervalo, entrou galvanizada para uma segunda parte memorável em que violou as redes dos rivais por 5 (!!!) vezes tendo sido batida por apenas mais uma vez.

Nem as vibrantes exibições dos Manos Pescada (diabólicos com o esférico no pé) e a magia do futebol latino do nosso Dr. Sequeira livraram os scalabitanos do vexame. O time de Marvão, muito entrosado e com múltiplas soluções de ataque, dominou a toda a linha. A destacar, a épica exibição de China na baliza e a técnica de sonho do Sr. Sabi, cada vez mais uma lenda dos tempos modernos, único nos seus toques de calcanhar característicos, enorme poderio físico e ímpar visão de jogo. (NR. O blogue é meu e eu escrevo o que quero).

Em bom plano estiveram também: o central Pousadas (seguríssimo a defender), os centro-campistas Pires e Chaparro (tecnicistas por excelência), os veteranos Barradas e Ginja (embora tenham que perder peso com urgência e ainda muito a aprender com os colegas, sobretudo com o Sabi) e o ponta-de-lança Bomba, qual Tevez lusitano, cada vez mais próximo do futebol inglês depois desta deslumbrante prestação.

Mas, meus amigos, o melhor ainda estava para vir… Depois de uma ou outra birra de mau perdedor, lá nos deslocámos para a casa do nosso anfitrião Sequeira onde a Tertúlia “Sempre em Festa” abriu as suas portas para receber a comitiva marvanense. Esta tertúlia que existe há já 23 anos é um espaço único que só poderia ter sido criado por alguém também muito especial. Com sede física na cave da residência, a “Sempre em festa” é um altar à amizade onde o futebol, os fados e os toiros são os estandartes e a vida se celebra em cada reunião e se renova em cada convívio.

E que convívio nos esperava…

A abrir, um misto de enchidos assados e umas imperiais geladinhas. Depois, foi a vez de meter o dente à famosa “Massa à Barrão” da qual eu já tantas vezes tinha ouvido falar, confeccionada na hora por mãos sábias, que se revelou verdadeiro manjar de deuses. Depois, já se sabe como é… A tarde estava chuvosa e aconselhava ao recato, o ambiente excelente, o vinho branco convidativo e o menu, como digo, de encantar, pelo que as horas passaram e nem demos por elas. Não fosse o compromisso assumido com alguns elementos da equipa de regressarmos a horas de estarem presentes num outro jantar de um amigo e o mais certo era, passados estes dias todos, ainda lá estarmos.

Coisa boa…

Disseram os nossos camaradas de Santarém, na edição de 2008 que teve lugar num inesquecível dia inteiro de Verão na Quinta dos nossos estimados Conchinhas, que a fasquia tinha ficado alta demais para a próxima jornada… A opinião unânime no regresso foi que passaram com distinção… A bola agora está do nosso lado… Cá vos esperamos em 2010…

Grande abraço e bem hajam…


Nem as deploráveis condições do campo lhes valeram...

A Tertúlia "Sempre em Festa"! Isto sim...

Lindo!

Nem falta o azulejo de Marvão... visto da Aramenha!

Mãos sábias preparando o repasto

Dos estatutos...

Tábuas de enchidos? Bom!

Tão jeitosinho... Cuidado não deixes queimar...

Mais fininho? Para durar mais? Está bemmmm...

Hummmmmm... Melhor há-de saber...

Esta é para meter no açucareiro... por causa das formigas...

Mnhamm, mnhamm, mnhammm

À cabeceira... o chefe desta malta toda... Dr. Sequeira!

Ó Pescada... come mais um pratinho... Ainda só vais no 4º... Vê lá não te dê a fraqueza...

(sem comentários)

Pausa para respirar

Momento alto da soirée com os trinados dos clássicos de Coimbra na voz de rouxinol do nosso anfitrião. O Chaparro estava a adorar. Vê-se logo...
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O diploma oficial
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Dos versos por mim redigidos e proferidos no pós-almoço…

Bem haja Dr. Sequeira,
Sua equipa e excelsa organização,
Por este magnífico convívio,
E pela inesquecível “Massa à Barrão”.

Nós vimos do Alentejo,
Da sua terra, do seu lar,
Com muito boa disposição,
Cheios de vontade de ganhar.

O jogo pouco importa,
Mas ainda assim, foi monumental,
Já nem me lembra quem venceu,
Só sei que foi por 5 e tal.

Ficaram para a história,
As bolas ao poste do Sequeira,
E as perninhas dos Pescadas,
Que mais pareciam uma peneira.

Este convívio nasceu,
Da minha amizade com o Rui,
Começou nas Finanças em Nisa,
Tão feliz que por lá fui…

Apesar da distância,
Revivemos assim a amizade,
Juntamo-nos de quando em quando,
Vamos matando a saudade.

Meus amigos bem hajam,
Adeus e até um dia,
Lá vos esperamos em Marvão,
Para mais uma jornada concelhia.

Vamos daqui extasiados,
Com esta memorável recepção,
Levamos toda a rapaziada,
No melhor do nosso coração.

Nós adoramos isto,
Muito, muito e até mais não,
Viva a malta de Santarém,
Viva a malta de Marvão!

Moctezuma e a morte de uma civilização



O extraordinário artigo da Alexandra Lucas Coelho no suplemento P2 do Jornal Público de Sábado sobre a exposição patente no Museu Britânico dedicada a Moctezuma, o último Rei Azteca, deu-me vontade de me meter num avião e ir direitinho a Londres.

Um notável peça jornalística que é uma verdadeira aula de história e está disponível aqui.

O site oficial do Museu está aqui e o vídeo de apresentação aqui.

Vendo o Mundo de Binóculos do Alto de Marvão… humor e cultura ao seu serviço desde 2007.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O IVA e EU


ATENÇÃO!!! INÉDITO!!! Suplemento de economia


Nota: Estimados leitores, a gerência pede a vossa melhor atenção para a singela prosa que se segue. Advertimos que pode parecer extremamente aborrecida a princípio mas todo aquele ou aquela que se aventurar pelas suas linhas poderá estar certo(a) que no final verá o seu esforço recompensado, tal será o manancial de informação fiscal absorvido…


Queridos amiguinhos…

Recordar-se-ão certamente da minha crónica acerca do Pingo Doce de Castelo de Vide. Não foi assim há tanto tempo, pois não? Eu concordo convosco. Mas a verdade é que apesar de terem passado poucos dias, já andei para lá a caminhar hoje outra vez. Não que tenha gasto tudo o que de lá trouxe na última romaria consumista mas nesta humilde guarita a que chamo casa já faltava muita coisa que faz falta todos os dias como os Ice Teas e a fruta de qualidade, de forma que não tive alternativa.

