quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O nevão de Marvão













































Em 40 anos de vida nunca tinha visto um nevão assim tão grande em Marvão.

Eu sei que agora ando sempre a escrever sobre a minha idade, a falar na idade mas isto é próprio da própria idade. Estou a ficar velho e caquético, o que é que vocês querem?

Mais um chato para aturar. Tenham lá paciência. Olhem, quem não gosta que meta a carne para o lado e coma só as batatinhas, vá. E o esparregado também que é muito bom, saudável e gosto tanto dele. Feito pela minha patroa, pela minha princesa-mor, pela minha mulher, a partir de couves do campo que ela coze e miga e tempera com muito azeite e vinagre… hummmm… que delícia.

Hoje de manhã estava tudo fechado em Marvão. Tudo. Tudo de porta fechada. Câmara fechada. Conservatória fechada. Tudo vá!

Para verem como são as coisas e quem trabalha de verdade, quem trabalha para o país ir para a frente, para o país sair da crise, saibam que as finanças de Marvão trabalharam. O Serviço de Finanças de Marvão esteve hoje aberto. Logo a partir das 9 horas.

Se o meu dono Vítor Gaspar tivesse facebook, mesmo agora lhe mandava uma mensagem para ele poder fazer like. De certeza que ele fazia.

O meu colega e chefe adjunto, o João Correia ligou-me logo para o telemóvel a dizer para ter cuidado com a estrada até chegar ao emprego porque ele já lá estava, de porta aberta. Tinha lá chegado! Com muito custo mas tinha deixado o carro no parque de estacionamento junto à Santa Casa da Misericórdia e já lá estava. Quando me telefonou já tinha feito trabalho para o público que mesmo assim lá foi pagar uns antigos selos como as pessoas lhe chamavam, do imposto único de circulação.

Claro que fui trabalhar, com todo o gosto. Com todo o orgulho por ter o meu trabalho, o meu lugar que tanto, tanto, tanto estudo me requereu para conquistar. Conquistei no concurso que foi o maior concurso aberto ao público de que há memória na história do nosso país. Creio que mais de 80 mil a concorrerem para o lugar de técnico das finanças. E eu, vejam bem como são estas coisas da memória, fiquei classificado no país em 2 mil e 53 entre mais de 80 mil candidatos, nunca mais me esqueço do número da posição.

Esta classificação numa prova de cultura geral que abarcava todos os domínios: português, matemática, geografia, lógica, cultura mesmo e outros que já não me recordo. Só faltou mesmo foi fazerem perguntas sobre mecânica e trabalhos oficinais. ;)

E assim lá vim eu hoje sob a neve, feliz e dando graças a Deus por ter o meu emprego nestes tempos tão difíceis para os portugueses. Tempos que me agoniam tanto de cada vez que vejo as notícias sobre esta situação ou leio jornais.

Mas não falemos de coisas tristes. Falemos antes de coisas únicas e lindíssimas: Marvão.

Marvão é muito, muito bonito. Todo nevado é ainda mais lindo. Imagens lindas de morrer. Claro que me fartei de tirar fotografias com meu telemóvel Samsung de 40 euros comprado nos saldos da internet da tmn.

Pois o meu novo telemóvel, carregado com o cartão de memória micro sd é uma bomba. Cartão de memória que comprei na loja do chinês em Portalegre por barato, barato, barato, como eles dizem (7 euros, realmente não é muito caro para a possibilidade que tem) e tem uma capacidade de não sei quantos gigabites que dá para captar 900 e tal imagens.

Assim tirei, não tantas mas muitas para ficar para sempre com um Marvão lindo como eu nunca vi.

Coloco aqui algumas para vocês verem que eu não sou mentiroso. Nunca fui e não gosto deles. Para verem como é verdade e concordarem, laikarem (fazerem like no meu linguajar facebook), não laikarem ou fazerem como vos apetece.

