segunda-feira, 20 de junho de 2016

A marcha é liiiiiiindaaaaaaaaa!

Foto: Emília Mena Machado
 E este post/reportagem/artigo, teria mesmo de começar por aqui. Já lá vai algum/muito tempo desde que as marchas aconteceram mas por condicionalismos diversos do escriba desta memória coletiva da nossa terra, só hoje me é permitido colocá-la nas rotativas, ou seja, dar-lhe vazão. Não como disto, não vivo disto, não vivo para isto e tenho andado por estes dias a amealhar contribuições diversas para conseguir pintar o quadro que se segue e quero realista daquilo que se passou. Porque foi tudo muito bonito e importante.

A marcha é liiiiiiiiiindaaaaaaaaaaaaaaaa!!! era o lema do “Grupo dos Outeiros” e era o nosso grito de alegria, companheirismo e união. O grupo dos Outeiros junta assim lado a lado, os habitantes do bairro dos Outeiros e os do bairro Manuel Pedro da Paz, os do já antigo e os do recente, para juntos fazerem a festa. A marcha é liiiiiiiiinda não foi só neste grupo de marchas mas em todos os que se uniram para fazerem esta festa tão bonita e tão autêntica. Linda a marcha do Grupo Carnavalesco, a da Casa do Povo de Santo António das Areias, da APPACDM, a da Santa Casa da Misericórdia de Marvão, a de todos. É assim, todos juntos, de mão dada, que fazemos a nossa terra viva, com força e alegria. E eu penso que muitos mais grupos de todos os pontos do concelho se podem e devem juntar, cada um aportando a esta terra o seu contributo em alegria e espírito comunitário ao padroeiro dela, Santo António.

Se é verdade que fui sempre do Carnaval, de aproveitar esta oportunidade única de estarmos vivos ao mesmo tempo e a celebrar essa condição; não é menos verdade que no ano passado, entrado nisto, um bocado a reboque do entusiasmo da minha companheira, me rendi completamente a esta manifestação popular que contou muito com o trabalho e o esforço de todos os participantes, sempre com o suporte presente da Junta de Freguesia, na pessoa do nosso incansável Silvestre Andrade.

Em 2015 foi assim:


O nosso grupo neste ano de 2016 apresentou uma notável melhoria em termos de apoio musical e de constituição, com mais participantes a juntarem-se ao grupo. Passamos a contar com o apoio especializado de um professor de música, o nosso Francisco, também autor da nova letra e adaptação da nova música; e com o nosso Bruno ocupado nas andanças de ser pai, contámos também com um segundo acordeão do João Luís Garção, que teve o apoio de clarinetes, outros sopros e batida a marcar passo. Se no ano passado foi a brincar, neste, a charanga ganhou corpo e já mete vista.

Fotos que se seguem: Pedro Sabi


Foto: Fernando Dias (Obrigado, xará!)



E rezou assim…

Vamos lá marchar, vamos lá cantar
Vamos todos ver as marchas desfilar

Estamos aqui, de alma e coração,
Santo António e seus bairros,
Ajudaram sem exceção,
Manuel da Paz e a grande união,
Aos Outeiros se juntaram,
Todos juntos por Marvão.

Ói, Ó ai vimos todos desfilar,
Ói, Ó ai todos juntos a dançar,
Vivam estas marchas feitas pelo povo,
Desde o mais velho, até ao mais novo.

Viva Santo António e os que cá estão
Vejam estas marchas, somos de Marvão.

Instrumental

 Vamos lá marchar, vamos lá cantar
Vamos todos ver as marchas desfilar

Estamos aqui, de alma e coração,
Estas marchas forma feitas,
Com muita dedicação,
Abençoadas esperamos que elas sejam,
Vimos até à igreja, para que todos as vejam.

Ói, Ó ai vimos todos desfilar,
Ói, Ó ai todos juntos a dançar,
Vivam estas marchas feitas pelo povo,
Desde o mais velho, até ao mais novo.

Viva Santo António e os que cá estão
Vejam estas marchas, somos de Marvão.

Vamos lá marchar, vamos lá cantar
Vamos todos ver as marchas desfilar

Os fatos, arranjos e adereços continuaram a ser confecionados pelas marchantes de cada grupo, tendo as do meu, se reunido diversas vezes na garagem da minha sogra, Maria Jacinta Lança, uma grande colaboradora do grupo dos Outeiros, sempre presente, até nos ensaios dos bombeiros sempre que havia faltas, para ajudar a enturmar a marcha. Ficou na sombra, tal foi a forma desinteressada com que ajudou a coisa. Não quis desfilar.

