quarta-feira, 15 de maio de 2013

Depois do fim. Renascer. Outra vez.




Tenho de vos reconhecer que apesar das minhas quarenta primaveras, ainda há coisas que não consegui aprender na vida. Há coisas para as quais eu sou burro. Mesmo burro! Uma delas é que não poderei dizer nunca. Não é seguro dizer que desta água não beberei.

Isso aconteceu quando quis matar o blogue.

Voltou a acontecer no último texto que publiquei quando disse que nunca mais sofreria pelo Benfica. Que a partir da última derrota seria apenas simpatizante. Mentiroso. Falso. Charlatão. Louco a enganar-se a si próprio. Meu Deus… estava tão louco que até disse bem do Pinto da Costa, esse malvado. Estava louco e senil mas tudo se explica porque estava mesmo muito sofrido. Aquela derrota por 2-1 marcada por um golo nos descontos finais, doeu demais. Foi a derrota mais dura em toda a minha vida. Estava muito magoado. Estava destroçado.

Naquela noite não fui capaz de falar mais nada com ninguém. Nem opinar, nem comentar, nem sequer ouvir. O Jesus ficou de joelhos. Eu fiquei pior. Eu fiquei de rastos. Não me enfiei pela terra adentro porque não consegui mas bem tentei. Foi terrível. Mesmo muito terrível. Uma catástrofe pretinha de cabelo rapado e crista, a grande filha da puta da catástrofe! Uma desgraça como o pangaião do Roderick Miranda (que tem um nome tão foleiro como o jogador que é) que nem sequer foi capaz de esticar a merda da perna. Por mais anos que viva, nunca se há-de apagar da memória.

Mas… o Benfica é mais forte que eu! Não consigo deixar de gostar. Não consigo deixar de amar o Benfica! Sou como aqueles alcoólicos que estão muito certinhos, muito bem, muito regenerados mas assim que chegam a um balcão… pedem uma mini em vez de um sumo ou uma água. O amor explica-se. O amor percebe-se. O amor é racional. A paixão não. A paixão é loucura. Nós sabemos que pode não ser correcta. Nós sabemos que pode fazer mal. A gente sabe mas gosta e isso é bom. MMuuuuuuiiiiiito bom. 

O que vale é que há pessoas que me conhecem melhor que eu próprio. Como é o caso do meu irmão (pelo casamento) Bonito Dias ou o meu grande amigo Francisco Serôdio ou o meu grande amigo Pedro Silvério que comentaram o texto no facebook e minimizaram o meu sentir exacerbado. Conhecem-me melhor que eu próprio. Ontem já comentei o caso com o meu amigo e primo João Bengala quando fui buscar a minha Alice ao infantário: “ai primo, se ainda não leste vai ler que vais ver que a dor foi tanta…”

Agora que penso nisso nem consigo acreditar no que escrevi. Então não é que eu me meti para aqui a dizer que nunca mais vou sofrer pelo Benfica? Que estou curado? Meu Deus… Que tonto e inconsciente fui. Ontem ainda pensei: “tanta picuinhice e às tantas escrevo já na 5ª feira, se ganharmos a liga Europa...”

Na quinta-feira?!?!?!?!? Penso agora?!?!?!?!? Eu não sou capaz de aguentar tanto tempo! Eu escrevo é já hoje e agora!


Há pessoas que me conhecem melhor que eu a mim próprio que são boas. Há outras que me conhecem melhor que a mim próprio e que nisto do futebol são más como o velhaco do meu irmão Miguel que é velhaco como o diabo de tão lagarto que é. O meu irmão que haveria sempre de querer o meu bem e me amar como o estimo a ele, aproveitou logo a minha fraqueza e respondeu-me no facebook da seguinte forma:


Eu sei que é duro. Aliás, se o golo do Kelvin fosse ilegal tinha sido em tudo como este campeonato.  
http://www.youtube.com/watch?v=QBPYcZ57KkY


com a devida explicação .




Ora eu, Pedro Sobreiro sei que esta derrota lhe há-de estar atravessada toda a vida e reconheço que tem razão. Passados estes anos todos, tenho de lha dar se é que não lha dei logo naquela altura, coisa que eu duvido muito (dito assim baixinho e à voz pequenina. Pchiiuuu...)


Já que falamos nisso, na minha humilde opinião, os portistas são de dois tipos:

Portista do tipo 1 –raríssimo no sul do país, abaixo do rio Douro, ou seja Marrocos como lhe chama o bronco do Pinto da Costa que nos considera a todos os que vivemos a sul dessa linha do Douro como sendo de outro país. Este tipo 1 é daqueles que são do Futebol Clube do Porto desde sempre porque têm ali as suas origens ou família. Esses portistas merecem o meu respeito porque são autênticos. O Miguel Sousa Tavares que respeito e admiro muitíssimo é assim: nasceu no Porto, a 25 de Junho de 1952. O Rui Moreira, candidato independente à câmara do Porto que eu muito admiro e que nasceu no Porto quatro anos depois é outro. Mas há mais nomes de portistas que aprendi a admirar: o Fernando Gomes que foi presidente da câmara e fez frente ao facínora do papa do norte, o Jaime Pacheco que não é nascido no Porto mas é lá do norte e muitos mais nomes. Gosto. Admiro. Grau de respeito meu pelo tipo 1 de portista: muito elevado.  

