quarta-feira, 23 de março de 2016

Explosão no coração


O grande problema de que toda a gente não fala, enquanto falam de tudo o resto; e que é, no fundo, o grande e derradeiro assunto, é que esta é uma luta que temos perdida à partida.

Nenhum homem tem força suficiente para lutar contra quem vai contra os seus valores e não tem nada a perder.

Se a morte é a pior coisa que nos pode suceder a cada um de nós, por ser o fim de tudo, tal e qual como tudo conhecemos; para eles, essa mole imensa de exterminadores, assassinos; ela é o primeiro e único objetivo. Por ser o passaporte para onde eles querem partir.

Imagino o festim nas cavernas desse mundo inteiro a regozijarem-se com o estardalhaço que fazem nas nossas notícias e no nosso mundo.

A meu ver, a solução seria abafar o sucedido (sempre que fosse possível) e atacar em peso as suas bases, com a artilharia pesada em termos de última tecnologia disponível. Morreriam certamente muitos inocentes mas… seria o preço a pagar.

Hoje foi em Bruxelas, como poderia ser em qualquer outra parte do mundo civilizado. Amanhã será na nossa sala, em qualquer outro ajuntamento popular, seja num desafio de futebol ou num concerto.

Quando o medo se apodera de nós, a alegria de viver será reduzida ao ínfimo, até sermos apenas vegetais.


Há que (re)agir. 


terça-feira, 22 de março de 2016

85 anos de Cali


85 anos de Cali. Uma homenagem àquela que sempre considerei a minha grande Amiga, a que deu sempre tudo por mim, e em mim "encarnou" o filho que nunca teve. Não se explica. Sente-se. Sei que as minhas outras mulheres da minha vida (2× de propósito), Fernanda Sobreiro e Alzira Sobreiro me-o perdoam. Tantas vezes elas têm de domesticar o Pedro imaturo, sempre rebelde, teimoso e desalinhado. Tantas vezes... Muitas mais daquelas que eu queria. A Cali nunca me ralhou. Antes fechava os olhos, como fez hoje, e me abraçava.
Levou-me pela primeira vez ao Jardim Zoológico, de comboio, que não pagávamos por o meu avô Leopoldo se ter reformado com o cargo de inspector dos Caminhos de Ferro (ele que começou do zero, fez a carreira toda pelo seu pulso e cabecinha até lá a riba, servindo-me de grande exemplo de trabalho para a vida).
No incontornável comboio, foi-me levar à faculdade, com a ti Bia, quais tias do Vasco Santana, que foi aprender o que era o esternocleidomastroideu.
Já há uma série de anos que alimenta de vida o corpo cujo cérebro funciona, mas "morreu" há muito. Mais de 10 anos? ( que a Ti Bia a foi encobrindo, enquanto carregava acruz sozinha e "perdia" tardes a ensiná-la a reescrever e a ler.)
Vive na Santa Casa da Misericórdia de Marvão que lhe dá todo o Amor e compreensão que merece, por nós já não conseguirmos, presos pela vida absorvente que levamos.
Hoje que trabalhei até às 6h, liguei para pedir que me deixassem passar da hora para lhe dar um beijinho e um abraço. Deus quis que a apanhasse depois do jantar e pudesse ter estado a sós com ela, sentados na cama. Beijei-a tanto, afaguei-a e apertei-a tanto junto a mim, que acho que lhe passei o calor que queria.
Se tem dias em que parece que não me conhece, hoje falou comigo. Deu uma conversa longa e ininteligível com o ar de quem estava a fazer um grande discurso. Nos seus olhos, o último bastião da minha família Sobreiro, vi, em silêncio, a avózinha, a Ti Mirene, o meu pai e a Ti Bia. Naqueles olhos castanhos viveram em minutos, todos os mortos que amei desta família e são a minha génese.
Fui feliz.
Nasce a Primavera no dia em que nasceu a minha Cali, que há-de sempre viver em mim gravada nas duas andorinhas que tatuei no peito, em homenagem às centenas que faziam o ninho no telhado da sua casa da Beirã.
Assim, bem tratada, querida numa casa que é um autêntico hotel pelas excelentes condições que lhe proporciona, de conforto, atenção e companhia; que deram à irmã o descanso de partir em paz na segunda noite em que lá dormiram juntas, peço a Deus, 1 ano de cada vez, para que a possamos ir amar sempre que podemos. É raro o fim de semana em que não.
Quando saí e a beijei na testa com o calor que lá quero sempre sentir, uma companheira que não conhecia, muito mais jovem e consciente que ela, comentou com as colegas: "não há homem como este..."
Eu sorri. Oxalá ela também sinta assim. Que nunca a deixei a ela como nunca me deixou a mim.
Parabéns, minha querida Cali.


domingo, 20 de março de 2016

Ao colinho... (da estrelinha!)