É certo que não havia um prémio para o melhor grupo (e nós realmente até pensamos que isso não seria o melhor para promover a união entre as pessoas e poderia ter leituras dúbias) mas ainda assim, não estando a concurso, nós quisemos dar a melhor limagem possível para o nosso bairro e fartámo-nos de ensaiar no quartel dos Bombeiros Voluntários de Marvão, que nos acolheram e deram guarita. Teremos feito uns 4 ou 5 ensaios, larguinhos e bem estudados, para que fossemos capazes de causar a melhor impressão aos presentes. Festa é festa e teria de ser… festa rija.

Fotos: Pedro Sabi






Nesse dia 12, aconteceu que uma variável extraordinária que esteve a nosso favor que foi… um tempo absolutamente fantástico com calor e muito sol que convidavam ao convívio na rua, e é realmente impressionante observar como as condições climatéricas condicionam a vida em comunidade. O que aconteceu foi um sucesso tremendo e a aposta no futuro tem de ser no sentido de aprimorar alguns detalhes para que fique ainda melhor mas está mais do que visto e assimilado por todos a festa das  marchas não a podemos deixar cair. As marchas do Santo António já são um marco da nossa vida em comunidade.

O desfile decorreu com muita normalidade e houve uma conversa prévia entre os grupos tendo então sido feita uma escala de marcha para que não existissem atropelos e tudo decorresse com fluência e normalidade.

Ainda hoje há pessoas que considero muito que me perguntam: “Pedro, então o artigo das marchas nunca mais sai?”
- Vai com calma. Tenho andado a trabalhar nele, depois do meu serviço que me requer muita atenção e desgasta imenso; depois de já ter as minhas filhas deitadas e de ter vagar para mim quando tudo já dorme, aí vai.

Creio que nunca é demais vincar que todos os comentários que possa aqui fazer não vão no sentido de criticar alguém. Porque não se pode aqui criticar seja quem for. Quem se pode criticar é quem nada faz, e mesmo esses, estão no seu direito. Desde que não chateiem, nem incomodem quem está…

Não irei pois criticar a junta que deu de si o melhor que podia, nem a UJA que se fartou de dar ao litro. Apenas irei dar pistas que me parecem que poderão ser proveitosas e penso que tenho uma folha de serviço que me permite fazer isso.

O que eu sugeri em conversa a quem comentava comigo foi que existiram diversas questões que poderiam ter sido dirimidas e isso deveria ter sido feito com uma forma de trabalhar que adotei como sendo a mais favorável quando fui vereador responsável pela cultura, educação e juventude no concelho: reunir de imediato após cada evento realizado com os braços direitos em cada um deles e apontar pontos negativos e possíveis melhorias, pontos positivos e reforço. 

A organização das marchas:
Penso que o critério de ser a Junta de Freguesia, na pessoa do seu presidente, a encabeçar os acontecimentos, é a melhor.
Cada grupo deverá eleger ou apontar um representante que seja o porta-voz nas reuniões das cúpulas. Evitam-se assim os ruídos que existiram em reuniões passadas porque onde há muitas mulheres (que nisto, os homens é só para compor), algumas não tão bem formadas, algumas não tão bem intencionadas… e as probabilidades de erro aumentam.

As marchas como cartaz de Marvão e na comunicação social
Patrocinar cartazes que seriam colocados na entrada do concelho e em pontos estratégicos, divulgar uma campanha massiva na Rádio Portalegre (a mais ouvida no Alentejo), no Jornal Alto Alentejo e Fonte Nova que depois viriam a cobrir o evento.

As marchas no terreno
Para mim seria fundamental encontrar-se a figura do coordenador, do maestro no solo. Alguém que tivesse um colete, voz de autoridade e mandasse quando deveria sair cada marcha, quando deveriam andar uns e aguardar os outros, alguém que pensasse na pessoas que visitam Santo António e aqui vem ver as marchas, tomar uma bebida ou uma refeição, fazer turismo, deixar dinheiro. Para isso seria também fundamental…

Para visualizar, clique na hiperligação:



Ver uma terra em alegria, as marchas até ao largo da igreja, pela minha amiga Emília Mena Machado








































Bem hajas, minha querida amiga. É uma recolha única. Que vai perdurar... 