A minha Senhora voltou a estar ocupada com a Associação de Pais do Concelho (A idade tudo traz…), e não tive outro remédio senão criar um programinha alternativo de fim de tarde chuvosa para mim e para a pequena.

Foi um gosto, como sempre, e uma limpeza também. Em pouco mais de hora e meia, fiz um rombo no orçamento que mais parecia o Túnel do Marquês, equivalente a duas notas de euros das verdes, que são simultaneamente as mais difíceis de apanhar (porque será?).

Chegado a casa, depois de saciado com um excelso mas nada exuberante, apenas competente, repasto criado a partir das iguarias recém-adquiridas, recostei-me na cadeira e pus-me a pensar na vida, tal e qual como já faziam os nossos antepassados que calcorrearam estas margens do Sever há muitos milhares de anos, quando se aconchegavam na gruta a olhar o fogo após terem barbeado a presa de caça morta à escassas horas.

Em cima da mesa… o talão da compras. Que grande… Mais fino que o papel higiénico mas com uma dimensão considerável que denunciava o estrago. Concluo que nada foi muito caro embora, as coisas sejam tantas que grão a grão, encheu o Pingo Doce o papo.

O detalhe que me prendeu realmente a atenção foi o IVA e as suas diferentes taxas. Um pormenor que ajuda a marcar toda a diferença e de repente, me deu vontade de mergulhar nesta temática e partilhá-la convosco…

MAS QUE RAIO É ISTO DO IVA?!?!?!?!? Perguntam vocês e com razão. E o Tio Sabi, numa verdadeira iniciativa de Serviço Público não remunerado e fora-de-horas, esmiúça a temática para a pequenada, dos que ainda andam de cueiros por esses bancos de liceu, aos que já gostam de perder a cabeça nos meandros da economia doméstica.

Olhem bem p’ra mim armado em Medina Carreira. Já tenho um olho fechado…

O IVA… é uma cena bem real da qual todos gostam de falar mas que quase ninguém sabe ao certo ao que vai.

O IVA, que quer dizer Imposto sobre o Valor Acrescentado, é uma forma que os Estados modernos inventaram para sacar dinheiro ao pessoal. A ideia é básica e funciona na perfeição: na sociedade actual, na qual o capitalismo é regra e o consumo a palavra de ordem, a malta precisa de comprar. Com a especialização, cada um faz aquilo que pode e o resto compra e os Estados, que não são nada parvos, pensaram: “epá… se cada vez que a malta compra qualquer coisa tiver de contribuir com uns pózinhos-extra, isto é capaz de dar um monte de dinheiro…”. Se assim o pensaram, melhor o fizeram e assim se instalou o IVA entre nós.

O IVA passou a estar em todo o lado, como o Nosso Senhor. Tirando as raríssimas isenções, o IVA espreita em cada esquina e… não perdoa.

Os especialistas dizem que o IVA é o imposto perfeito porque tem uma mecânica infalível e complexa feita de liquidações e deduções. Um agente económico que não esteja isento tem uma relação de “balança” com o IVA. Ele liquida o IVA aos contribuintes (por exemplo num café ou num jornal) mas pode deduzir o IVA que pagou no âmbito da sua actividade. Se liquidou mais do que deduziu, deve entregá-lo ao Estado. Se tem mais a deduzir, fica com um crédito. Engenhoso, não é?

E não me amolem que até agora isto até nem foi difícil de perceber e só por terem lido até aqui já podem fazer um figurão quando ouvirem um papagaio qualquer dizer detrás do balcão: “Ainda este mês PAGUEI não sei quanto de IVA!!!”. É aqui que vocês entram e deixam toda a gente de boca aberta quando respondem em voz baixa, em jeito de conselho, “o IVA não se paga, mestre… o IVA entrega-se… Esse dinheiro não era seu... era dos seus clientes!”. Muito nível! Escusado será dizer que sempre que um caramelo destes vos vender alguma coisa e não registar na respectiva máquina, não só está a roubar o Estado mas também vos está a meter a mão no bolso a vocês.

Ainda assim… não era bem aqui que eu queria chegar. Digamos que este intróito serve apenas para vos conduzir à verdadeira questão de hoje, das compras e do Pingo Doce: a das diferentes taxas do IVA.

DIFERENTES TAXAS?!?!?! MAS NÃO É SÓ UMA?!?!!?

NÃO! E não porque o Estado que é assim uma espécie de velhinho gigante com umas enormes barbas brancas que vive semi-desnudado numa nuvem como o Zeus na mitologia grega, também não é parvo. Quando inventou o IVA pensou logo… “epá, se há tantos bens, de valor tão diferente… não podem todos levar com o mesmo IVA. Há que fazer taxas diferentes”.

Assim, para os bens que fazem muita falta à vida do pessoal, bens de primeira necessidade pensou-se uma taxa mais fraquinha que esta gente também tem escrúpulos… isto não é assim à maluca. Esses bens em Portugal agora levam com 5% de IVA ,o que traduzido significa que o contribuintezinho paga o valor real do bem acrescido de 5% desse valor. É o “IVA DOS PEQUENINOS”.

Noutro extrema há uma taxa máxima (que vai mudando consoante haja ou não eleições) que é mesmo para aqueles bens “armados em finos” que é como quem diz: “Ai queres luxos?!?!?!? Então PIMBA! Levas com mais 20% na tola que até apitas”. Este IVA é o que eu chamo de “IVA A DOER”.

“E só há estes 2 IVAS?”, perguntam vocês e bem, que é sinal que estão com atenção. “Não! Não há só estes dois… Há ainda o IVA que eu chamo de “IVA DA COMPAIXÃO” que é para aqueles bens que já são um bocadinho para o finório mas ainda assim são de alguma necessidade. Esses escapam assim mesmo à tabela com 12%.

É nesta fase da análise, chamemos-lhe assim, que eu vos pergunto se não acham que isto até nem está mal pensado? Não está de facto. O que está mal e me fez escrever esta cena é que as taxas do IVA, as que vêm na parte esquerda dos talões de compras, antes de cada produto, ESTÃO TODAS TROCADAS, CARAÇAS! COMO É QUE É IMPOSSÍVEL?