Ao analisar o jogo perante à comunicação social, mister Vitória, disse: “O Benfica é isto: acreditar sempre… até ao último minuto. É assim que se fazem os campeões.” 

Nada mais bem dito.

Não foi um jogo feliz num campo muito adverso, solo inimigo, onde a lagartagem já tinha perdido 2 pontos. O Benfica jogou mal. Concretizou pouco(s lances), rematou pouco, foi pouco incisivo. Foi um jogo nada bonito de se ver. Antes de sofrer. Sálvio e Nélson Semedo, muito bem substituídos pelo decisivo Carcela e pelo voltou a nada fazer Talisca, que foram pedras a menos. Pizzi também deixou muito a desejar, ele que costuma ser decisivo e mobilizador da equipa. O mister voltou a saber ler o desafio (este Homem não é só pintas e chiclete! Sabe o que faz! Tem o curse. Ganha ou perca, tem o curse. Sabe ao que vai.) e foi decisivo nas alterações que fez.

No Estádio da Luz Local (leia-se Pastelaria Caldeira), já poucos acreditavam que o golo ainda poderia chegar. Eu já acreditava pouco. Em silêncio, pensava que teria que escrever que não tínhamos estado bem.

Mas a estrelinha de campeões surge assim, quando menos se espera.

O Zé Manuel Vaz acertou no prognóstico e até no minuto: 90 + 3! Espetacular!

Superámos mais uma das finais até ao sonho. E faltam  7.


BBEEEEEEEENNNNNNNFFIIIIIIIIIIIIIIIIIICCCCCCCCCCCCAAAAAAAAAAAAAAAA SSEEEEEEEEEEEEEMPRE!



É a Ele! A Deus!


sexta-feira, 18 de março de 2016

No topo do mundo - (Benfica entre as 8 melhores da Europa)





E prontos, portantos, a malta sorteou e está sorteado! Lá está então a gente a bailar com a mais feia.

Mas comecemos pelo princípio, que é como se devem começar estas coisas: os 8 melhores clubes da Europa e… o meu Benfica lá está todo lampeiro, a brilhar de um vermelho vivo e luzidio.

Estão os inevitáveis Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid; o Paris Saint Germain (que já sagrou tetracampeão francês nesta ano!), o Manchester Cit; o que corre por fora Wolfsburgo; o Bayern de Munique e… o meu Benfica. O Carnide, não é Miguel Sobreiro? Aquele que foi fundado numa farmácia, o que era protegido pelo Salazar que gamou o Eusébio ao Szuporten, o que é presidido pelo Kadaffi dos pneus?!?!

Ah pois é, bebé! É que este, da plebe, do povão, chega onde os clubes da nossa aristocracia, pela génese e pelos triunfos que têm obtido nos últimos anos, leia-se FêCêPê (está-se a acabar…) não chegam.

Para mim, um orgulho enorme. Um treinador recém chegado que ainda nem sequer aqueceu o banco, muitos miúdos da cantera, não tanto dinheiro assim como os colegas que o ladeiam, mas muita garra, muita atitude, muito querer.

O sorteio ditou-nos a sorte mais difícil, a daquele que é para mim, o maior dos maiores. Vencedor desta mesma liga por duas vezes na última década, na qual também ganhou a copa de clubes do mundo da FIFA, o Munique não tem igual. Faz um futebol que eu não aprecio particularmente (prefiro largamente o inglês ou o espanhol), é frio e tremendamente eficaz.

Ribéry, Lahm, Robben, Xavi Alonso, Lewandowsky, Muller, Neuer… é preciso mais?

Nó para ali já demos. Já conquistámos duas, mas foi nos idos anos 60, no tempo da outra senhora. Mas o mais importante é que estamos lá.

Não sou tão otimista quanto aqueles que abancam no estádio da Luz, não falham um treino e falaram há pouco nas notícias. Eu tenho consciência que o que se vai passar é um bocadinho como se eu, com o meu Sabimobile, “super-ultra-Twingo-Sex-Machine”, fosse para a reta dos Vales fazer uma corrida com um Ferrari F40, para ver quem é que chegava primeiro aos Barretos. Um jogo de futebol demora 90 minutos e nesse tempo, tem-se muito minuto para se provar quem é que é o melhor. E os gajos são de outra galáxia.

Agora, um jogo é um jogo, os artistas podem agigantar-se e superar-se, a outra equipa pode falhar e… tudo está em aberto. A segunda mão poderá ser muito influenciada pela primeira. Nunca se sabe. Só depois.

Mas por aquilo que já se viu, eu digo, reafirmo e vinco que o nosso presidente, grande presidente Luís Filipe Vieira, para mim o maior da história deste grandioso clube (pela simbiose entre os títulos, a BTV, o Seixal, a postura da instituição) deverá fazer um contrato com este homem Rui Vitória como aquele que o Fergusson tinha com o Manchester. 10 anos ou mais. E isto dito por mim que fui um fariseu daqueles que clamava pelo grande Marco Lagarteiro Silva quando se deu a barraca. Contudo ele, o bigodes, sabia por onde era o caminho. Nada está ainda ganho mas já se viu que é por ali.