Eu meto e prontos! Muitos beijinhos. Frios, nevados… mas beijinhos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Óscar 2013 (a noite do tio Óscar)




Ontem foi noite dos Óscares e eu, apesar de grande amante da 7ª arte, ainda nunca na minha vida fiquei acordado para assistir à cerimónia de entrega. É tardíssima, a altas horas da madrugada e enooooorme. Dura tanto, tanto, tanto tempo… que o que é bom perde a graça toda. Tem tantas categorias secundárias, tantas categorias técnicas para ver… Tantos números só para entreter… E depois os intervalos, os loooongos intervalos…


É muito preferível assistir ao resumo de hoje na TVI para ver apenas os melhores momentos.


Em 2013 cumpro 40 anos. (Já? Tantos? Eina pá, estou velho…). Muita coisa mudou nestes últimos anos em relação ao cinema. O cinema enquanto indústria quase acabou no nosso país São cada vez menos as salas com muitas a encerrarem deixando os funcionários no desemprego. E isto porque as pessoas preferem assistir comodamente aos filmes em casa. É certo que o ecrã é mais pequeno mas o resto, é tudo mais confortável. Mais barato e fiável.


Hoje estive todo o santo dia sem saber quais os filmes que tinham ganho os prémios. Nem ouvi o nome dos vencedores na rádio, nem nas notícias à hora de almoço. Nada. Já estão fora da grelha noticiosa. Só apanhei aqui na internet. Como mudam as coisas.


No meu caso e uma vez que tenho em casa o Meo Videoclube ativo (do prodigioso sistema Meo que revolucionou o conceito de televisão e media), tenho a possibilidade de poder assistir já em casa ao filme vencedor da noite, o “Argo” do Ben Affleck, o melhor filme do ano para a academia.


Isto para mim, quando era criança era impossível de imaginar. Poderia ser que acontecesse num futuro muito distante, muito muito distante quando fosse já muito velhinho, já estivesse no jardim dos pés juntos ou a fazer tijolo (tradução do linguajar do autor: no cemitério ou morto) mas se me dissessem que iria acontecer ainda durante a minha vida, nunca acreditaria.


Eu, ainda bem pequeno, fui acompanhado pelos meus pais e tias para assistir à estreia de “E.T., o extraterrestre” ao cinema a Valência de Alcântara porque era a sala mais próxima disponível. Sei, por isso, dar valor aos dias que hoje vivemos


Dou muito valor ao cinema. Para mim. É a arte. A arte dos meus tempos. Contar histórias por imagens. Já a arte para a minha mãe e muitas das suas amigas é ler. A paixão pelos livros.


Ela e algumas amigas têm todas juntas um clube de leitura ao qual acho imensa piada. Trocam entre elas os livros que acabaram de ler ou comprar. Têm listas de empréstimos para saber onde os livros andam e tudo! Ela, a Ana do Infantário (mulher do meu grande amigo José Manuel Baltazar), a Dona Brízida Miranda (mãe do meu querido amigo Jaime Miranda) e mais algumas senhoras. É uma boa estratégia!: os livros andam sempre a rodar de umas para as outras para rentabilizar o produto. Fico descansado porque estando com pessoas que estão intimamente ligadas aos meus amigos, pelo menos não andam em tabernas na má vida e a beberem.


Por realizadores, sou um apaixonado pelo Quentin Tarantino (todos!, mesmo todos!), Tim Burton (todos!, mesmo todos!), pelo Stanley Kubrik (todos à exceção do “2001: Odisseia no espaço”) por algum David Lynch (mais pelo “Wild at Heart), por algum Martin Scorcese (“Raging Bull”, “Godfellas”)  e algum Spielberg que tem a capacidade de contar histórias como ninguém (o inevitável “E.T”., o “A.I. Inteligência Artificial”).


Nos atores deliro com tudo do Johnny Depp, do Al Pacino e do vencedor Daniel Day Lewis, atores que parecem fazer tudo bem e são incapazes de atuar mal. Vestem de tal forma a personagem que parece que mudam tudo.