Senão vejamos, queridos e cultíssimos leitores, eminências pardas na questão fiscal e verdadeiras aves raras do IVA. Paga-se 5% no arroz, no atum em lata, no pãozinho, no peixinho, na carninha de porco (incluindo nas vísceras, iscas de fígado e rins incluídos). Pagam 5% o polvo e o peru, o abacaxi, a bananinha, os bróculos (blaaargh) e a cenoura, as clementinas, os cogumelos e as laranjas. 5% pagam o tomate, a uva e o limão. Vai bem! Mas acham que as minhas batatinhas fritas “Lays artesanais com molho de cogumelos”, um verdadeiro luxo, uma cena gourmet, paguem apenas 5%? É um ultraje, uma ofensa a produto de requinte. Já nem me sabem tão bem…

E que dizer da minha “Água das Pedras light com sabor a framboesa”? Um verdadeiro requinte pós-jantar que me fazia sentir como a gaja do reclame dos Ferrero Rocher? Pagar 5% só por ser uma água??? Opááááá… Não me amolem! Estes gajos estão-me a estragar os luxos!

Isto para já não falar nos iogurtes magros “Corpos Danone Light com morangos e Kiwi”, nos Danoninhos, nos Bongos, nas Frizes, nos prazeres terrenos de um pobre mortal, todos eles taxados a 5%. Porquê Deus meu, porquê?????? Só para nos inferiorizar?!?!? Conseguiram…

Passemos aos 12% e entramos num domínio bizarro. Atentemos: cá em casa, quando vamos às compras para o pequeno almoço, compramos sempre fiambre e queijo. Cenas básicas para a gente comer de manhã. O fiambre paga 12%. O queijo paga 5%. Porquê? Porque um vem do porco e o outro vem da vaca? Mas não são ambos para o pequeno almoço?!?!? Vá lá alguém perceber isto…

12% pagam as azeitonas, os cogumelos laminados, o feijão, o grão, o tomate… E eu pergunto: “Ai estes não são bens essenciais? Então o Estado come o quê às refeições?”.

12% pagam as polpas de manga e maracujá e o rolinho de salsicha que a minha filha comeu logo lá dentro do Pingo Doce porque estava cheia de fome… mas nós guardámos o papelinho e pagámos na caixa. Ainda há gente honesta, está bem?

12% pagam os rissóis, o esparregado e a lasanha congelada para quando a gente tem de comer à pressa e não temos nada pronto e os nossos sogros se esqueceram de nos convidar para almoçar. Não faz mal… aquilo também não é nenhuma obrigação… é quando calha… nós sabemos…

Agora digam-me com toda a sinceridade: “acham bem que o vinho, O VINHO, DEUS MEU”, o néctar que os Deuses nos ensinaram a extrair da uva sagrada, esse bem primordial do qual o nosso avozinho Salazar até dizia que ao ser consumido dava de comer a não-sei-quantos milhões de portugueses, pague 12%??? O VINHO NÃO É ESSENCIAL?!?!? Estou sem palavras. Um produto tão natural… É… injusto… no mínimo.

No domínio dos 20% estão os chocolates. Sim, os chocolates pagam 20%. E os pretinhos que andam lá a apanhar os grãozinhos ao calor, para receberem uma miséria, que vivem daquilo, são o quê? Turistas? Bem…

A bolachas de água e sal… 20%. AS BOLACHAS DE ÁGUA E SAL?!?!?! A água pura é taxada em 5%. Se é em bolacha… 20%. Ai não são feitas de água também? Ai eu… ÁGUA e sal!

O camarão… 20%. O camarão, o camarãozinho do meu coração, que é um autêntico peixinho… 20%. O peixe paga 5%. O camarão… 20%. Para o Estado, o camarão deve de ser algum mamífero, com certeza…

Uma pá para o lixo que eu comprei por 1 euro e 49 cêntimos, que é essencial, repito, ESSENCIAL para acabar com o pó na minha casinha, paga 20% de IVA. Está certo! Limpar o pó é um luxo!

Um saco preto para trazer as compras paga 20%. Luxo! E se eu não o comprasse trazia as compra onde? No cú?

E para terminar que com esta já não posso mais e fico arreado… uma caixinha de 24 minizinhas Sagres, daquelas de 25 cl que sempre trazem mais um bocadinho, aquelas da Rita Andrade, tão fresquinhas, tão puras, só com água e malte e cereais e coisinhas saudáveis que fazem alegria… 20% ó Mê Deus!

Acabo de crer que não há justiça no mundo.

O IVA vai dar cabo de mim!



PS: Vamos fazer um “suponhamos”. Assuponhamos o seguinte: esta espelunca, este blogue, esta coisa já recebeu mais de 180 000 visitas gratuitas. Se cada uma custasse 1 euro, valor que para além de me parecer absolutamente justo, me parece até miserável, eu já tinha dinheiro para pagar a minha casinha toda, comprar uma Vespa 125cc e dar uma volta ao mundo. E… atendendo a que a taxa do IVA não poderia ser outra que a de… 20%, obviamente, isto significa que os Estado poderia ter ganho 36 000 euros que antes perdeu.
OUVIRAM, SENHORES DO SIS? Bora lá meter esta cena com pagamento obrigatório e fazer uma bruta faena!

Ai acham mal?!?!? E estar aqui a escrever estas coisas durante horas, sozinho, agarrado ao computador, a dar cabo dos meus olhinhos, não merece pagamento? Egoístas…

PS1: Não quero deixar passar a ocasião sem mandar um abraço ao Pedro, digníssimo Director do Pingo Doce de Castelo de Vide que hoje se aproximou de mim para me agradecer as palavras que escrevi sobre a estrutura que tão bem dirige. Um gesto bonito que me tocou. Disse-lhe que nós, os portugueses, estamos habituados a dizer mal e que raramente elogiamos o que está bem. Já vai sendo altura de mudar e eu, sempre que posso penso que faço a minha parte. Depois fiquei a pensar nisso. Da outra vez, limitei-me a publicar o texto no blogue mas desta vez fui mais longe… via e-mail direitinho para os recursos humanos da casa-mãe (Grupo Jerónimo Martins). Pode ser que surta efeito. Oxalá! Bem merecem!

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Deste IVA gosto eu... Taxada a 100%

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Digam lá, excelências...


Eu quase nunca presto atenção aos programas do horário nobre nos canais generalistas.

