terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A banda sonora das nossas vidas

Hoje de tarde vinha com ela de Castelo de Vide, da explicação de matemática. Ao que parece tem resultado. Foi uma das duas positivas da turma no último teste. Ouvimos esta música e cantou. Cantámos os dois. Também gosto muito. Acho que é uma excelente prova que os novos autores também escrevem muito bem em português.


Comentou e disse-me que achava muito estranho como as músicas passam de moda, como o que se ouvia há 6 meses já parece antiquado.

Expliquei-lhe a importância das playlists, de como a indústria musical e as editoras manobram os artistas, as rádios e as audiências. Expliquei-lhe que sempre foi assim e sempre assim há-de ser. Disse-lhe que se ela gosta realmente de música, como eu, pode aproveitar estas variações e estas tenências para ir construindo a banda sonora da sua vida.

Expliquei-lhe que eu, assim que ouço um tema, mesmo que não goste dele, consigo imediatamente situar em que período da minha vida me encontrava quando o costumava ouvir, com maior ou menor prazer. Para mim, é essa a grande magia da música. Há os que se adoram, os que passam ao lado e aqueles dos quais não se gosta mesmo nada.

Nisto tocam os Wham com isto que ela disse que gostava muito. Que era do meu tempo e ela gostava.


Eu disse-lhe que este era um caso paradigmático. Sempre detestei os Wham! Sempre achei que eram um grupo de pretensos rapazes bonitos que as raparigas adoravam mas que nunca tinham trazido nada de novo e bom à música. Apesar disso. Apesar desse mau começo, aprendi a ouvir e a gostar e a às vezes adorar o trabalho de George Michael a solo. Revelou-se um vocalista tremendo, com um bom gosto extremo capaz de coisas fantásticas como estas:



Um performer com uma carreira e um percurso em tudo idêntico ao do Robbie Williams, outro dos meus eleitos. Achava-o mais um, o irrequieto dos execráveis Take That. A solo teve uma entrada menos boa mas acabou por se revelar um artista assombroso, com um bom gosto imensurável e uma grande voz que o tornaram no Artista com A grande, no Performer com P grande dos nossos tempos. 



Disse-lhe que a música é sempre assim: supreendente. Está sempre ali, à nossa espreita, na rádio, na tv ou na net.

Palpito que com isto, no futuro, quando ouvir os azeitonas a cantar "o tonto de ti"... é capaz de se lembrar desta conversa.

Faço realmente votos (e sonho) que quando for já quarentona e eu setentão, a cantemos os dois, com os filhos dela e os meus netos a fazerem o coro por trás, com a mãe e a mana e a família da mana a acompanharem.

1 comentário:

zira disse...

lembra de certeza. Está-lhe nos genes.É sensivel e de coração aberto.