Outros que gritavam aos ventos que tinham sido eles a fazerem a atual equipa do Benfica e que o Vitória, de bola, não sabia nada… devem estar bem dispostos… Só lhes desejo o melhor. À puta que os pariu, que Deus me perdoe.

Para terminar, eu digo que dá gosto ver este Benfica jogar. Longe vão aqueles tempos de sofrimento em que a bola não entrava nem por nada. Agora, toda a equipa se balança para a frente. Com a arte do magnífico Jonas Pistolas, o meu Tanganho letal Barba de Chibo, as rastas do imparável Sanchito, a fineza do latino Velásquez… a gente que vê sente que a bola mais minuto, menos minuto, vai entrar. E isso é muito bom.


Para este confronto de alta escala eu só peço calma, concentração, humildade, espírito de sacrifício, raça, querer… e que não sejamos vexados.

A ver se o meu colega /chefe Brito cumpre a promessa de me levar à Luz, nas meias. Ou será que era só à final?


De qualquer das formas… 

BBBBBEEEENNNNNFFFFIIIICCCCAAAAAA SSEEEEMMMMMPPRREEEE

quinta-feira, 17 de março de 2016

BRAGA!!!!! (Portugal!!!!)


ESPETACULAR JOGO DE FUTEBOL NUMA SUBLIME E INESQUECÍVEL VITÓRIA DO BRAGA FRENTE AOS OTOMANOS DO FENERBAHÇE POR 4 BOLAS A 1 NA PEDREIRA DOS TURCOS! (4-2 no final geral)
 wink emoticon
É uma vitória de todos os portugueses esta passagem do Braga aos quartos de final da Liga Europa!

Para a vosso Tio Sabi, é um orgulho enorme esta gigantesca vitória de um clube do meu país, Portugal.


Depois dos processos internos que passei nos últimos tempos, leia-se Cursilho de Cristandade, torço sempre pelos clubes portugueses quando defrontam equipas de outros países.

De verdade que agora torço sempre pelo Futebol Clube do Porto e pelo Sporting Clube de Portugal quando defrontam estranjas. 


E que enorme estreia tive nesta minha nova perspetiva! Vi colado ao televisor e vibrei como acho que nunca antes por um outro clube que não o meu Benfica.

Acreditem que estou tão feliz quanto a avózinha Amélia Morais!


A minha vénia ao, cada vez mais firme, de indesmentível qualidade e grande nível Paulo Fonseca; um beijinho muito grande para a minha querida amiga Sara Silvério que está na cidade dos arcebispos; e uma língua muito de fora para o Vítor Pereira. Pode ser finca pé e mau perder mas… não gosto de ti, cabrão. Quero-te mal! :P


Parabéns BRAGA!smile emoticA minha vénia ao, cada vez mais firme, de indesmentível qualidade e grande nível Paulo Fonseca; um beijinho muito grande para a minha querida amiga Sara Silvério que está na cidade dos arcebispos; e uma língua muito de fora para o Vítor Pereira. Pode ser finca pé e mau perder mas… não gosto de ti, cabrão. Quero-te mal! 
ngue emo

terça-feira, 15 de março de 2016

Tomba(dela) finais (4 golinhos chegam…)






Óstia!!!
Este Clube Desportivo de Tondela não é um lanterna vermelha qualquer. Roubou dois pontos ao Szborten em Alvalade quando o obrigou a um empate lá no covil do leão e obrigou o FêCêPê a uma vitória pela vantagem mínima, mesmo à rasquinha, quando caiu ao génio de Brahimi. Hoje, entrou na Luz de cabeça erguida, a disputar o jogo pelo jogo, de peito aberto e só não conseguiu mais porque o Benfica foi… implacável.

Jardel marcou muito cedo, quando pouco passava dos 10 minutos, numa cabeçada certeira, que deu a melhor resposta a um canto primoroso de Gaitán.

Se foi bonito, descansou as bancadas e as hostes, mas para mim, o momento alto do jogo estava ainda por acontecer. Poucos minutos depois, numa jogada deliciosa, com a bola a ser trocada por 7 ou 8 vezes ao primeiro toque (parecia renda de bilros!), certamente fruto de muito treino nos bastidores segundo orientações de mister Vitória (afinal parece que sabe de bola!), terminou da melhor maneira, com um remate certeiro de Jonas, para um golo lindíssimo.

O nosso manageiro teve de mexer mais na equipa e em boa altura tirou o escanzelado do Talisca que não acertava uma para a caixa e lançou Sálvio que, a pouco e pouco, vai recuperando a época fulgurante que tinha quando teve de encostar. Teve também de tirar Gaitán, que no ponto em que estamos (no campeonato e na championze), só preocupa, mas aproveitou para lançar o miúdo Gonçalo Guedes que de cada vez que entra, faz sempre desejar que talvez lá devesse ter estado mais tempo. Hoje sobremaneira.