Hoje, por mero acaso, vi pelo canto do olho alguns minutos do “Jogo Duplo”, o programa de cultura geral apresentado pelo José Carlos Malato.

Não sei se se passa o mesmo convosco, mas em mim, este tipo de concursos, gera um efeito imediato de “deixa-cá-ver-se-eu-acerto-estas-e-assim-me-consigo-convencer-que-sou melhor-que-os-concorrentes”. Não consigo evitar…

No momento em que agarrei o programa, já só restavam 3 concorrentes. Supostamente, os melhores ou pelo menos, os mais ardilosos.

Numa das baterias de perguntas, surge esta: “diga quantos metros há num hectare: 1.000, 10.000 ou 100.000”.

Nenhum acertou.

Este é o nosso país real.

E ainda estou para descobrir quem é que é mais tonto… se os que se sujeitam a estas figuras, se aqueles que como eu, ainda têm paciência para gramar estas cenas em casa.

PS: No Sábado à noite, no Canal 1 da RTP, o “prato do dia” era o Nuno Markl a tentar equilibrar-se nuns patins e fazer qualquer coisa parecida com dançar numa pista de gelo. Em sinal de protesto, decidi recolher aos aposentos em silêncio. Esta televisão…

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O regresso da minha prima SABI




Há dias vi esta notícia na SIC e fiquei rendido. Teve de entrar para os arquivos!

É sempre tão bom quando vemos o sucesso de malta que tem a sorte de ter a mesma alcunha que nós.

Ah, cadela de boa raça!

Máquina!

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PS: Para os leitores que porventura estejam fora do contexto, Sabi é a alcunha com que me baptizaram aos 10 anos, quando fui estudar para o Ciclo de Castelo de Vide. Foi-me metida à pressão pelos colegas mais mal comportados lá da turma. Digamos que eu não era dos mais parvos e como era o menino das professoras, a notas eram boas... os gajos começaram: "Entã mas esta cabrã sabe tude? Eh... deve de ser algum sabichã!". E lá está! A sabedoria virou galhofa e aí nasceu a alcunha de "Sabichã" que depois passou para "Sabiá" (por causa dos gelados da mesma marca) e a odisseia etimológica terminou na forma final de "Sabi". Fui Sabi durante os 5 anos de Castelo de Vide, dos 10 aos 15; levei a alcunha comigo para Portalegre e ainda hoje sou assim tratado pelos amigos desse tempo e por muitos dos que me estão mais próximos.

A força do anexim é de tal ordem que chegou a ser herdada pelo meu irmão que também ficou o Sabi. Juntos criamos a dupla "Os manos Sabi". E a malta diz: "Xiiii, olhem quem lá vem... os Manos Sabi", o que é bom e mostra respeitinho que é sempre muito bonito.

Para os do meu tempo, o meu irmão é o Sabi Júnior. Para os do tempo dele é ao contrário, o que gera situações engraçadas. Uma vez, um dos putos lá das relações dele perguntou-me: "mas tu és irmão do Sabi?". E eu, perdoando-lhe a ignorância e a irreverência que é normal nas criancinhas, respondi-lhe: "Não bébé... EU SOU O SABI, o único e inimitável. The one and only. Estás a olhar para o original, boneca! O meu irmão é o franchising (que deveria de pagar direitos de aluguer mas esses eu até lhos perdoo).

Esta é a história dos Sabis.

Não faço a mais menor ideia onde e como é que a cadelinha ganhou o Sabi dela.

Para a África do Sul… em força e já!

Heróis do Mar, nobre povo, nação valente e imortal!
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Eu nunca tinha visto nada assim na minha vida… num jogo de futebol entre duas nações, uma assistência em peso a assobiar o hino nacional e a desrespeitar um país com quase 10 séculos de História.

Aqueles cretinos, aqueles anormais, bárbaros, imbecis, tiveram o que mereceram: uma vitória clara e dominadora dentro das quatro linhas que os deixou a pé.

Todo o mal que lhes aconteceu foi merecido e da minha parte, pior haveria ainda de ser e eu pergunto-me como é que a FIFA tolera que gentuça de terceira possa competir em igualdade de circunstâncias com outro países civilizados.

Uma autêntica vergonha! Bichos que não se governam nem se deixam governar e isto para já não falar nas agressões directas dos adeptos aos juízes da partida. É de bradar aos céus!

E temos nós militares e forças de segurança a apoiá-los. Eu tenho cá uma ideia de como é que se deveriam tratar…

Nós, os portugueses, fomos bravos e guerreiros. A forma como o Bruno Alves e o Eduardo cantaram “A Portuguesa” foi de arrepiar. É dessa massa que nós somos feitos! Guerreiros no espírito, lutadores na atitude, determinados e combativos nos passos que damos.

Hoje, estamos TODOS de parabéns! Queiroz, os nossos infantes e todos os que têm sangue luso a correr nas veias.

Viva Portugal! Mesmo!

PS: Ainda fui a tempo de ver o prolongamento do Play off entre a França e a Irlanda. Uma roubalheira desgraçada. Henry ganhou uma bola com a mão na área adversária, de forma clara e inequívoca, e fez o centro para o golo. O árbitro nada viu ou fez que não viu e nem os protestos desesperados dos irlandeses o convenceram. O francês rejubilou com os colegas e o estádio ficou ao rubro. O Henry até podia ser o melhor jogador do mundo mas para mim não passa de um verme nojento, um mercenário que não sabe respeitar a beleza e a nobreza do jogo. Um mentiroso. Um falso. Um bandido e todo o mundo o sabe e pode agora comprovar com as imagens. Não era um jogo entre equipas. Era um jogo de selecções. Um jogo onde a honra e a diplomacia contam. No mínimo, em vez de se vangloriar, deveria ter pedido desculpa aos adversários e a FIFA deveria de mandar repetir o jogo. Mas será que ainda não se convenceram que é URGENTE colocar juízes perto das balizas e a alta tecnologia ao serviço da arbitragem em lances duvidosos?!?!? Por Deus… acabem com esta farsa já!

Se eu mandasse na Irlanda, ordenava hoje mesmo a invasão da Gália aquela.

Quanto a mim… nunca mais compro gilettes daquelas que o gajo vende nos anúncios.

Cabrão!

PS2: Mesmo agora vou ligar ao Mandela para que me reserve o quartinho lá dos fundos. Estou lá!