Não sigo muito as indicações dos Óscares. Acho que há por ali muita americanada mas há filmes que foram estrelas na noite de ontem (ao terem sido nomeados) que vou querer seguir mesmo: “A vida de Pi” do Ang Lee  que ganhou o Óscar de melhor realizador e me foi aconselhado pelo meu grande amigo João Aleixo que viu e adorou; o inevitável “Lincon” e o “Argo” que está aqui à mão de semear, em casa, no videoclube do Meo. Mesmo sem pipocas, acho que merece uma espreitadela.


Olhem, assim comássim (como costumo dizer brincando com aquela expressão popular que utilizam aqueles que nada têm para dizer e pode também ser um desbloqueador de conversa como utiliza o Nuno Markl no seu programa radiofónico da Rádio Comercial “O homem que mordeu o cão”):


“Bons Filmes para todos”!

(nr: crónica em bi-edição: aqui e no meu blogue para a posteridade). 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

As Canções da Maria de Vasconcelos




Sou fã do dvd da Maria de Vasconcelos. Sou ultra-fã da Maria de Vasconcelos. E porquê?, perguntam vocês. Para já, sou fã por mim. Depois sou fã pelas minhas filhas, pelo que elas adoram o dvd da Maria de Vasconcelos. Calma! Passo a explicar:


A Maria de Vasconcelos é autora e compositora das letras e músicas do dvd/cd “As Canções da Maria”. E o que tem esse dvd de tão fantástico?, perguntam vocês. Tudo!, respondo eu. As letras e as músicas são todas primorosas. São do melhor porque ensinam a brincar. Nem imaginam o prazer e a alegria que sinto quando ouço as minhas filhas no banco de trás do carro a cantarolarem as canções todas, como aconteceu hoje de manhã quando fui á farmácia a Castelo de Vide aviar-me de um antibiótico para matar o vírus que por aí anda e me provocou uma terrível dor de garganta e me deixou afónico e sem paciência. Depois de tomada a maravilhosa bomba já me sinto melhor. Agora já vos posso escrever isto. Dizer-vos que a minha Leonor sabe as letras todas na ponta da língua. A pequena Alice, sabendo pouco, já vai terminando alguns versos e refrões.


O “As canções da Maria” foi comprado por mim e pela minha mulher na Worten para oferecer à minha Alice no terceiro aniversário. Quem realmente lho deu foi a minha afilhada, também chamada Maria, que fez questão de lho pagar e entregar. É justo. Fazia todo o sentido. Assim o fizemos.


É uma edição especial que traz o disco de áudio para usar no leitor de cd, por exemplo, do carro, e o dvd para ver, estudar e aprender na televisão de casa ou no computador. A obra vale muito mais do que custa e esse valor pecuniário ronda os 10 e os 15 euros, já não me recordo bem. Barato. Tá barato porque não há dinheiro que pague tanta sabedoria e tanta maestria da autora na escrita das músicas e na composição das mesmas. São 15 músicas que ensinam conceitos básicos da vida em sociedade (1-A esquerda e a direita- lateralidade; 11- Boas maneiras-não custa nada!; 12- 12 meses a rodar), língua portuguesa (4-Os ditongos a cantar), matemática (2-Os números a contar; 5-Contar pelos dedos, 10-Os dedos a diminuir), biologia (6-Era uma vez um coração; 9-A canção do Chichi), português (8-Nomes colectivos; 13-É assim!Prontos! Portanto!), geografia e astrofísica (3-O sistema solar-planetas) e mais dois extras: o 14-Cuqui Marracuchi que na descrição tem (canção para descontrair quando se está farto de estudar e que também serve para desentorpecer a língua) e é fabuloso e o belíssimo 15- Pó de estrelas (Natal).


