terça-feira, 13 de dezembro de 2011

De arrumos! (para quem esteve tanto tempo fora)



Difícil! O que é que é muito difícil? Tudo! O regresso, o retorno, a parte que nos toda é tudo menos fácil. Por mais que se tente explicar ou dizer, por mais que se faça, por mais compreensivos que sejam os interlocutores… esta é uma verdade inquestionável! É óbvio que tudo isto é possível porque Deus nos deu mais uma oportunidade, porque Deus foi benévolo e nos quis de volta (e nós ficamos a saber isso e bem) mas tendo quase tudo (e eu tenho a graça de ter praticamente tudo aquilo quero bem incluindo família, amigos, a minha vida de volta incluindo trabalho e casa), mas… ainda assim… falta a parte de leão e essa é para nós, fica a nosso cargo e se não formos nós a agarrarmo-nos a ela com unhas e dentes, ninguém mais o fará.


Perante tudo isto, perante o cansaço (físico) e o medo (latente, dos outros, do mundo…) que se apoderam de nós, o mais fácil é deixarmos que a “concha” se feche e deixarmo-nos ficar assim protegidos, alheados de tudo. Há que resistir e nunca a palavra resistência teve para mim tanta força ou quis dizer tanta coisa poderosa! Porque levantar-me e fazer tudo aquilo que me faz falta para eu me sentir bem? Porquê levantar-me? Porquê escolher uma de entre (que nos parecem tantas) roupas? Porquê fazer a barba com a canhota se com a direita já é tão difícil e complicado? Porquê este esforço e esta compreensão em tentar acompanhar o ritmo dos que vivem connosco mesmo que tenham a vivacidade de terem apenas 1 ano? Porquê tudo isto que dá tanto trabalho e nós nos esforçamos assim tanto para alcançar porque achamos que sim e porque merece a pena? Porque sim!

Quem é que percebe realmente que nós temos as pernas a fraquejar, bamboleantes de terem estado tanto tempo acamadas e em repouso quando estamos de pé? Será que se vê? Será que se nota quando tentamos andar ou somos apenas nós que o sentimos? Essas dúvidas todas, multiplicadas por mil assolam a cabeça em bombardeio constante perante uma situação destes.

E os outros? Compreender-nos-ão? Aceitarão o que lhes dizemos? Serão tolerantes? Se sim, até quando? Sempre?

Dúvidas, dúvidas, perguntas ininterruptas que não param de matraquilhar quem se sente assim, num regresso, rejuvenescendo, regressando à vida.

Às vezes, quem me conhece bem e gosta de mim pergunta-me se sei porque estou com um determinado ar… se estou pensativo… se estou a meditar… se estou cabisbaixo… o que é que me apoquenta? E eu sorrio apenas, tranquilizando-os, deixando-os calmos, dizendo-lhes que estou apenas a pensar, a usar a cabeça, que estou apenas a raciocinar apesar de ter o ar mais natural do mundo e de ter agora tanto, tanto, tanto em que pensar . Neste recentemente houve muitos médicos que me garantiram que a extraordinária reacção cerebral que eu tive neste acidente se deveu ao facto de ter usado muito o cérebro durante a vida, de o ter em permanente actividade, de ele ser muito utilizado e por ter sido assim… quando ele foi chamado soube dizer que estava presente e respondeu. Se tive sempre muita coisa e muito gosto em pensar, que dizer agora que eu tenho tanta coisa, tanto assunto, tanta matéria que está mesmo à espera que eu me debruce sobre ela? É um manancial que até dá gosto de pensar nele sobretudo se me lembrar dos meses que passaram e da quantidade de coisas que há à espera de serem pensadas, no mundo e na minha e na minha vida pessoal. Tanto, tanto, tanto…