Portista do tipo 2 - muito frequente aqui pelas nossas paragens e geral em quase todos os portistas que conheço: pessoas que são do Futebol Clube do Porto por interesse, porque o Porto vencia muitas vezes. É o tipo mais comum e o mais grave. Pessoas que são do Futebol Clube do Porto porque são vira-casacas. Eram do Benfica, do Sporting ou doutro qualquer e mudaram-se para o que ganhava mais. Adoro vê-los a gabarem-se. Todos os que conheço são deste tipo. Se houver algum que consiga provar que esteja enganado, que me diga e eu peço desculpa. Sem problemas. Saber pedir desculpa não é vergonha nenhuma. Agora já sabem a minha posição e porque é que eu vos trato assim: com alguma GRANDE INDIFERENÇA. Grau de veracidade: ZERO. Mudar por interesse não é coisa que me agrade nada. Uma coisa é ser-se de um clube porque ganha. Tudo certo aí. Outra é mudar-se para o que ganha. Não tem nível.

Pois eu, meus amigos, reconheço-vos que sou um benfiquista um pouco estranho: simpatizo imenso com o Sporting. Tem razão de ser. O meu pai era grande sportinguista, o meu irmão é sócio do Sporting de tão sportinguista que é, a minha madrinha é do Sporting, a minha tia paterna de quem sou muito próximo é do Sporting, os meus sobrinhos são do Sporting e é uma delícia ver o mais pequenito Afonso de apenas 1 ano a trautear e a dançar as músicas da Juve Leo que o maluco do meu irmão lhe canta, como vi há dias. A minha família era quase toda do Sporting mas numa família assim alguém tinha de ver a Luz, alguém tinha de estar certo e não ser a ovelha negra mas antes a ovelha vermelhinha, tão linda! Dinheiro que me quiseram dar… Tanto que eles me tentaram comprar para ser do Sporting. Quando nos deslocávamos à Covilhã visitar a minha família, onde todos eram do Sporting (primos, tios e tudo) era um verdadeiro massacre de influência leolina. Mas eu já era vermelho como o sangue. Já era do clube que era também o clube de muitos dos meus amigos de então. Já era do Benfica do magnífico Chalana, do Humberto Coelho, do Alves, do Pietra, do Carlos Manuel, do Shéu, do Toni, do Néné, meu Deus, do Néné! Sempre fui do Benfica!

Realmente, como me disseram no facebook em relação ao meu último texto, o Benfica é para mim uma paixão. As paixões não se apagam assim como eu quis no último texto. As paixões não são tão fortes como o amor que é puro e verdadeiro. O amor é cerebral. Eu sou da opinião que o amor é mais cerebral que emocional. A paixão é que é completamente do domínio emocional. As paixões são uma variante da loucura. As paixões são de um território onde a razão manda pouco. O fusível da paixão apaga o sensor da razão. Nós sabemos que está errado, nós sabemos que não está correto, sabemos que nos entregamos demais, que não é racional… mas é bom. È tãããão bom. E não é proibido. Se nos faz felizes e não magoa quem amamos, é bom.

Como diz o íman que tenho sempre no frigorífico: “Um homem troca de coração, muda de médico, troca de partido, muda de nome, troca de carro, muda de casa, mude de religião, troca de mulher, muda até de sexo… mas não troca nem muda de clube. Um homem e vive e morre BENFIQUISTA”. Mai nada! é mesmo assim que eu sou. Este íman é mesmo com’a mim!

Por isso, amanhã lá estarei no meu Grupo Desportivo Arenense, clube da minha terra, a torcer e a vibrar com o meu Benfica em tela gigante. Com a minha camisola do Benfica vestida. Com a camisola mais valiosa das várias que tenho do glorioso, com a que me foi oferecida pelos meus queridos amigos quando estava internado no hospital de Portalegre. Visto-a com mais orgulho que se me tivesse sido oferecida pelo próprio Eusébio.

Amanhã, pelas razões que aqui deixei da última vez, não peço a Deus que ganhe o Benfica. Amanhã peço aos donos do jogo, à sorte do jogo que ganhe o melhor e que esse melhor seja o Benfica. Oxalá vos escreva outra vez sobre isto!

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Boa sorte.

Um abraço

zira disse...

Digo o mesmo que a Helena: Boa sorte e aqui não há cá divergencias, é Portugal e o ser português.