Bom, eu adoro ouvir aquilo e gosto tanto, tanto que vou mandar aqui pelo facebook para a Maria poder ver o que eu escrevi dela (não sei se poderei aspirar a tanto…) mas se ela lesse iria ficar muito satisfeita e moralizada para continuar o trabalho. Quem ler isto e lhe for próximo, que faça o favor a este descarado de lhe mostrar o texto. Eu “conheço” a Maria de Vasconcelos de outra encarnação, quando ela fazia parte da equipa das manhãs da Antena 3 que partilhava com o Pedro Ribeiro que hoje é o patrão da Rádio Comercial que ouço sempre em casa e na vida e o Nuno Markl que também adoro. A rádio Comercial patrocina o disco. O Nuno Markl desenhou as ilustrações do disco e as animações do dvd. Fantástico. Esta rapariga transforma tudo o que toca em amizade e ouro. Brilhante! Hoje que é noite dos Óscares, para mim, ela merecia um óscar, um grammy, até um prémio Nobel pela inteligência!que nem sei se há isso? Haverá? Sou fã dela! Todas as músicas são de uma riqueza tal que dava para escrever um texto meu sobre cada uma delas. Vejam-me bem o manancial  que têm…


Façam-me um favor. Façam-vos um favor: Se tiverem filhos, netos, primos ou amigos que gostam de aprender: (eu, depois de ver, não me importava nada de receber este presente!) comprem este dvd. Vai valer a pena! Garanto! Atribuo-lhe o selo de garantia Tio Sabi. Se ela quiser, podem colar lá o meu autocolante em edições futuras. (Sonhar, por ridículo que seja, é de borla e não custa nada). J

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Prachtvoll (nota do editor: glorioso em alemão)




As saudades que eu já tinha de escrever sobre futebol. Tantas… Não é que eu seja grande entendido na matéria (que isto fique bem claro!). Não percebo tanto de futebol como o meu sogro, como o meu cunhado Bonito que até treina as velhas guardas do Arenense, ou como o meu grande amigo João Bugalhão, o Mourinho dos Outeiros. Mas gosto de ver. È um espetáculo agradável (espetáculo já escrevo sem o “c” como era antes do acordo ortográfico porque me parece bem assim o fazer. Não tinha graça nenhuma em ser espectáculo. Isso era como escrever Farmácia dantes com PH, Pharmácia. Português antigo).


Bom, tudo isto para dizer que não me posso meter a discutir com entendidos na matéria, a discutir posicionamentos e táticas. Às vezes ouço-os a discutir e parece que nem vimos o mesmo jogo. Eu não os consigo “ler” assim.


Mas, o de ontem ainda foi mais agradável. Ganhar aos alemães não é para qualquer um e com esta história da crise na Europa e com o que dependemos deles, ainda mais. O que eu posso dizer e reportar é que foi um bom jogo. O que interessa é que ganhámos e passámos à fase seguinte da Liga Europa. Eu também estou como o bom do Jorge Jesus e digo que o que interessa é ganhar o campeonato nacional que tanto Porto até mete nojo. E eu que não gosto nadinha daquele clube… Que raiva…. Mas bem, não falemos de zangas que o que interessa é a alegria e nós hoje, benfiquistas, temos muita.


Quem é que para mim esteve muito bem ontem? Para já, o resultado. Depois, os postes da Luz que defenderam dois remates. Depois, a equipa que fez uma exibição que teve momentos muito altos. O melhor foi o golo do Matic. (Esta é da minha cabeça, ah? Não foi ninguém que me ensinou que eu não sou expert mas também não sou parvo, Aqui vai…) Ter um trinco a marcar um golo após o centro de um avançado, diz tudo.


O centro é do Lima, uma grande, grande, grande aquisição que fez o nosso Benfica e não o deixou fugir para os bandidos do Porto que nos roubaram, por exemplo, o Falcão. (Bem a história também não joga a nosso favor nisto porque nós também roubámos o Eusébio no aeroporto quando ele vinha para o Sporting, mas isso agora não interessa nada. Avancemos.)


