segunda-feira, 22 de julho de 2013

Preparando a rentrée

A imagem lindíssima restaurada em Fátima. Saiu pela última vez na procissão. Daqui para a frente ficará resguardada e sairá a imagem mais pequena. Eu ajudei a carregar o pesadíssimo andor pela derradeira vez. Amparei-a, como ela me fez a mim. E continua sempre a fazer...


A minha Alice com a amiga Laura que conheceu nessa noite e vai ser da sua turma na escolinha.
Ele há coisas...

Hoje estive sozinho em casa com a Leonor, gozando o meu último dia de férias, com as outras duas pequenas já regressadas à labuta. Tive assim tempo para mim e para preparar a atualização do Pedro na Internet. Com cuidados. Leva tempo a preparar o vídeo das férias que quero. Demora dias. São mais de 1000 fotos a selecionar. Levarei em conta 3 opiniões muito importantes:

Opinião 1: a da Cristina, a mulher que me escolheu passar a sua vida inteira comigo. Viver juntos, ter filhos, partilhar tudo. Há dias disse-me: “Pedro, não sejas assim. Não publiques coisas que se podem virar contra ti ou contra nós.”
“Mas se deixo de ser infantil, mato a criança que há em mim e fico sério, sisudo e quadrado!”
“Não mates a criança que há em ti. Não deixes de ver o mundo com esses olhos que são o mais genuíno que há em ti. Não sejas é ingénuo que é bem diferente! Do outro lado, a inveja e o mal superam o amor e o respeito!”
Registei.

Opinião 2: a dos meus amigos João Escarameia e da sua companheira Cristina. Num passeio absolutamente fantástico que fizemos pelas caleiras da Escusa e pelo Prado, que irei divulgar aqui em breve, ensinaram-me uma expressão que entrou directamente para o top das preferidas da minha vida. A ver se consigo reproduzi-la: “Opáááá deixaaaaaaaa…”. Tentando a tradução, significa que a vida é curta demais para que nos apoquentemos com coisas que não valem a pena. Coisas que não merecem a ralação, a chatice. Esta expressão fez com que deixasse de fazer sentido publicar 80% das coisas que tinha previstas. Eram remexer no lixo, dar ao blogue uma importância que ele não tem.

Opinião 3: a da revista do Expresso esta semana que faz mesmo a minha opinião. Sempre, desde há anos!



Com esta decisão e com a ajuda que estou a ter, sinto que estou cada vez mais eu, mais Pedro. Mais sensato. Mais calmo. Antes do acidente (e não é estar sempre a desculpar-me com a mesma coisa) eu era assim: egoísta. Ou 8 ou 80. Rasgava a direito. Se fosse preciso, levava tudo à frente. Depois recuperei e queria agarrar tudo como uma força como se cada dia fosse o último. Primeiro fechei o blogue. Depois reabri-o via facebook e depois já queria cá publicar tudo, como as pessoas que critico porque vivem no facebook. O blogue não é isso! É um apêndice da minha vida e não posso deixar que seja mais que isso.

Voltando ao acidente, foi um acontecimento gravíssimo da minha vida. Da nossa vida, como me ensinou no sábado na piscina, a minha amiga Maria. As repercussões dessa pedrada no charco reflectiram-se em todos os que me amam. Sobremaneira em mim e nas mulheres que vivem comigo e me amam. Num país católico, tenho a sorte de viver num harém. Logo 3 mulheres!

Foram umas férias de sonho. Uma semana de sonho. Não era possível ser melhor. Por vezes difícil, com fricções e ainda bem que assim foi. Se tivesse tudo corrido bem e calmo é que era de estranhar. Fechar na mesma casa, pequena, pessoas com idades tão díspares (3, 11, 37 e 40) e interesses tão diferentes não é fácil. Ainda por cima com um gajo que há-de estar toda a vida a recuperar de um traumatismo craniano difuso grave. Nem sequer foi traumatismo num sítio específico. Apanhou a cremalheira toda! É preciso muito amor e muita compreensão. Uma coisa é viver numa vivenda ampla como é a minha em que só nos vermos todos juntados (como diz a minha Alice), de manhã e ao fim do dia. Outra é estar 24/24 horas num cubículo T2, 7 dias por semana. Passamos uns dias extra graças aos contactos imobiliários do Nuno Pires, um amigo que é um verdadeiro irmão. A gentileza há-de ficar por agradecer para toda a vida porque há favores que não se pagam. Mas as saudades de casa já apertavam muito e como a 16 de Julho era o dia da padroeira da minha aldeia, a minha mãe do céu, Nossa Senhora do Carmo, regressamos felizes e satisfeitos na véspera por podermos estar na Beirã nesse dia.

Os momentos altos foram todos passados com pessoas. A maior riqueza da vida. A família e a família dos amigos, os parentes que nós escolhemos. A maior vitória pessoal foi ter conseguido outra vez correr na maior pista natural do mundo: o areal da praia da Rocha. Bem cedo, quase madrugada quando ainda todos dormiam e só as gaivotas pisavam a areia. O cheiro do mar… O barulho das ondas… O sr. Manuel que foi salva-vidas durante 25 anos, garantiu-me que pela distância que tinha percorrido nessa manhã, em 40 minutos sem parar, devo ter feito entre 4 quilómetros e meio e cinco quilómetros. Claro que liguei logo à minha amiga Rita, a minha fisioterapeuta no hospital que sempre me disse que o objetivo dela era voltar-me a pôr a correr. Eu que antes do acidente fazia 21 quilómetros com muito esforço mas conseguia em menos de 2 horas, fiquei sem conseguir sequer andar depois do coma e do acidente, vai fazer agora 2 anos, no dia 29 de Julho. Voltei a tentar correr já em Santo António e não conseguia fazer mais que 200 metros. Desta vez consegui e fiquei com os músculos desfeitos, como se tivesse feito 2 ou 3 ultra maratonas seguidas. Dias depois voltei a tentar, com mais método mas como adoro a liberdade de correr, corri muito perto de 1 hora. Se Deus quiser, vou voltar a conseguir. Não com a obsessão que tinha, mas como forma de ser saudável. A pouco e pouco, com força de vontade e querer, Deus vai-me dando de volta a natação, a bicicleta e a corrida.Com fé, nada é impossível. Foi num dia desses que tive a graça de conhecer a querida Laidinha Magalhães, uma simpatia que há anos me vende as bolas de Berlim e que quando soube da aventura da minha vida me ofereceu uma! Soube-me a céu!

Quanto ao vídeo das férias, vamos ver se consigo, no Movie Maker e no Photohop em era profissional pré-crash, fazer um vídeo que os meus (família e amigos) se orgulhem de ver. Sempre levando em conta as opiniões anteriores que começam este texto e desejando aos maus aquilo que desejei num dos posts passado. Beijinhos a todos, do vosso tio Sabi.

1 comentário:

zira disse...

Tem que ser pouco a pouco. Não me refiro só ao aspeto fisico,mas a tudo os que te querem te aconselham.Familia e amigos. O passado, passou agora há outras músicas para "ouvir".Com calma a vida tem um novo sabor...com pormenores.