Tempo
O tempo é fundamental. Ponto final. Caso as condições não estivessem tão favoráveis, como no ano passado, por exemplo, nada disto seria possível. E quem escreve sobre isto lembra-se bem de no ano passado se ter abrigado da chuva nas escadas dos prédios da avenida 25 de Abril, de ter ficado todo molhado e se ter enfiado na discoteca ao monte. Este facto é absolutamente decisivo. Vá lá, vá lá que neste ano, o meu congénere lá de cima nos ajudou.

Fotos: Manuel Dias (todas as que se seguem com a data assinalada)






Créditos das imagens com datas e deste vídeo: Manuel Dias

Trânsito
Para grandes males, grandes remédios. Os carros têm definitivamente de  sair da praça principal da aldeia neste eventos. Que passem a parar na área junto ao mercado municipal, nas ruas largas que lá vão ter, na zona do campo de futebol, ou nas ruas largas e quase sempre vazias junto à praça de touros e aos bombeiros. Se as pessoas não percebem por si, que seja a junta, a entidade responsável e que tutela os festejos, a fazê-lo.
Reparemos que não estamos em Lisboa, não temos de mudar de linhas de metro, de apanhar o barco para a outra margem ou o elétrico, por Deus. Basta apenas andar umas escassas dezenas/centenas de metros. Abandonemos o egoísmo provinciano e ajeitemo-nos.
Que sejam lançados uns folhetos explicativos e que isto se trone óbvio.
Regular o trânsito não basta apenas solicitar o apoio da GNR para não deixar circular durante a parada.


Música
A música ao vivo foi muito importante. Os Bate no Fole foram eficazes e persistentes. Mas souberam a pouco. Faziam ali falta, umas colunas a bombarem música pimba que  o que a malta gosta, para os entretantos e enquanto os artistas descansassem. Fazia ali falta ambiente de festa, permanente, em alto som.


O grande Marco da APPACDM a brilhar em todo o seu esplendor. O que eu sou fã dele...  

Comer
O episódio da comida correu muito mal. Para mim, foi o que correu pior. Pedi umas sardinhas assadas e estive 2 horas e meia, leram bem, 2 horas e meia à espera de comer as minhas. Mas comi-as. E souberam-me maravilhosamente bem. Tinha vontade delas, prontos. Estava assim com uma de grávida deserta de morangos só porque tinha acabado de fazer o crio há meia hora.
Ouvi pessoal da UJA queixar-se que só tinham tido conhecimento do número de comensais já mesmo em cima da hora.
Não importa aqui tentar escamotear a questão, mas foram cometidos diversos erros, na confeção/serviço dos comeres. A meu ver, a saber:

Na ordem:
- A primazia teria de ser dada, ou pelo menos teria de ser reservada uma área com mesas e cadeiras para os artistas, que receberam apoio, é certo, mas deram o corpo ao manifesto. Não se pode, de forma alguma, fazer um arenense que ajudou a animar a festa, sem ter recebido qualquer dinheiro, apenas uma senha para comer; ter de esperar tanto tempo por 6 sardinhas. Isto porque se manteve firme e sereno e não mandou tudo às urtigas como a sua família, com uma criança e duas adolescentes, que foi toda em bloco, comer ao Adro da Estrela. 

Na forma:
O ponto de venda, ponto de troca de senhas por comer da UJA, poderia ter muita força de vontade mas não apresentava qualquer tipo de organização. Ter uma pessoa agarrada a um grelhador, apenas um!!! a assar material para uma praça inteira; não ter uma zona clarificada a separar o pedir e o servir; não ter uma barreira de salvaguarda a proteger a área de confeção de forma a impedir que qualquer um que quisesse comer se dirigisse onde quisesse; não ter áreas de atuação definidas para quem servia… só poderia dar nisto, que foi uma grande e imensa desilusão.

Desilusão para quem esteve mais de hora e meia a cantar, a dar à canela e terminou a noite sentado, 2 horas e meia à espera sentado sozinho (e o que a gente pensa nestas alturas… isto tudo!) que lhe levassem as boas das sardinhas. Mas comeu-as.

Como é que isto se ultrapassa?
Voltamos à estaca zero. Reunindo. Sentando quem falasse pelos grupos, com quem  falasse pela terra, com quem tinha assumido a responsabilidade de servir. Tudo isto passa por saber com a antecedência de uma semana (pelo menos, para se poder comprar o material todo) quantas pessoas vão comer dos grupos (clarificadas e quantificadas nas reuniões) para as áreas poderem ser definidas.

