sexta-feira, 19 de março de 2010

Allez le Benfica!


A noite no Vélodrome foi mágica e inesquecível.

O Benfica viveu mais uma jornada de glória europeia ao derrotar o poderoso Marselha e está cada vez mais próximo de tornar realidade o sonho que muitos achavam impossível.

Eu vi o jogo na Catedralzinha do Choca (leia-se Patelaria S. Marcos), acompanhado do meu amigo Miguel Barradas, no meio de mais Benfiquistas e de um ou outro lagarto, de língua afiada e figas nas mãos. No intervalo fui logo ali ao lado ao talho da Marina (que se fartou de rir quando me viu trajado a rigor, com camisola, cachecol e boina oficial) e comprei uns enchidos para o lanchinho e para tapar as fresquinhas (maravilhosas!).

Entretive-me por lá à conversa com ela e com o seu marido António, ambos espanhóis e interessados nestas coisas do futebol. Ela, ferrenha do seu Madrid, sabedora da minha devoção Benfiquista, perguntou-me a dada altura: “Y que te trae el fútbol y el Benfica a ti?”.

E eu respondi (quando ainda estávamos empatados, note-se): “A mim? (Suspiro) Ui… (Suspiro) O futebol e o Benfica enchem-me o coração. Fazem-me vibrar. Fazem-me sentir vivo. É uma paixão e acho que as paixões são mesmo assim… inexplicáveis de tão arrebatadoras”.

Quem é que me havia de dizer que nos restantes 45 minutos haveria de sentir tantas e tão boas emoções?

Este Benfica (que assim não era desde que o malvado do Artur Jorge, há quase década e meia atrás, numa missão encomendada pelo Pinto da Costa, liquidou um plantel inteiro), dizia eu que este Benfica faz qualquer um sentir-se rico mesmo que não tenha um cêntimo furado na algibeira.

Isto faz-me lembrar uma anedota que uma amiga minha de mais idade me contou há muitos anos atrás e eu achei demais…

Um rapaz da província foi a Lisboa tratar de vida e acabou por ter de ficar. Como não tinha onde pernoitar, lembrou-se de ir bater à porta de uma tia viúva de um irmão do seu pai que vivia no Arco Cego. Apresentou-se assim sem avisar e a senhora, que ficou muito contente com a visita inusitada, não foi capaz de lhe dizer que não o acolhia, apesar da casita ser pequena e ter apenas um quartito, o suficiente para um casal sem filhos. Que sim, que podia ficar mas, não havendo outra opção, teria de partilhar o leito com ela, sempre dentro do devido respeito, como é óbvio!

Por ali jantaram, fizeram serão, meteram a conversa em dia e quando a noite já ia longa, encaminharam-se para o humilde aposento. Ela emprestou-lhe um pijama do falecido e deu-lhe instruções para que se vestissem de costas voltadas um para o outro, para que não houvesse réstia de tentação que a carne é fraca. Mas a senhora, coitada, que já andava baldada há tanto ano, não resistiu a mirar de soslaio, pelo cantinho do olho, o corpo forte e espadaúdo do gaiatão seu sobrinho por afinidade, pensou então, que de sangue não lhe tinha nada. Subiram-lhe de imediato uns calores por aquele corpo todo a cima que a deixaram afrontada e pior que tudo, desejosa.

Por casualidade, que ele há coisas do diabo, o mancebo reparou que o espelho mesmo à sua frente lhe revelava as curvas tentadoras do corpo desnudo de sua tia, ainda bem roliço e parecendo bastante mais rijo do que seria suposto para aquela bem mulher de meia idade.

Depois de devidamente ataviados com indumentárias que lhes realçavam os atributos, ela apenas de camisinha de dormir de linho, ele com um pijama branco que lhe ficava colado ao corpo, ajoelharam-se para a oração da noite e foi assim, ardendo de rebarba, que quebraram o estabelecido.

O jovem não se aguentou e avançou destemido: “Santa Virgem Luzia, que eu não me aguento e vou fazer o mesmo que o meu tio fazia”.

Ao que a senhora respondeu em êxtase: “Ai santa Virgem sagrada… que coisa tão boa sem ser esperada!”… e nisto caíram nos braços um do outro, para uma noite de loucura!

Que coisa tão boa sem ser esperada… Isto digo eu também do meu Benfica, depois de tantos anos de sofrimento...
Que coisa tããão boa sem ser esperada.

Que venham o Braga, o Liverpool, os lagartos e o Porto!
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Ninguém pára este Benfica!

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