Quem esteve muito bem também foi o Ola John e o que eu adoro aquele pretinho. Tão lindo. Tão bom jogador. Até já o chamaram para a seleção holandesa. E que grande golo. Que grande, grande golo. Até eu que estou mal e doente da garganta me fartei de gritar. Rouco mas gritei. Não se percebeu nada mas que se lixe. O que valeu foi a alegria e até a minha Alice do alto dos seus 3 anos deu saltos no sofá com as mãos no ar. “Benfica! Benfica!” gritou ela, coitadinha, a minha santa. Depois o Artur também esteve muito bem com duas defesas gigantescas que negaram 2 golos limpinhos. Iam lá, por isso… Depois os novos valores do Benfica também deram um ar da sua graça e provaram que vão dar cartas também na seleção de todos.


E foi assim, um belo serão em família no quentinho à lareira, com a televisão principal a debitar o clássico e permanente canal infantil Jim Jam do Meo e eu a ver a SIC no computador. Modernices… Mas isso é outra conversa. Sobre isso da nova televisão falarei aqui nos próximos tempos. Me aguardem…. 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Medo



Lamentável. Absolutamente lamentável é como qualifico o tratamento que os estudantes no ISCTE deram ao ministro dos assuntos parlamentares, Miguel Relvas. Lamentável e dá-me pena. Pena de viver num país assim como o nosso. Civilizado mas à beira da barbárie. Que estudantes do ensino superior tenham este tipo de atitude é de envergonhar qualquer um. Nem deixaram o homem falar e participar no debate para o qual se deslocou lá. Um debate sobre o jornalismo e a liberdade de imprensa. Os alunos provaram que não têm a mínima disponibilidade para qualquer tipo de conversa sobre a liberdade porque esta rapaziada é a tirania dos novos tempos. Os novos tiranos. Os ditadores da democracia. Sem qualquer tipo de respeito ou boa educação, escorraçaram de lá o homem que se não tivesse sido escoltado pela polícia, teria sido por lá linchado. Estes trogloditas são capazes disto e muito mais. Bárbaros, é o que eles são.
Depois metem-se a cantar o “Grândola, vila morena” em alta voz. Pobre do Zeca Afonso que deve estar a dar voltas na tumba. Quando ele cantava esta canção que simboliza para nós a liberdade, cantava que “o povo é quem mais ordena” num momento do nosso país, numa fase da nossa história em que quem mandava não era o povo mas uns tiranos fascistas. Fazia sentido cantar que “em cada esquina um amigo, em cada rosto, igualdade” porque o sentimento geral era o de revolta: como aconteceu a 25 de Abril e garante hoje a liberdade. Se ele imaginasse que a liberdade a mais iria resultar no nascimento de novos tiranos, no nascimento destes novos tiranos, haveria de se arrepender e meter a viola no saco. Que pena…
Pois explico eu aqui a estes meninos e meninas que não nos ouvem que este governo foi escolhido pela maioria. Bem ou mal, isso agora não interessa para o caso nem está aqui em questão nesta discussão. O governo é constituído pelos partidos políticos mais votados nas urnas pelos portugueses. Se agora queriam outros, azar! Têm de esperar. O que o Relvas deveria ter dito com ar duro em vez de se ter juntado ao coro (porque ele também, pobre, nem as pensa…) era que o governo foi eleito democraticamente e só se irá embora no fim do mandato. Coisa que estes futuros senhores doutores parecem não perceber. Estes futuros senhores que hoje são burros e quando uma pessoa é burra, muito dificilmente deixará de o ser.  Só com muito esforço e muito trabalho que eu não lhes reconheço. Andar na rua a semear ódio e a instigar o pânico é fácil. Queimar caixotes de lixo e carros é fácil. Armar banzé é fácil. Andar à sorna é fácil. Dizer mal dos pais que os sustentam é fácil. Dizer mal do governo é muito, muito fácil. Dizer mal da Troika é muito fácil. Mas é essa Troika composta pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional que garante o financiamento deste país, ou seja, nós, que se não fossem eles iria por água abaixo porque o país gasta mais do que produz. Come mais do que planta.
E eu pergunto-me: que raio de gente é esta? Que gente do futuro é esta? Quem nos irá seguir? Se é gente deste calibre…
Medo. Muito medo. O pensar que as minhas filhas vão ter no futuro gente desta como patrões. Dá-me medo. Eu já tinha em mim a ideia de que o futuro delas vai ter que ser longe daqui. Não vão ter a bênção de trabalhar como o pai e a mãe no concelho em que nasceram. Vão ter que sair lá para o estrangeiro. Eu já ia acalentando essa ideia dentro de mim. Para que depois não me custasse tanto estar longe delas. Vendo isto… Apercebendo-me destes episódios na televisão… não só vou acalentado a ideia para mim, como vou mesmo começar a falar com elas para se irem habituando à ideia.
Medo. Medo do futuro.
Medo. Eles gritam liberdade.
Eu penso, medo.
Medo…   