PS3: Para comemorar… um videozinho mesmo a propósito, dedicado a todos os meus clientes!
Grande som! Yeeeeeeeeesssssssssss!


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Abraçar o fim


A morte prematura de Robert Enke chocou-me profundamente.

Por mais que me esforce para não pensar no assunto, não consigo calar as perguntas.

Porquê?

Que dor lancinante, absurda e silenciosa será essa que leva um homem a ser o seu próprio juiz e carrasco?

À simpatia que nutria por ele desde os tempos em que foi feroz e fiel guardião das redes do meu clube, junta-se agora a compaixão e o pesar por ver uma vida tão jovem terminar desta forma abrupta e violenta.

Nenhuma carta nem nenhum texto podem alguma vez almejar explicar o pesadelo que lhe assolava a alma.

As dúvidas e as certezas levou-as com ele.

Que descanse, agora e finalmente, em paz.
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A minha homenagem com o assombroso “Rabbit in your headlights” do projecto UNKLE de Dj Shadow acompanhado pela voz divinal de Thom Yorke dos Radiohead. Uma música e um vídeo que nos deviam fazer pensar (em nós, na nossa sociedade e nos valores que regem os nossos dias).
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I'm a rabbit in your headlights,
Scared of the spotlight,
You don't come to visit,
I'm stuck in this bed.

Thin rubber gloves.

She laughs when she's crying,
She cries when she's laughing.
Fat bloody fingers are sucking your soul away...

I'm a rabbit in your headlights,
Christian suburbanite,
Washed down the toilet,
Money to burn.

Fat bloody fingers are sucking your soul away...

Sample from movie Jacob's Ladder :

If you're frightened of dyin' and you're holding on...
You'll see devils tearing your life away.
But...if you've made your peace,
Then the devils are really angels,
Freeing you from the earth.....from the earth....from the earth
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Tradução muito "livre" deste vosso escriba, uma cortesia para a malta que se baldou ao Inglês:
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Sou um coelho à frente dos teus faróis,
Com medo da luz,
Não me vens visitar,
Estou preso a esta cama.

Luvas finas de borracha,
Ela ri quando chora,
Ela chora quando ri.

Dedos gordos ensaguentados estão a sugar-te a alma…

Sou um coelho à frente dos teus faróis,
Um cristão suburbano,
Pelo cano abaixo,
Dinheiro para queimar.

Dedos gordos ensaguentados estão a sugar-te a alma…

Excerto do filme Jacob’s Ladder:

Se tens medo de morrer e aguentas…
Verás demónios destruindo a tua vida.
Mas… se construíste a tua paz,
Verás que os demónios são na verdade anjos,
Libertando-te da terra.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Finalmente! (De azul)

Velhas Guardas do Arenense. 07.11.2008


No passado sábado concretizei um dos meus sonhos: jogar com a camisola do Arenense. Há sonhos que nascem connosco e são da vida toda. Há outros que nos surgem à medida que o tempo vai passando e outros há ainda que são as próprias circunstâncias da nossa existência que os criam. Este foi um caso desses.

E nem sequer posso dizer que não tive a minha oportunidade no passado…

Numa tarde qualquer da minha adolescência, em pleno cruzamento da Beirã, fui interceptado pelo então Mister Bugalhão, que me tentou convencer a integrar os quadros do time local. Os argumentos apresentados (que já me tinha visto jogar e que não era mau de todo, que tinha lá muitos amigos, que me fazia bem à saúde…) eram deveras convincentes mas na altura a minha agenda do fim-de-semana passava inevitavelmente por uma Sexta e um Sábado de recruta na Maluka dos Fortios até às tantas da manhã, pelo que lhe expliquei as óbvias incompatibilidades dos dois ofícios. A juventude era para ser gozada e andar a treinar ao frio, de noite e levantar quase de madrugada (9h/10h da manhã) para andar por aí a correr atrás de uma bola não encaixava bem no meu conceito de divertimento.

E eu se eu gostava de futebol! De ver e de jogar! Em miúdo nunca saía de casa sem uma bola no pé. Recordo com tanta saudade as tardes passadas em partidas infinitas com os amigos da terra no campo pelado do João Forte (em que tínhamos primeiro que desviar as bostas de vaca que por lá pastavam e despejar a família de lacraus que se escondiam debaixo do calhau maior que fazia de poste da baliza lá do fundo) e as noites de dérbis entre as equipas dos que viviam “De cima da linha do comboio” e “De baixo da linha do comboio”, em frente ao adro da Igreja.

Mais tarde, quando a Beirã se tornou pequena e já passava os dias a cirandar com os meus companheiros de Santo António, fui fundador do meu primeiro equipão de futsal criado exclusivamente para os torneios de Verão: os míticos “Couve Roxa”, juntamente com o Bananitas, o Jaimita, o Reis… e o Andorinha na baliza que saiu lesionado logo num dos primeiros jogos em que foi baleado nos tintins por um pontapé fulminante qualquer. Iam-mo matando, o pobre, que caiu redondo e quase inanimado. Até a mim me doeu… Os “Couve Roxa” fizeram história tanto pela péssima qualidade do futebol praticado quanto pela exuberância técnica dos seus membros e haviam de, por circunstâncias várias, se fundir com os “Volk Selvagens”, gerando os inter-galácticos “Couve Selvagem” (com o Machado, o Mário e o Santana…) que também haveriam de deixar marca.

O destino encarregou-se pois, quase desde sempre, de me manter ligado ao futebol mas naquela altura… Arenense a sério… não obrigado. A onda era mais Portalegre, namoricos e andamento…

E o que eu me havia de arrepender de ter dito não, tempos depois…

O gajo sempre tinha razão…

Quando o namoro me trouxe de volta à terra e não perdia um jogo do meu Arenense em casa, habituei-me a ver da bancada os amigos a jogar e não podendo ir a mais, criei os “Ultras dos Outeiros”, a primeira claque oficial do distrital, dos quais era Presidente e único sócio efectivo. Do cadastro ainda constam uma ou duas invasões solitárias do campo (uma delas quando um cabrão qualquer quase me deu cabo do mano) e um ou outro ameaço de identificação pelas autoridades.

A vontade de entrar lá para dentro já era muita mas o talento não chegava e eu sabia que o meu tempo tinha passado.

