terça-feira, 28 de maio de 2013

Então... mas onde é que fica ser grande? E o crescer?

(Com a amiga Eva no escorrega do infantário, há dias)


O carro ia cheio. Íamos no caminho para Portalegre, para almoçarmos a convite da madrinha Paula que nesse dia fazia anos. Sem mais, na boa, a minha Alice começou a fazer uma das birras já típicas que hão-de ficar conhecidas como as birras da sua chancela. Uma cena de antologia ao nível da que quando queria à força ser loira.

Sem nada o fazer prever e quando íamos todos bem na viagem, começa-me a chorar e a falar alto, do nada. Desta vez a bom som, sem mais, teimava… “eu quero crescer. Eu quero ser grande”.

Silêncio e admiração geral.

“Mas porque é que eu não sou grande? EU QUERO SER GRANDE! EU QUERO CRESCER. MAS QUANTO É QUE FALTA PARA EU SER GRANDE?!?!? EU QUERO CRESCER!!!! EU QUERO SER GRANDE!!!!”.

Eu, impávido, sereno, continuei a conduzir, a agir com a naturalidade que podia. As mães, a dela e a minha, desdobravam-se em justificações, em argumentos, em baldes de água para apagar o incêndio que ardia bravo e já queimava as redondezas. “Mas querida, tu já és grande e cresces todos os dias” avançava uma, “Não vês que as calças te vão ficando cada vez mais pequenas? É sinal que estás a crescer!” retorquia a outra, E ela, nada! Fechada em si. A resmungar já assim a atirar para o desespero e a olhar de soslaio para o vidro.

“Temos o baile armado!” pensei eu…“Não se vai calar tão cedo…”

Mas depois, vinda do nada, a solução instalou-se e a birra apagou-se de vez. Sozinha, sem argumentação contra. A crise morreu como nasceu: do nada. Ela esqueceu-se, ou então distraiu-se. Nunca a paisagem da serra meu pareceu tão bela. Nunca as curvas se revelaram tão desconcertantes.

Afinal foi como veio. Sem deixar rasto. Tanto barulho para nada.

O veto é o melhor bloqueio.


Mas para alguma coisa serviu e eu quis plastificar esta polaroid em palavras porque sei que a Alice vai gostar de se descobrir quando já não se recordar de nada disto. Vale por isso. Quanto mais não seja. E acreditem que é muito. 

2 comentários:

zira disse...

Temos que ver o grande lado positivo. A cabecinha dela funciona muito bem, com objectivos definidos. Nós é que não chegamos lá.

Helena Barreta disse...

A Alice questiona-se, o que é bom. Deve ter ficado satisfeita com as respostas que lhe deram, ou as curvas da Rampa de Portalegre amainaram as dúvidas e baralharam o espírito.

A sua menina está a crescer e muito.

Um abraço