Mas Jonas ainda teve de molhar outra vez a sopa e marcar o 28º golo, que lhe permite recuperar o lugar de líder à bota de ouro, melhor marcador europeu, alcançando e ultrapassando os dois líderes até à hora do jogo: uns tais de Cristiano Ronaldo e Higuaín. Nunca ouvi falar sobre.

Mas a festa ainda não estava terminada e antes do apito final, Mr. Barba de Chibo, aquela torre desconchavada e mal feitona, ainda aproveitou uma desatenção dos defesas do Tondela, e espetou uma fugida da madre que lo parió para rematar um tiro frio e certeiro para o 4-0.

Os menos? Que também houve menos:

1) O amarelo completamente escusado a Jardel por uma falta infantil que o vai impedir de defrontar os axedrezados. Não havia nexexidade…

2) O cartão ao rebelde do barba de chibo por ter tirado a camiseta após ao seu golo. Bem zangado estava o mister. E com razão.Palerma do gajo. Mas amalta é jovem e…

LINDO!

3) O tento de honra deles. Um passevit, aquela defesa.

E que dizer dos comentários da nossa televisão? O nosso técnico em altíssima nota, sobre as afirmações do parvo do inácio do Inácio (não é gralha. É mesmo assim…) sobre Júlio César, para ver se arranjava arraia. Vitória dixit: “Seguiremos sempre unidos, sempre juntos e assim continuaremos. O Benfica é uma equipa alegre, que contagia. A comunhão com os adeptos e a entreajuda entre ambas as forças é um dos segredos do nosso sucesso. Aqui continuaremos.”



E o Sabi diz que… faltam 8 finais para o que, para mim, era impensável e nunca sequer imaginado (com um treinador recém chegado nesta época e o cabaret mediático dos rivais.)

BBBBBBeeeeennnnnnfffffffiiiiicccaaaaaaaaaaaa sempre!!!!

Para fechar, uma última homenagem a um grande ator, que aprendi a admirar desde o João Gadunha da Vila Faia. Assim se vai mais um ícone que me habituei a ver boquiaberto desde sempre.
Quando os ícones se nos vão… o nosso fim fica também inexoravelmente mais próximo. Como ele dizia: “isto não dura para sempre e mais cedo ou mais tarde… acaba.”



Eu digo: aqui. Aqui em baixo, acaba. Acredito que algures, de regresso ao sítio de onde viemos, haverá mais.


Que descanse em paz.


segunda-feira, 14 de março de 2016

Marcelo, o primeiro (ou quando o comentador pega nas rédeas de uma "carroça" (em desgoverno?)





E já está quase a fazer uma semaninha que Marcelo se instalou no T0 de Belém.

Marcelo não é um português qualquer. Agora muito menos, que é o primeiro de todos, mas já há muitos anos que não é igual aos demais. Intelectualmente muito desenvolvido, arguto, conhecedor como muito poucos da realidade política nacional, é o homem certo no lugar certo.

Mesmo que não tivesse acreditado nele para desempenhar esta função, também seria o meu presidente, mas assim, falo com muito mais propriedade.

Comunicador nato, animal político, nunca antes desempenhou um cargo assim tão relevante para Portugal (antes se esgotou em presidente do Partido e candidato à Câmara de Lisboa), mas sabe do assunto e agora é hora de o provar.

Para mim, está ao nível de Mourinho no relvado. Sabe.

Portugal precisa de um homem hábil que saiba manobrar esta jangada de pedra num tempo tão complicado, em que manda não foi quem teve a maior votação, mas quem conseguiu juntar mais meninos e meninas da sua cor no recreio. Este é um tempo de pensar nas famílias tão fustigadas pela pesadíssima carga fiscal e não para avarias e hipocrisia. Marcelo já começou a dar um ar da sua graça.

Para já, rebentou e tudo marcou com este renascimento da presidência da república em que escancarou as portas, os portões e chamou a populaça. O cheiro a mofo da casa sempre fechada sobre si mesma do Aníbal, já desapareceu mais. Há-de desaparecer na íntegra. Com o tempo...

Destes primeiros dias, destaco também o apelo que fez para que o Porto e o Oceano, tenham um papel decisivo nos anos que se seguem; e no apelo na oração conjunta com as outras fés e religiões para que exista um diálogo consensual comum. O tio Cavaco agradecia à virgem de Fátima as aprovações de tranches da Troika e ponto. Algo está a mudar. E ainda bem.




O Presidente da minha República foi a pé da casa dos pais para a Assembleia no dia da tomada de posse. Pode parecer um pormenor de somenos à grande maioria mas para mim, é revelador de um a forma claríssima do homem que temos a chefiar os nossos órgãos de soberania.