Sobre o renascer



As minhas perspectivas neste regresso à vida nem sempre foram fáceis. Nascer não é fácil. Ter consciência que se nasce, quando já se é grande, torna ainda tudo mais complicado. Houve momentos em que tudo vacila. Momentos em que as hesitações são muitas. Como o momento que tive de abater o meu blogue com a tristeza de um caçador que dá um tiro ao seu cãozinho favorito de caça que está doente. Dor. Mas graças a Deus tudo se recompõe e o homem, ou melhor o menino, ou seja eu, vai-se recompondo e ganhando de novo a força e a confiança necessária para levar avante os seus projetos tal e qual o Rocky 4 naquele filme em que sobe as escadarias muito grandes e dá um grito de vitória no fim. Assim estou eu, como o Rocky IV, só que de óculos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

(re)nascer

 Se Deus me deu uma nova oportunidade para viver, também eu tenho de saber dar uma nova oportunidade a tudo aquilo que a merece. Voltar a viver não tem sido fácil. Tem sido muito bom mas nada fácil. Muito bom. As coisas não surgem naturalmente mas vão ganhando forma à medida que avançam como quando observamos um pintor e vemos como um quadro ganha forma à medida que os esboços, os riscos e rabiscos se fundem para criar algo grandioso, maior que as partes. Eu não ligava ao facebook mas foi através dele que reganhei o prazer da escrita. Foi graças a ele que reaprendi o prazer de desenhar com palavras. O facebook é muito poderoso mas falível e manipulável. Não permite que tenhamos o espaço para nós. É muito bom para divulgar mas não para dar a nossa opinião, o nosso ponto de vista que é facilmente engolido pela voragem mediática dos facebookeiros. Decidi assim reabilitar o meu blogue, o meu cantinho renascido via facebook. Renascido mas com algumas alterações, a saber:
Já não vou ter aquela ideia de fazer sempre um texto muito grande, uma ideia que me veio desde o tempo em que o blogue nasceu de outro blogue que eu tinha, “o Desabafos de Marvão”, onde colocava os textos que escrevia para dizer na Rádio Portalegre. Mas esses ainda lá estão. Ainda agora fui lá e os encontrei, aqui em http://desabafomarvao.blogspot.pt/. No blogue fica. No facebook passa.
Também já não tenho a preocupação de meter sempre uma imagem para ilustrar o que digo. Posso não a meter. Como fotógrafo sempre fui fraquinho, sofrível. Como na escrita me desenrasco menos mal, é só por aí que vou. Só à escrita.
 Vou ao que quero e sou curto e directo. Também não vou ser bruto. Vou tentar é não “mascar pastilha”. Neste novo mundo das redes sociais, e no nosso mundo em gral, o tempo é precioso e eu necessito dele para a minha família, para a minha mulher, para as minhas filhas, para os meus amigos, para a minha família, para mim, para viver. Não se pode viver no facebook. Só no facebook. É uma boa ferramenta mas tem de ser bem utilizada. Não nos pode comer.