Da bancada sofri, da bancada rejubilei com as vitórias e a subida da Divisão nos tempos da euforia da Era “Brítica Mena Antúnica”, da bancada assisti à ascenção e queda da equipa sénior, até o campo ficar deserto…

Sócio 806 com as quotas em dia até ao final do ano passado (não é Adriano? Agora não te tenho visto…), nunca deixei de vibrar com o meu clube e lamentar por não ter querido em tempos estar mais por dentro.

Mais do que um clube, o Arenense foi uma escola de vida para muitas gerações de crianças e jovens da terra que ali aprenderam conceitos absolutos como os de camaradagem, organização, liderança, disciplina, espírito de equipa, entrega… Nunca me hei-de esquecer que num dos momentos mais negros da nossa existência, quando perdemos quem mais queríamos, o Arenense foi uma das luzes que guiou o meu irmão, levando-o sempre pelo caminho certo, responsabilizando-o com a entrega de uma braçadeira de capitão que lhe pesava quilos no braço e o reposicionou perante os colegas e a vida.

O Arenense importa e muito! Sempre importou!

E foi por todas estas razões e mais algumas que me encheu de alegria o desafio e o convite colocado em jeito de brincadeira pelos actuais Presidente (J. Buga) e Mister (Bonito Dias) para alinhar pelas Velhas Guardas frente às de S. Mamede. Eu já tinha metido a cabeça a ver se colava mas como desta vez a coisa me pareceu mais séria, decidi arriscar.

“Mas eu nunca joguei…”.
“Mas treinaste. E és de lá. E gostas…”.
(Se gosto…)
“Olha que Sábado contamos contigo. Às 4h, no Estádio de Portalegre.”.

Até se me meteu um frio no estômago… Estaria mesmo convocado?

E assim fiz… como mandam as regras. Na sexta deitei cedinho. Portei-me exemplarmente tendo inclusive que fugir aos convites marotos de noitada dos amigos que não me largavam o telefone e negar duas outras solicitações para Jantar na Fonte Souto (o que bem me custou!) aos meus queridos Chico Conchinha e Joaquim Manuel.

Sábado de manhã fui à piscina com a pequena para preparar a musculatura e a resistência, comi um peixinho grelhado ao almoço e às 3 e meia lá estava o gajo, comparecendo à concentração na Pastelaria do Choca.

Chegados a Portalegre, aguentei as naturais bocas de craques e companheiros (“Eina pá… Olhem-me só a fera que eles trazem escondida…”) e fiz por parecer natural. É certo que entrar em campo com as sapatilhas de futsal quando tudo andava de botas XPTO não ajudou nada (falhaste-me Barradinhas!) mas até por isso mesmo me soube melhor o comentário do Presidente: “Assim vestido até pareces um jogador…”.

Oxalá…

Eu sempre disse que só o ir para o banco, ver o jogo dali e poder desfrutar do ambiente da cabine já eram suficientes, mas se pudesse fazer o gosto ao pé…

Como era de esperar não fiz parte dos titulares e até fiquei surpreendido quando o Mister me mandou aquecer ao intervalo. Faria eu a segunda parte toda?

Parece que o estou a ver numa nuvem, a dizer em câmara lenta: “Conto com a tua velocidade…..”. Opá… Ainda me virei para trás para me assegurar se não estaria a falar para outro…

Porra pá que aquilo foi uma emoção! O cheirinho da relva sintética… aquela adrenalina toda… Poder partilhar o rectângulo sagrado com “monstros” do nosso futebol como o Miguel de Castelo de Vide, o João Vitorino, o Malu, o Beto, até o Barradas vá!, foi do caraças… Um passe a desmarcar um, uma bola recebida por outro… E eu ali… Espectáculo!

E se fiz por ser competente! Pelo menos, fartei-me de correr. A certa altura, vendo-me todo suado, o Beto até me perguntou… “mas já estiveste a tomar banho?”. E eu… “não pá! È dos sprints!”. Caraças! Que nível!

Rematei uma série de vezes. O Bonacho perguntou-me se eu tinha acertado na baliza nalguma delas. Maldade dele… Eu acho que acertei diversas vezes mesmo, mas prontos…

Reconheço que exagerei um pouquinho nos fora-de-jogo, mas os gajos eram uma máquina a jogar em linha pá! Mas também nunca cheguei aos trinta e tal como disse o Barradas. Justifiquei-me com a fome de golos e a vontade de legitimar a contratação mas nem mesmo assim…

Estivemos bem. Já estava em campo quando desfizeram o nulo e não fiz nada no nosso lance do empate mas estava lá próximo e senti que a minha energia ajudou…

Mais coisas… Eeeeeeeeeehhhhhh… Anularam-me um golo LIMPINHO, DE PÉ ESQUERDO!!!!!, o que para mim valeu por meio. Foi um patardo… uma cena do outro mundo! Bem, na verdade foi fraquinho e entrou a pingar, mas mesmo assim não contou, prontos.

Deram-me uma canelada, meteram-me uma rasteira, esfolaram-me o joelho esquerdo. Fiz cortes, passes em profundidade, passes curtos, tabelinhas, dribles, parei no peito, corri com a redondinha no pé, fiz centros para a área, desdobrei-me, fiz por estar em campo.

E só pensava: “Não metas as mãos nas ancas… não te dobres…”, não fossem eles pensar que estava cansado. E não estava, de facto. Rijo como um pêro!

Para além de ver mal, também não ouço grande coisa ao longe, sobretudo quando estão aos gritos à minha volta. Vejam bem a minha humildade, que quando o Mister chamou pelo Peixe para ser substituído, assim que ouvi chamar por um “P…” fui logo a correr feito tonto. “Não és tu, pá! È o Peixe!”. Pensei: “Ai posso jogar mais um bocadinho? Tudo bem!”.

O árbitro chamou-me jogador. “Ó jogador, passe aí essa bola”. Ò senhor juiz, pela parte que me toca… obrigadinho!