Oxalá consiga tornar tudo tão claro na vida real como a política que esmiuçava com habilidade na TVI.

Nós todos esperamos isso dele. Mesmo quem não acreditou logo a princípio.

Católico (como eu); habituado a falar com o pai em qualquer lado (como eu), mesmo nos semáforos; grande benfiquista (como eu), tem tudo para dar certo. Oxalá.

As coisas vão estando bem entregues. Tudo vai estando composto: temos um grande Homem à frente do País, um grande homem à frente do Benfica, um grande homem à frente à frente da igreja. Só não temos uma grande figura assim dessa dimensão á frente do governo, mas que por enquanto ainda goza do benefício da dúvida.


De certezinha absoluta que não temos esse grande homem é à frente do concelho de Marvão. Há que tentar mudar essa faceta que está a destoar do quadro geral que elogio aqui. Ali, está um sujeito que ajudei a sentar no lugar (errei de boa fé, sem querer, sem saber o mal que estaria a fazer), mas que não descansarei enquanto não o consiga "desamontar" dos destinos da minha terra. Tenho trabalhado para isso, de acordo com as minhas possibilidades, com os meus outros colegas, pessoas de bem e sem interesse pessoal no Movimento cívico Marvão para Todos, onde o nosso único objetivo é ajudar Marvão e as suas gentes. 

A presidência da câmara de Marvão é uma função de grande honra que se desempenha, não um posto que se atinge (que no caso dele mais para o generalato). A câmara é um lugar de honra, de destaque, para o qual não reconheço que tenha o perfil adequado.

Há que mudar.

 Esperança.


Esq.- Dir.: Jorge Rosado, Adelaide Martins, Luís Barradas, João Bugalhão, Fernando Dias, Nuno Pires, José Manuel Baltazar, Teresa Simão, Susana Teixeira, Pedro Sobreiro, este vosso escriba.

Unidos, despidos, com o mesmo objetivo: meter Marvão no seu trilho de sucesso, ajudando as suas gentes a serem mais  felizes.

Esperança

quinta-feira, 10 de março de 2016

De novo na história / BRILHANTE / Afinal chega para tudo! :)


Que bem falas Rui. Que bem falas. É mesmo isso!


Einapá… eu ontem estava tão extasiado com a vitória demolidora do meu clube do coração que até me baralhei todo com as datas. Olha eu feito parvo hoje a perguntar aos meus coleguinhas das finanças, que estavam comigo em formação sobro o novo IRS: “Atão já sabem quem é que calhou ao Benfica na Champions?”

Silêncio sepulcral e alguma ou outra galhofa de solslaio.

“Então mas tu já queres meter o carro à frente dos bois? Ainda falta jogar hoje muita gente, pá!”

Passo a explicar: eu adoro o meu clube e futebol em geral mas acompanho pouco aquilo. Percebo pouco, vá! Maneiras que para mim, que ontem já não podia com uma gata pelo rabo de tanta adrenalina, (e olhem que com álcool zero, como já será para sempre! Se tivesse malhado umas fresquinhas… tinha sido tiro e queda mesmo antes mesmo de ligar o pc), já estávamos nos quartos de final e quécásabedisse quem eram os outros.

Sou mesmo um BORNAL!

Mesmo hoje, a esta hora, ainda não sei quem poderá ser. É o que há. Já são só 8 na Europa, n'est pas? E nós com tanta miudagem das escolas e um treinador que ainda anda a descobrir os cantos à casa. Olaré!

Mas dava agora uma ronda pelas primeiras páginas do dia e sempre vou mandar emoldurar isto que é lindo de se ver. O glorioso n’ A Bola a brilhar é normal. Se aquilo é o jornal oficial… Já no pasquim da Lagartagem, ficou bonito o nosso Nico a resplandecer de glória. E que dizer da primeira página encarnada d’ O JOGO? Essa vai ser para emoldurar. Toda a equipa em glória! O Gaitan a saltar por cima dos colegas, o Samaris doido de alegria, o rebenta-escorvas Velásquez que mandou um pontapé na crise… Muito bom.

Tão bom…


E viva o Benfica!

A cereja no cimo do bolo? O ganda boi do Villas Boas a dizer: eu quero cá saber quem é que calha ao Benfica. Eu sou do Porto.

Ao Benfica também ainda não sei quem vai calhar. Mas para ti... um grande balde da ...

Presunçoso. Arrivista. Maniento. Parvalhão. Não percebes que os portugueses ganham todos?

Ora vai-ta


Atingir o Zénite, ainda antes de jantar (Zénite 1 / SLB 2)




Foi um Sport Lisboa e Benfica categórico, ao nível do melhor dos tempos mais áureos, aquele que hoje conseguiu selar a (já não esperada) passagem aos quartos de final da Liga dos Campões (que aquilo já não é andamento pá gente).