Vou continuar a escrever no português que eu aprendi na escola. Eu quero lá saber do acordo ortográfico e se nós temos de aprender com os países aos quais ensinámos a língua. Escrevo como aprendi em pequeno e se estiver mal, que se lixe. O Miguel Sousa Tavares que eu adoro e pelo qual tenho uma enorme consideração (é directo e diz sempre as verdades) também escreve pela ortografia antiga. Se ele pode e logo no “Expresso”, porque é que eu não? Ai vou escrever assim como o “intelectual” Sousa Tavares (como a filha Leonor lhe chama) vou!. Ai vou, vou. Olaré! Se me vierem entrevistar na rua num daqueles questionários do “Bom Português” da RTP 1 em que o pessoal falha todo e se acerta nem sabe que está a acertar, fujo logo. Ou então começo a armar uma grande confusão e a fazer uma balbúrdia. Chamo os “Homens da Luta”, o grande Jel e o Falâncio e viro aquilo ao contrário!
Já me parece mal alterar o nome do blogue mas a verdade é que está menos certo. “Vendo o mundo” está bem porque é disso que se trata e é assim que vai continuar a ser. “de binóculos” já é um pouco demais. Dos óculos já não me livro porque as dioptrias são muitas. Na maior parte do tempo ando de lentes de contacto mas sem as lentes, nos olhos ou nos óculos, o que eu vejo é pouco ou nada. Difuso. “Vendo o nosso estranho mundo pela cabeça do Pedro Sobreiro” parece-me ser o mais indicado. Mas, como o nome do blogue já está instituído, o endereço criado, já está divulgado por todos os seguidores que gostavam e me falavam nele, vai ficar assim.
Os textos que já coloquei no facebook vão também ser aqui colocados no blogue assim que tiver vagar, para que todos os possam ler. Tenho falado com alguns habituais seguidores que não têm facebook e sei que vão ficar felizes por me poderem reler por aqui.
Eu sei quem são as pessoas que apadrinharam e acarinharam esta ideia. Eu sei quem são. Eles também sabem quem são. Foi neles que eu pensei ao tomar esta medida. Mas não vou nomear nenhum porque não sou capaz de me lembrar de todos e não queria magoar qualquer um. Sim, foram vocês. Sim, foste tu. Obrigado.
Um abraço e vamo-nos vendo, no facebook e por a ui. O método de publicação vai agora ser muito multimédia, muito à frente, em versão bipartida: no facebook primeiro e no blogue depois para quem ainda não aderiu ao facebook e para quem quer esgravatar no que passou.
Sei que esta notícia deve ser mal recebida por quem não gosta de mim. “Este gajo não se enxerga! (Devem pensar.) Tem 7 vidas como os gatos!”. O tio Sabi responde: “eu enxergar, enxergo-me mal de facto, porque sou pitosga. Quanto às 7 vidas estão errados. Também não tenho tantas. (Só ainda…) tive duas! Um Pedro que acabou e outro que (re)nasceu mas mais certo das suas limitações, dos seus compromissos e suas finitudes. Mais pragmático mas ainda mais consciente.
Quem não gosta de mim vai ter de ter paciência. Ainda não foi desta. Podem bem entreter-se com tanta coisa que há na internet, na televisão, nos jornais, dizer mal por dizer… enfim. Que se entretenham com o que quiserem mas que não se metam com quem não se mete com eles. Só busco a paz e a felicidade dos que amo e me amam.
Vou continuar a dizer o que penso e o que quero na vida. Apesar dos conselhos que me deram com amizade e prudência. Vou continuar a ser quem sou. Com a mesma espinha dorsal, a mesma ordem de valores, o mesmo prazer em escrever, em partilhar, em viver.
Assim sendo, siga para bingo!
À estrada, camaradas!