Eu não quis dizer nada a ninguém, mas da última vez que joguei naquele estádio foi com os meus colegas das Finanças e marquei um golão da entrada da área, daqueles que entram mesmo pelo buraquinho da agulha no ângulo esquerdo. Sem defesa! E o jogo acabou de seguida. Convenci-me: “Se entrou uma vez…”. Mas desta vez não tive essa sorte. Paciência…

Mas ainda tive a minha oportunidade para brilhar… Nos minutos finais, quando o jogo ainda estava empatado, um dos baixinhos gorduchos habilidosos da equipa adversária começou a fintar colegas meus do lado esquerdo, num drible fulminante que gerou o pânico. O Mister gritou-me: “Pedro, ajuda lá atrás agora que está quase a acabar!”. E lá fui eu, esbaforido, dando tudo para chegar a tempo… E não é que cheguei atrasado por milésimas de segundo? Por mais um bocadinho, tinha conseguido cortar a bola que o sacana do brasileiro do cabelo pintado (já de barriguinha mas talentoso e muito boa onda) acabou por empurrar para as malhas da baliza mesmo sobre a linha. Que droga! Por um pouquinho, tinha feito um corte providencial e um brilharete. Era de sair em ombros… Enfim… não se pode ter tudo e eu, nessa tarde, já tinha tido tanto…

E tivemos mais. O simpático convite das Velhas Guardas de São Mamede para conhecer a sua confortável e recém-inaugurada sede no antigo edifício da Câmara Municipal de Portalegre (minis geladas, amendoins torradinhos à descrição) e um jantar que foi quase de gala no Jorge Isidro. Excelente companhia, repasto aprimorado, óptimo ambiente… tudo do melhor! Estão todos de parabéns. Foi uma grande oportunidade para rever alguns amigos e conhecer novos e isso é tão bom.

Como já vai sendo habitual… não quero terminar o relato sem fazer alguns agradecimentos:

Em primeiro lugar ao Bonito e ao Buga, pela oportunidade única que me deram. Quando me vi na foto que o João publicou no Fórum Marvão até estremeci. O que eu sonhei em ver-me um dia assim, numa foto daquelas, entre os jogadores. Será que dá para a meter na sede? Orgulho… Bem hajam. Às vezes há gestos que podem parecer simples mas que são tão valiosos para os outros. Eu gostava que vocês sentissem o que foi para mim.

Em segundo lugar quero agradecer aos colegas de equipa que me receberam tão bem e tudo fizeram para me integrar no espírito, sem olhar de soslaio ou sem qualquer estranheza. Estar ali é demais!

Agradecer também aos amigos da outra equipa (Delgado, Gandum, ao Brasileiro e todos os demais) pela simpatia e excelente acolhimento.

E finalmente agradecer aos meus companheiros de jornada nesse dia/noite. Dureza, pá!

Ai eu… que foi tão bom.

PS: Tenho imensa pena de não poder estar convosco em Nisa no próximo dia 21 (o que eu dava para jogar contra o meu amigo Carlinhos…), mas nessa data já tenho marcado o derby anual de futsal em Santarém e se falto mandam-me abater, pelo que… não há hipótese.

Mas na próxima… juram que não se esquecem de mim?

Grande abraço!



Um banco de luxo. Ao fundo, sempre a ler o jogo, Mister e Presidente trocavam opiniões...


Esta é o máximo! Então não é que apanho o árbitro equipado com um fato de treino das Velhas Guardas a cantar o hino oficial da equipa?!?!?! Eu logo vi... Está tudo explicado! Tanto fora de jogo...
Vou apresentar queixa à FIFA. Desta não se livra!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Eu fico feliz quando…


Um ex-colega de trabalho vai de propósito ver de mim às Finanças só para me cumprimentar e saber como é que estou.

Também fico feliz quando logo de seguida alguém me diz… “ai o que eu me ri ontem consigo e com as coisas que escreveu no seu blogue”.

Como fico feliz quando um vizinho nos chama do muro do quintal para nos dar um magusto de castanhas já descascadas, desejando uma boa noite de S. Martinho.

Ser feliz é muito bom mesmo que seja só às vezes.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um adeus ao passado



Há filmes que são maiores do que a vida porque nos conseguem transmitir em pouco mais de hora e meia, aquilo que muito provavelmente levaria anos a explicar.

Se eu mandasse na nossa televisão, nesta noite, passados 20 anos da queda do muro, era este o filme que eu passava em todos os canais ao mesmo tempo.

São duas horas que valem por dias de documentários.

E foi tão bom revê-lo…

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

À Campeão!


Eu não sei o que é que o futuro nos reserva, mas acho...
que um Benfica destes só merece ser campeão.
GIGANTES!

domingo, 8 de novembro de 2009

Girls



É tão bom… quando a nossa nova banda favorita nos entra pela vida adentro sem pedir licença.

Os Girls são de São Francisco e editaram “Album” no passado 22 de Setembro.

Assombroso, o vídeo.

Assombrosa a poesia… que me assenta assim… quase como uma luva.


Hellhole Ratrace

I’m sick and tired of the way that I feel,
I’m sick of dreaming and it’s never for real,
I’m all alone with my deep thoughts,
I’m all alone with my heartache and my good intentions.

I work to eat and drink and sleep just to live,
feels like I’m never getting back what I give.
I’ve got a sad song in my sweet heart.
And all I really am is needing some love and attention.

And I don’t want to cry my whole life through,
I want to do some laughing too.
so come on, come on, come on, come on, laugh with me. and I don’t want to die without shaking up a thing or two,
Yeah, I want to do some dancing too.

So come on, come on, come on, come on, dance with me.
Sometimes You’ve just gotta make it for yourself.
Sometimes sugar, it just takes someone else.
Sometimes You’ve just gotta make it for yourself.
Sometimes baby, You just need someone else.
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Estou farto e cansado da forma como me sinto,
Estou farto de sonhar e nunca ser de verdade.
Estou sozinho com os meus pensamentos mais profundos,
Estou só com o coração partido e as minhas boas intenções.

Trabalho para comer e beber e durmo apenas para viver.
Sinto que nunca receberei de volta o que dei.
Tenho uma canção triste no meu coração doce.
E tudo aquilo que sou precisa de algum amor e atenção
E eu não quero chorar a minha vida toda,
Quero rir-me também.
Então vem, vem, vem, vem e ri comigo.

E não quero morrer sem abanar algumas coisas à volta,
Sim, eu quero dançar também.
Por isso vem, vem, vem, vem e dança comigo.
Às vezes tens de ser tu próprio a fazer por ti.
Outras vezes, necessitas de mais alguém.
Às vezes tens de ser tu próprio a fazer por ti.
Outras vezes, precisas de mais alguém.

Eu televejo


Há duas formas de percebermos o grau de degradação e desnorte a que chegou o nosso país: lendo jornais ou vendo os concursos que dominam o horário nobre dos canais nacionais.