Quem já teve oportunidade de viajar para aqueles lados da Europa, inóspitos, gelados, saberá certamente reconhecer que as condições atmosféricas são tão adversas que aquelas paragens parecem mais com sítios do outro lado da lua do que com pontos do nosso lado do globo. Ali o frio entra no corpo, nos ossos, ao ponto de quase nos adormecer a alma.

Foi nesta terra de ninguém que os nossos bravos tiveram hoje de ir provar que mereciam a magra vantagem por um golo conseguida nos minutos finais do jogo da Luz para passarem à fase seguinte.

O Benfica entrou com uma personalidade assombrosa, com estofo de campeão, e foi capaz de dominar o jogo em toda a largura do campo, apenas permitindo, por um ou outro deslize defensivo, que as redes do cada vez mais seguro Ederson fossem assustadas.

Geriu com segurança o desafio até que ao minuto 69, o inevitável Hulk tivesse podido aproveitar um cruzamento vindo de um lance iniciado com uma falta claríssima, aqui em qualquer outra parte do mundo, não apontada e absurdamente permitida sobre Nélson Semedo. Contra todas as regras, legitimidade e justiça, o infeliz árbitro nada apitou, e voltou a todos recordar, nada fazendo, o minúsculo que é o nosso Portugal perante esse urso gigante adormecido chamado Rússia.

Quando a eliminatória ficou empatada, com um golo em casa de cada lado, eu já antevia o pior.

Estava já sem esperança, ou com muito pouca, até que o recém entrado Jiménez, desferiu um pontapé daqueles memoráveis, que eu tinha desejado que fizesse minutos antes quando desabafei cá de dentro: “Ainda não fizeste nadinha para que me fizesses perceber o dinheiro que deram por ti.” Já me calou. Não foi ele, de primeira, foi o nosso Nico Gaitán que viu premiado o seu amor à camisola numa recarga oportuna que nos fez acredita outra vez nos quartos.

O jogo estava empatado e mister Vitória, Mister Vitória (Com M maiúsculo) lançou o já antes adorado mas agora caído em segundo plano Anderson Talisca, que 18 segundos depois dos extra-regulamentares, carimbou a passagem aos quartos de final da Championze com um golo que fez o 1-2 num remate pleno de intenção.


Sem centrais, sem guarde redes titular, inventou atores para as posições, não se intimidou, baralhou e voltou a dar. Todos muito bem mas soberbos Fejsa e o super central Samaris. Todos muito bem. Tudo está bem, quando acaba bem.

Diz quem sabe que a coisa rendeu 28 milhões de um assentada só.

As parangonas: Benfica nos quartos-de-final pela primeira vez desde 2012 e Bicampeão português vence 15 dos últimos 16 jogos, sabem sempre bem serem lidas, mesmo em russo.

Amanhã, às 11h da manhã, não há Cláudio Ramos, nem Júlia Pinheiro, nem receitas do Goucha. Estará todo mundo ligado para ver o que a sorte nos tocará.


Rapaziada da minha entourage: vamos lá mamar o almocinho ao nosso Sargento Felino? (Pagando cada um o seu, claro está, que a vida custa a todos).

A noite hoje caiu assim...
E eu gritei assim, na muralha...

E também no castelo bar lounge quando o golo contra a injustiça, os interesses, os petrodólares e a falsa arbitragem entrou.

Ouviu-se lá:

- Epá, ver um jogo ao lado de um gajo destes é um espetáculo... :)

Eu: E estive sempre calado... Mas estava num reboliço cá dentro... Quando o golo entrou, o medo deu lugar à alegria e exultação.

- Epá, isto é um espetáculo. Mas não lhe dês mais cerveja.

Eu: Boa! E só bebi 2 pretas... sem álcool! Havias de ver como era a fera quando podia beber das outras, com chumbo. :P

segunda-feira, 7 de março de 2016

O meu Curso de Cristandade. O 88º.


Nota do redator: Uma vivência destas, teria de ter um  testemunho assim. Pode estar grande. Mas ainda não saiu tudo. Mas muito...


As mensagens e notificações da grande rede social entopem-me o telemóvel e o computador. Têm sido muitas as perguntas desde que me despedi quando entrei no retiro espiritual. O mergulhar nesse 88º Cursilho de Cristandade, que decorreu na Casa Diocesana de Mem Soares, nos arredores de Castelo de Vide, na passada 5ª feira, dia 25 de Fevereiro, foi toda uma experiência. Tenho aguentado o meu feedback que gostaria que tivesse sido rápido, e ainda nem sequer me dei ao trabalho de espreitar a sério as notificações. Se mergulho no calor que dali há-de certamente vir, desfaço-me e… não tenho tido tempo para isso.

