domingo, 24 de março de 2013

Twilight zone: O regresso de José Sócrates à RTP




Tenho lido e visto muito sobre o regresso de Sócrates à RTP. E já falta pouco, menos de um mês. É um assunto que me fascina, me espanta e assombra. É uma questão que acho passível de múltiplas leituras.


De todos os que me merecem respeito e vejo com atenção, foi aos Homens da Luta, do programa Sábado à Luta da SIC que gravo sempre e nunca perco que ouvi a melhor frase sobre o regresso. O grande Jel e o seu irmão Falâncio disseram que o regresso de Sócrates ao comentário político à RTP era tão disparatado como meter o Carlos Cruz a apresentar a Rua Sésamo. Muito bom. Nota máxima para isto. Humor um pouco negro mas do mais fino recorte. Há coisas que não se fazem. Pensar já é mal. Fazer é pior.


Com isto disseram tudo.


É muito cedo. A ferida ainda está muito aberta. Eu, ao contrário dos que assinam petições, vou fazer aquilo que não deveria fazer: vou ver e seguir com atenção.


O Sócrates é como o Relvas. Um fiasco. Ou mais: é pior. É mais refinado. É um pantomineiro de primeira. Tem classe no que faz. O Relvas é brutinho e ponto. Este não. É elaborado. Uma coisa é um indivíduo dizer que não sabe nada. Outra é um indivíduo não saber, dizer que sabe e sair-se bem ao dizê-lo.


Este engenheiro da treta só se meteu em trapalhadas. Não fez uma certa.


O Sócrates é uma cabra refinada.


Quero ver o que aí vem. E quem é que paga?


Este regresso é uma jogada muito positiva para o PSD. É tão rebuscada e tão elaborada que não pode ser do Relvas. Mesmo que ele quisesse, não chegava lá. É jogo demais para ele.


O homem andou a estudar filosofia em França. Imaginem bem. Filosofia! Um curso da tanga mas certamente com nível.


O único triste que não consegue compreender o absurdo de tudo isto é o António José Seguro,


Pudor, meus senhores. Pudor. Será que esta gentalha compreende o poder desta palavra?


 Pudor.


Tudo se resume a isto.


Eu sei que para quem não compreende isto é difícil perceber a complicação da coisa. Mas eu posso tentar explicar.


Aquilo que o bom do Sócrates vem fazer é tudo menos comentar política. Ele vem fazer política. Fazer política, mesmo! Recordar más lembranças aos portugueses, a bem do PSD. Recordar o seu ainda muito recente mau tempo, a bem do PSD. Colocar entraves à liderança do PS, a bem do PSD. É uma cartada de luxo do Passos Coelho que a joga sem sequer sonhar o jogo que tem.  Ou melhor, nem sequer a joga a carta. Esta cai-lhe no colo.


Quanto aos comentadores, eles têm que saber do assunto e estar distantes quanto baste. Exemplo: um jogador de futebol pode, depois de pendurar as botas, ir fazer o papel de comentador. Já lá esteve, sabe como é e fala sobre isso. Compreende-se. É plausível. Isso é um comentário.


Sempre tive medo que isto pudesse vir a acontecer. Não desta forma, tão rápida e óbvia. Temia que o homem se enchesse de coragem e viesse de aqui a uns anos, candidatar-se à presidência da república. Sempre esperei que caso isso acontecesse, o povo português soubesse dar uma resposta cabal e metê-lo no seu lugar.


Veremos agora se sabe estar ao nível.


O problema não é ele só. Nem é o culpado de todo o mal que nos aconteceu. Nem é todo o culpado da situação em que nos encontramos agora.


O problema é que ele pode ser a mola que pode reabilitar e ressuscitar todo um exército de militantes da sua “guarda” privada.


Sempre que os via nas notícias, estremecia apenas de rever o seu semblante. Agora que o mestre está de volta. Quem é que segura a maldição? (É que o Seguro nem sequer a vê).


 Quem é que consegue prever onde tudo isto irá parar?

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