E custa-me sinceramente que tenha gasto a noite da passada Sexta-Feira (que é o meu dia preferido, logo a seguir ao Sábado) a assistir (pelo canto do olho) num serão caseiro, ao novíssimo concurso das famílias da RTP1. Nele, duas tribos concorrentes, uma a atirar para o fino, a outra do mais “tuga” que pode haver, esgrimiram “argumentos” para saber qual tinha mais “talento” para as artes. As piquenas cantaram, os mais velhos dançaram… bem… um horror. Pergunto-me como é que ainda existem pessoas capazes de se expor a tamanha humilhação e logo de seguida, dou por mim embasbacado a pensar onde é que as direcções de programas têm a cabeça. Finalmente, penso ainda como é que há telespectadores (como eu) para gramarem aquela “estucha” com tanta coisa boa que há para fazer nesta vida.

O momento em que o pai da família do povão tenta reproduzir a cena de um filme do Vasco Santana é sério candidato a um dos mais infelizes da história da nossa televisão. Ver o homem aquele sem ritmo, sem voz, sem coordenação de movimentos, sem saber o que estava ali a fazer, com o suor a correr-lhe em bica e as mãos a tremer, olhos colados ao infinito como que a suplicar uma ajuda divina que o levasse dali depressa para outro sítio qualquer… foi coisa penosa.

E o Júri? Safa-se a belíssima Maria João Abreu (que bem que lhe fez o divórcio…) porque de resto… o grosseiro do Manuel Serrão, um panasca qualquer lá da RTP e o Pacman dos Da Weasel, valha-me Deus que me custou tanto de o ver ali, vendido e submisso, rendido aos euros e à popularidade. Realmente… estavas melhor a fumar berlaites no café de uma esquina qualquer da tua Almada.

A nossa televisão é uma cena deplorável.

E ontem parece que começou o Dança Comigo no gelo. No gelo?!?!? Ai eu… E o que virá depois? O Dança comigo na Margarina? Dança comigo na vaselina? Dança comigo no arame farpado? Dança comigo sobre as brasas? Dança comigo descascados? (Esse eu via! E se fosse com a Madame Furtado a apresentar… então… gravava todos e até me oferecia para ir bater palminhas lá para o público).

Está tudo louco!

Já agora, uma palavra para outro abominável, o “Ídolos” da SIC. De vez em quando lá os apanho, ou porque a pequena vê, ou porque passa de relance e eu… pasmo-me com a estupidez daquele Júri. Aproveitando-se dos sonhos e ambições dos pobres concorrentes que esperam horas em filas para tentarem a sua sorte, aquelas bestas do júri não se fazem rogados e divertem-se a derreter a mais ténue esperança de vir a ser artista da grande maioria. Insultam, enxovalham, gozam, diminuem, envergonham e é suposto que os espectadores achem piada.

Eu achava engraçado era se um dia, um maduro assim mais afoito lhes saltasse para cima e lhes fosse pró focinho. Isso sim tinha piada!

Seria interessante se alguém lhes explicasse que há formas mais educadas e simpáticas de dizer as coisas e que tanta arrogância não ajuda em nada.

Mas afinal, aqueles cabrões pensam que são quem?

Estava capaz de me inscrever para um casting só para lhes pagar na mesma moeda, para ver se gostavam…

Pois… já sei, mas isso era capaz de não ir para o ar, pelo que…

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Tertúlia na prensa!

(clica na imagem para veres melhor)
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Eu sei que a notícia já não é fresca e o que o jornalito já está amarelo de uma semana…

Mas não é todos os dias que se tem a honra de aparecer assim na imprensa cá da zona, a cores e tudo!

Tão bonitos…

Toct! (Um brinde em russo)

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Estas chegaram por mail e eu não resisti.

Pelo que parece, os homens poderosos do planeta têm os mesmos gostos dos comuns mortais.

Que o diga o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, que na última cimeira dos G8, meteu-se nos tintos ao almoço e ficou neste estado. Aposto que a nação russa ficou orgulhosa...

Valeu-lhe o anfitrião Berlusconi, cada vez mais de cera, que ajudou a não dar mais nas vistas.

Como se diz na minha terra: “Estás lindo, Ti Pedro!”.





PS: Um bem haja ao fornecedor habitual que me cedeu as imagens que eu agora já não me alembra quem foi. Manda sempre!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Homem da frente

António Sérgio faleceu ontem, aos 59 anos
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A sua voz quente e cavernosa encheu as noites da nossa juventude com sons alternativos vindos de todo o mundo.

No tempo em que os discos eram caros (demasiado para todos os que queríamos ter)…

Quando os canais temáticos de música eram uma miragem…

Quando a música em papel (sobre)vivia nos resistentes Blitz e Se7e…

Quando as cassetes, o vinil e o VHS eram os formatos da moda…

Quando a rádio era o único território aberto à diferença…

Quando a internet era ainda e só uma visão futurista…

Nesse então…

O António Sérgio foi o guru da nossa melomania.

Com um extremo bom gosto, uma atitude sempre generosa e de entrega total, uma paixão imensa pelo rock e pelos seus seguidores, Sérgio foi um farol para os desalinhados que bebiam a rebelião da sua cartilha.

Hoje, gerações de homens e mulheres que vivem apaixonados pela música (muitos graças a ele), que não sabem viver sem a busca incessante da nova banda sonora das suas vidas, prestam-lhe homenagem sentida.

O nosso lobo partiu cedo demais.

Despeço-me dele como tanta vez se despediu de mim e dos seus fieis ouvintes no éter:

“Vai em paz e que o som te acompanhe!”.

...



Eu subia as escadas para a rua de cima em silêncio e apanhei-a de surpresa quando varria as folhas secas que se acumularam junto à entrada da casa da frente, cansadas de tanto bailar ao sabor do vento de um Outono absurdamente quente.

“Estás boa, miga?”.

“Ai eu! Que me assustaste…”, disse-me enquanto levava a mão ao peito e sorria, de olhos fechados, como que troçando da sua própria admiração.

“Eu estou boa e tu?”, respondeu assim que retomou o ânimo.

“Eu?... … … estou bem. Vou andando…”, disse-lhe eu, não conseguindo disfarçar a pouca convicção.

Ficámos uns segundos assim, a olharmo-nos e a rir-nos um para o outro. Eu para enganar o que me ia na alma, ela… sem esconder alguma compaixão.

“Ai pá… a gente agora até te estranha…”.

“Eu sei e não me admiro…”, deixei escapar enquanto retomava o meu caminho.

“Até eu me estranho a mim próprio…”

(mas nesta altura já só as pedras da calçada me ouviam…).