Tenho passado os dias a meditar e, uma vez que a vida tem separado a minha família que não mais voltou a estar junta (texto escrito e começado na 5ª feira) (a mãe a trabalhar em Lisboa na FIL; a mais velha a estudar e a pernoitar em Portalegre, a mais nova que me quis tocar pelos avós maternos).

Este curso foi uma das maiores descobertas pessoais que tive da vida inteira. Os cursilhos nasceram em Espanha nos anos 40 em Marbella….https://pt.wikipedia.org/wiki/Cursilho.

Se renasci para a vida em 2011, pela história que já todos sabem (ou basta andarem para trás para saberem) este curso foi o verdadeiro renascimento espiritual, quando não pensava possível.

Se me tivessem dito há 5 anos atrás, antes me ter acontecido o acidente, que haveria de entrar num curso de cristandade na Mem Soares pelo meu próprio pé, eu diria que… era coisa para ser impossível. Mas essa lobotomia porquê? 
Impossível seria. Mesmo. “Mas eu fi mal a quem?”, seria o comentário mais simpático.

Para quem me conhece bem, seria assim uma coisa do género como entrar para os jeovás. Coisa mesmo fora, tipo seita, tipo a Davidiana do David Koresh, que assombrou o mundo há mais de 20 anos quando queimou o Texas todo.

Mas a verdade que digo a todos os meus leitores e leitoras habituais, sem medo nenhum ou qualquer tipo de reserva, é que fui porque… Deus assim o quis.

Senão vejamos e pensem comigo. Vai na volta, tudo é atribuído a Deus porque não acredito mesmo que existam acasos. Tudo acontece porque tem de acontecer.
É um bocado aquela versão tão portuguesa do destino, misturada com o Masterplan dos Oasis. (aqui https://www.youtube.com/watch?v=pMtD4tR8M44 numa versão dobrada no português que os brasileiros inventaram, para quem não compreenda o inglês que sei de cor.)

Não há o Deus castigador, vingador, superpolícia que tudo controla e supervisiona.

DEUS é amor. Todos nós nascemos porque um homem e uma mulher se uniram e a vida foi gerada. Podem vir um coro de críticos alegando que muitas crianças nascem de situações não de amor, mas de abuso e… eu, aí, respondo que quem quer barafustar, encontra sempre um rol sem fim de razões para isso.

Antes de ter feito o curso tinha muito medo, ou receio mesmo e vergonha até, de atribuir a Deus o papel que ele tem na minha vida. Mas isso mudou. Porque eu hoje sou um homem novo. Considero-me um cristão novo, como disse numa preleção que fiz no final do curso, no Gavião, perante o Bispo da Diocese.

Não façam juízos de valor antes do tempo. Não sejam os primeiros a me apedrejarem, como tantos fizeram com Jesus de Nazaré. Ouçam, leiam primeiro. E falem depois, caso queiram.

Não pensem os mais incautos que irei aqui explicar seja o que for da extraordinariamente bem orquestrada ação de formação a que estive submetido entre 5ª feira, 25, a domingo, 28 de Fevereiro. Nada disso farei. Até mais porque fui aconselhado, eu que sou desbocado por natureza, a, como todos os outros, ter noção dos limites que se me impunham.

Um curso deste género é uma vivência.
É como o nascimento e a morte.
Cada um tem de passar por ele por manifestar qual é a sua experiência dele.

De resto, se é que sou mesmo um fazedor de opinião, (coisa que o número de visitantes diário e semanal do meu blogue; conjugado com o número de hits do meu mural do facebook, o faz antever) o meu conselho, a todos os que quero bem e perguntam sei lá quantas vezes ao que foi e como foi, é: VAI. VAI. VAI!

Não perguntes. Inscreve-te e vai experimentar. Por certo que próximo de onde vives, existem pessoas que andam à procura de voluntários que te queiram alinhar. Prescinde de 4 dias da tua vida e vai à procura de ti, dos outros e de cristo, por esta ordem.

Não se pode dizer que seja de borla, mas… também não se pode dizer que seja caro. A quantia pelos 4 dias, alojamentos, refeições, banhos, equipas sempre a trabalharem connosco e em nós, não ascende de todo ao montante que tive de pagar na semana passada a uma psicóloga, ou a um psiquistra que procurei para me tentar resolver a questão do sono e porquê não só um cálice de vinho?; que terminou a consulta dizendo: “Em quase 10 anos de carreira que tenho num hospital da capital, você é para aí o terceiro paciente que atendo, a quem não acho falta alguma.”

Aconselho todos a quem quero bem, que são muitos, ou quase todos porque, à luz do que aprendi, todos somos irmãos, filhos do mesmo pai; que entrem nesta experiência, porque pode certamente mudar também a forma como vêem o mundo.

