Este
é um blogue bem disposto. É o blogue porque também assim sou. Como taberneiro
desta tasca virtual, faço questão que o baile seja conforme a moda. A vida
merece que nos riamos dela. Antes rir que chorar, de tão trágica, absurda e
dramática que é. Por isso brinco quase sempre. Quase sempre e com tudo porque
para o verdadeiro humorista não há limites. Até na doença tem de se fazer
piada. Porque torna tudo mais fácil.
Mas
hoje o que quero aqui partilhar é muito sério. Este é provavelmente um dos
posts mais sérios e pensados que surge aqui. A ideia para o fazer nasceu no outro sábado de manhã,
enquanto corria os 5 quilómetros que ligam a minha casa ao Valongo. A coisa foi
maturando, ganhando forma e força nos 7 ou 8 quilómetros que fiz a pé de
seguida.
O
que eu vos quero deixar aqui é: acreditem sempre nas vossas capacidades. A
esperança é mesmo a última coisa a morrer. Se há 1 ano, no início de 2013
quando ainda estava mergulhado num regresso titubeante à vida, me tivessem dito
que numa manhã de sol de 2014, iria correr da minha casa ao Valongo,
deixar-me-ia rir. Antes acreditaria mais que me sairia o euromilhões, mesmo sem
jogar, que isto.
Depois
do coma, tive de reaprender a andar. Como tive de reaprender a correr. Tantas vezes
que tentei voltar a correr naquela mesma estrada mas eu, que antes fazia meias
maratonas (21 km), parecia que tinha 2 pesos de toneladas agarrados aos pés e
mal me conseguia mexer. Nem 50 metros conseguia fazer, quanto mais. O ouvido
interno que gere o equilíbrio foi muito castigado no acidente e todas estas
dinâmicas foram muito afectadas. Cheguei a pensar (muitas vezes e com grande
angústia) que a bicicleta seria para vender e os ténis seriam deitados para o lixo.
Tentava correr, tentava arrastar-me mas… cada reta parecia uma maratona. Lutava
sofrendo. Reduzido à pequenez.
Mas
uma força que explica tudo, como o bing bang de que tanto se fala nestes dias,
soprou-me e empurrou-me. Fez-me voltar a sentir a glória da vitória num sábado
de manhã em que triunfei quando já não acreditava em mim.
Seja
qual for a dor, a doença, a pressão, o terror, o medo, acreditem sempre. O
melhor pode estar sempre ao virar da esquina. Despedidos dos médicos, perdidos
na dor, sozinhos no medo… agarrem-se sempre ao acreditar. Acreditem sempre…
quanto mais não seja em vós.
Para
além do que estava a ouvir nos headphones, dois temas não me largavam a cabeça.
Duas canções importantes da banda sonora da minha vida. Dois temas épicos de
duas fases diferentes mas que ajudaram a fazer-me a mesma pessoa. Os Silvas ensinavam que há uma luz que nunca se apaga (there´s a light that never goes out). Os Silvasaéreos avançando com a teoria que a luz no fundo do túnel, podes ser tu. (the light in the end of the tunnel may be you).
So meaningful.
So meaningful.
Acreditar.
1 comentário:
Que saudades tenho dessas paisagens.
Um abraço
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