quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A unificação das Coreias



Assisti ao vídeo do fim do reencontro de famílias das duas coreias 60 anos depois, durante o almoço, enquanto via às notícias no telefone. O pivot da SIC Bento Rodrigues preparou os espetadores que “as imagens podem impressionar”. E impressionaram. Impressionaram e fizeram-me perguntar como é possível neste século XXI assistir e permitir-se tanta dor por… uma causa política.

A segunda guerra mundial é um marco naquela região muito influenciada pelo colonialismo da China e do Japão. Após este grande conflito global, a Coreia ficou um país dividido ao meio como se fosse uma laranja. No sul, sob influência americana, instituiu-se uma república de democracia capitalista multipartidária, ou seja, o lado comestível. O lado podre ficou no norte com um modelo rígido do sistema socialista, que de socialista não tem nada e tem sido gerido com mão de ferro pela dinastia dos Kim(s) (Il-Sung, Jong-Il, e agora o cara de anormal Jong-Un) que controla totalmente o país, faz dele uma das nações mais fechadas e perigosas do mundo, recheada de um manancial bélico impressionante que contrasta com um país onde falta quase tudo, dos bens à liberdade de expressão e pensamento.

Num mundo imaginado por mim, este tipo de cenas não seriam permitidas porque as Nações Unidas, o grupo dos países democráticos organizados interviria de pronto e não deixaria que tal acontecesse. Sempre que os direitos humanos fossem atropelados, esse grupo teria uma palavra, ou muitas palavras a dizer.

Agora, o Sul sorteou quem ia ao Norte reencontrar a família porque tinham de ser seleccionados e o Norte, como é habitual, escolheu quem queria. Mas o que aconteceu foi um milagre histórico de homens e mulheres, que viveram toda a sua vida com a mágoa de terem uma fronteira ideológica a separá-los de quem amavam,  poderem mitigar essa saudade num encontro especial. Efémero, curto que hoje acabou mas aconteceu.

Memórias que foram trocadas, lágrimas que foram partilhadas, histórias transmitidas. Emoções a correrem contra relógio. E uma saudade imensa que já se respirava antes de acontecer a separação.

O mundo é um sítio belo. Muito belo. São os homens, o animal cujo domínio da inteligência (?) o torna o mais perigoso de todos os que pisam o solo que o estraga.

Como seriam aquelas vidas se tivessem vivido em paz, unidos?










1 comentário:

Helena Barreta disse...

Optei por não ver a reportagem e ainda bem, estas fotografias dizem tudo.