Então mas há aqui pessoas de 1ª e de 2ª?
Há! Há aqueles sem os quais a festa não se fazia, e os outros que apenas vão comer. Toda a diferença do mundo, E aqui não há sectarismos. Qualquer um pode participar.

E se esses que vão desfilar quiserem comer com a família?
Sujeitam-se à área que foi considerada para cada grupo e, ou vão alternando entre si, partilhando o espaço, ou vão para a área que é aberta a todo o público e aí sujeitam-se.

Ouvi muitas críticas de parte a parte mas espero mesmo, muito, que haja bom senso e cordialidade.
No próximo sábado, estaremos na vila de Castelo de Vide, a colaborar nas marchas de São João. Tentaremos levar o nome e a imagem de Marvão o mais alto possível. Aproveito a deixa porque me têm chegado aos ouvidos que nos meandros e algum ou outro ponto da aldeia, têm sido ouvidas críticas ao grupo ao qual tenho a honra de pertencer. Críticas porque só nos convidaram a nós, ao Grupo dos Outeiros, porque saiu mais este nos jornais, porque somos da alta… e eu só tenho a dizer uma coisa a todas essas vidas: só me preocupo realmente com as opiniões de pessoas que considero.  E essas são pessoas que por um ou outro motivo, se têm cruzado ou me tenho cruzado com elas na vida e têm tido impacto em mim e vice-versa. A minha consciência, a minha ordem de valores que herdei dos meus pais, os ensinamentos que tenho aprendido durante a vida são a minha e única bússola orientadora.

Verdade, lealdade, humildade, amizade, vontade, preserverança, amor.

Vozes de burro…

Deus sabe que sou apenas um instrumento na sua mão. Não quero mais nada senão aquilo que mereço dele. Não me quero, nunca me quererei vangloriar, mas também não me posso esconder numa burca. Se a minha vontade e alegria de viver é ofensiva para alguns que querem o meu mal, peço desculpa. Eu só quero amar, quem me merece.

Esta festa foi uma festa linda que não sei bem se as fotografias que captei e os meus amigos Manuel Marques, Emília Mena e Vera Pombo, repórteres no terreno, conseguem transmitir tudo o que vivi, mas fui tão feliz. Senti-me tão bem, com toda a minha terra a viver em comunidade, dei tantas graças a Deus por não viver numa cidade qualquer cinzenta, dentro de um bloco, a sair de fumo para fumo, que tudo valeu a pena.




















Tenho de agradecer em 1º lugar a todos os elementos do meu grupo, todos eles com um grande abraço, a toda a senhora, menina e cavalheiro que me ajudaram a viver isto de forma tão feliz; em particular à minha mulher, a Fernanda Sobreiro que para mim há-de sempre ser a Cristina Lança que comecei a namorar, que me dá a graça de partilhar a vida comigo e as mais que tudo que criámos nela;
Quero agradecer também à Junta de Freguesia pela forma como apoiou este evento desde o início;

Agradeço ainda:

- a todos os outros grupos que ajudaram, com a sua vontade e querer, a fazer este momento único;

- Às pessoas que vieram ver, porque sem elas, nada disto faria sentido. De que vale um ator que faz um monólogo deslumbrante de ir ás lágrimas, para uma plateia deserta?

Faço votos sinceros e quero mesmo, que tudo para o ano se repita e seja ainda melhor e maior. Que todos os grupos venham e nos ajudem a ser ainda mais grandiosos.

BEM HAJAM


Esta festa, pode ser uma das festas grandes do cartaz cultural de Marvão. Sem muito dinheiro, com muito amor à camisola e dedicação. Oxalá!

1 comentário:

Manuel Pires da Encarnação Dias disse...

Parabéns Dr. Pedro pelo belissimo trabalho «REPORTAGEM» (a todos os títulos excepcional); fruto de muito trabalho e profissionalismo - de UM GRANDE HOMEM da Comunicação Social.
Foi bom que tivesse feito este «REGISTO», (o que pela minha parte agradeço), isto para perpetuar e constar dos anais da *HISTÓRIO* de todo um Povo que mostrou assim que ainda continuam vivos oa «usos e costumes» das gentees de Santo António das Areias.
A todos os grupos sem excepção, temos de agradecer todo o empenho e dedicação por terem levado por diante mais este evento, projectando assim bem alto o bom nome da nossa Aldeia.
De analtecer, e agradecer também, a todas as entidades que colaboraram, para que tal tivesse sido possivel.
Um BEM HAJA portanto a todos!...
Oxalá que tal se venha a repetir em anos futuros.