Ontem, depois de almoço nos sógrinhos (excelente, como sempre!), vim a casa com a minha patroa Cristina e como não sou (nem nunca fui!) cachopo para estar sentadinho no sofá a ver televisão, nem para estar a dormir a sesta, olhei para a estante de dvds das minhas pequenas e pensei: “aquilo tem de levar mão!”, tal era a desorganização de títulos que por ali andava! Dvds originais da Disney misturados com dvds menores, dvds da Pixar que eu muito prezo e estimo (os melhores! Tenho-os todos!) misturados com dvds de 3ª linha para público infantis, tudo misturado, tudo à molhada quando era eu que habitualmente me encarregava da catalogação de aquilo tudo. Havia secções para tudo, espaço para as colecções estarem arrumadas, sítio para os encontrar em segundos, tudo no seu sítio como eu habitualmente fazia. Não havia dvd que eu não encontrasse logo de imediato. Como eu gostava de passar para elas e de lhes ensinar a terem os seus dvds como os pai tem os dele: organizados, perfeitamente arrumados como ainda continuam os meus! Mas aquela era a colecção que os pais foram comprando para 2 criancinhas, desarrumadas (de lugar!) como só ela sabem ser e é difícil explicar a duas bebés de quase 2 e 10 anos como é importante ter tudo no sítio, sobretudo quando se trata de coisas tão fundamentais como o cinema de que são donas e têm em casa! Ideia pensada, nada mais havia se não meter mão à obra, sobretudo depois de ter estado quase 5 meses fora de casa quando nem eu nem elas esperavam! Tentar eu bem tentei e se me esforcei e de que maneira tentando refazer as colunas por estúdio que produziu, colunas por importância. Não valeu de nada e acabou literalmente por ficar tudo como estava porque a meio das arrumações… fui pensando naquilo e percebi que se estavam assim era porque elas achavam que até podem estar fora do lugar mas se estão aparentemente arrumados para quem chega, estão bem! Desde que estejam limpos, arrumados na prateleira de forma ordeira, desde que devidamente protegidos e estimados, para elas estão perfeitos que é a forma correcta de elas as terem e os estimarem.

Eu… mais uma vez, tive que me render à evidência e dar o braço a torcer a esta verdade insofismável da vida como me tenho dado a muitas ultimamente: quando se tem 2 crianças bebés em casa, a arrumação sequencial das coisas sejam elas dvds, brinquedos, vestidos, bonecas ou o que quer que seja… são ela que definem! De pouco vale que para nós adultos esteja fora de sítio desde que esteja lá, no lugar! Que mais dá se está na fila errada, mais para cima se ela não compreendem e se para elas está bem? Lição aprendida para este “obcecado” com arrumações à sua maneira quando o que tem de aprender é a estar como os outros, a estar bem com a visão diferente da coisas quando elas faz sentido!

Como outra: eu estava habituado a nunca deixar as crónicas ao meio! Nunca descansada enquanto não as terminava. Esta... que começou a ser escrita ontem de tarde antes de ter tido a felicidade de ir cantar os parabéns ao clube da minha terra na sua sede (Parabéns GDA!) e que felicidade por ter podido estar ali presente, era para ter ficado pronta ontem. Mas meteu-se a noite, as minhas criancinhas quiseram a minha atenção e o meu lugar era junto delas porque para quem lê… que mais dá isso desde a ideia esteja lá e consiga tudo o que quer?

A vida… é uma grande e constante lição em permanente mutação que nunca pára de nos surpreender!

Aprendamos pois que o saber nunca é demais e é coisa que continua a não ocupar lugar! Ainda bem!

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Quando a vida nos prega rasteiras, como aquela que lhe aconteceu a si, há pormenores, hábitos e opções que deixam de fazer tanto sentido. O mais importante é viver intensamente os afectos, é estar presente quando as suas filhas o querem simplesmente ao lado delas, é acalmar os corações daqueles que gostam de si e se preocupam com a sua saúde, para mim o mais importante, quando aqui venho, é ver que teve força e ânimo para escrever, pode ter demorado uma hora ou um dia para escrever, mas o que fica para nós são as suas palavras, é sabermos que se esforçou para partilhar connosco aquilo que lhe vai na alma e é por isso que continuo a vir aqui todos os dias, para constatar que ao seu ritmo vai retomando as rédeas da sua vida. É que para susto já bastou

Continuação das melhoras.

Um abraço

Helena disse...

Muito feliz fico ao visitar o teu blog Pedro, ainda bem que tudo está a correr pelo melhor.