A minha educação sempre foi católica. A igreja e Cristo sempre andaram perto de mim, pela mão da minha mãe e tias, que frequentavam muito a igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Beirã. Cresci sentado naqueles bancos a ouvir a palavra de Deus. O ordinário da missa (que me causou imensa estranheza quando aprendi a ler e vi aquilo pela primeira vez. Mas quem será o ordinário da missa?!?!? O padre?) era  por mim sabido quase na ponta da língua de trás para a frente e de frente para trás. Eu ouvia, eu respondia quase de cor e salteado mas era uma experiência tipo a dos cães do Pavlov. Não perguntava realmente. Não questionava. Apenas comia e calava.


Depois cresci e a adolescência aproximou-me dos copos, da discoteca e das miúdas, como a todos os outros jovens. A seca de ter de acordar no domingo de manhã quando a madrugada de sábado terminava sempre a altas horas vindo d’ A Maluka, nos Fortios, já tantas vezes bem disposto demais, foi-me afastando da igreja.

Fui voltando esporadicamente à igreja porque o vínculo familiar nunca se perdeu. A oração em silêncio com uma força superior que sempre achei que certamente regulará a ordem das coisas, nunca foi perdida. A igreja da minha aldeia e a sua santa padroeira sempre estiveram no meu coração. Ali casei e batizei as minhas filhas e sempre fui um católico não daqueles beatos sempre de mãozinha no peito, mas um bastante rebelde e cheio de perguntas.

Sempre rezei mas... esta minha relação tem tido altos e baixos. Antes do acidente rezava ao deitar… já deitado. E muitas vezes, assim adormecia, sem saber muito bem se teria terminado a oração.

Depois do renascimento em 2011, assim que o pude fazer (e me consegui meter nessa posição), passei a rezar antes de dormir, de joelhos, em contato com o chão. Passei a fazer o meu exame de consciência, a analisar os bem e os menos bem do dia e a tentar limá-los. Assim procurei através da introspeção, tentar refrear este meu feitio mimado, egoísta, egocêntrico e algo, ou muito velhaco, vá! cruel, como as crianças são.

Pensava eu então que estava de bem com a vida. Pensava que tinha percebido que Deus tinha metido este acidente no meu percurso de forma que parasse e pudesse repensar a minha posição no mundo e no meu papel perante os outros. Naquela noite quente de Verão, depois de um jantar com os amigos de ensaio para uma atuação da minh’ A GRUPA, montado na Vespa que tinha decidido comprar de minha autorrecriação, de guitarra às costas e já com algum, muito combustível na cremalheira, eu era o Jim Morrisson na Venice Beach da Califórnia. O rei do mundo. Um ego inflamado e maior que o concelho, que cheguei a vice-presidir.

Deus deu-me este tropeção na linha da vida que quase terminou para mim, penso eu que para repensar tudo.

E há meses atrás, eu pensava que tinha pensado tudo. Depois do acidente, tornei-me mais sensato, mais maduro, mais comedido. Distanciei-me do álcool, substância com a qual tive uma relação não de dependência, mas esporadicamente algo abusiva e problemática. Recuperei o gosto de fumar um ou outro cigarro mas sem cair em dependência. Pensava que estava equilibrado.

Não estava, como a minha companheira, pequena de tamanho mas gigante de dimensão lá dentro, muito maior que eu, me dizia.

Como os bons dos U2, “God moves in misterious ways”. Assim,

1 - Meteu na minha vida um chefe novo que é um Homem católico, um cristão daqueles que até dá gosto, que deixa ajudar e promove a ajuda ao próximo (contribuinte) ao pé do qual me sinto em casa, quando dantes estava habituado a ouvir que naquele sítio se cobravam impostos e não era a Santa Casa (para andar a ajudar os outros).

2- Como o ponto 1 por si só não bastava, meteu no meu caminho um cão, o Sizzle, um labrador que me foi oferecido pelo Bruno Fonseca e pela Tânia Gaio, que é amado por todas as piquenas lá de casa, mãe incluída. A história é por mais conhecida dos leitores e está por aqui escrita neste blogue e no meu mural do facebook (basta andarem para trás). Mas para quem ainda não sabe, o cão, comigo, passeava em liberdade, sem a amarra da trela sempre agarrada ao pescoço. Naquela manhã, caminhava a meu lado com a Alice, tranquilamente na nova zona industrial, sem carros, quando num gesto nunca antes visto (porque se já antes o tivesse simulado, jamais teria permitido que tal pudesse acontecesse) correu para a estrada para se meter debaixo de uma carrinha Strakar que seguramente não se deslocaria apenas aos 40 km por hora, porque se assim tivesse sido, teria dado tempo para eu o ter impedido.

Consegui reparar que não tinha sido atropelado, magoado, ferido de morte. Segundo a minha impressão, apenas teria ficado debaixo da carrinha que lhe passou por cima e o assustou ao ponto de ter fugido para os montes de pedras das barrocas nas redondezas a alta velocidade. Para não mais ser visto apesar das buscas incessantes naqueles dias de chuvas pela minha mulher, pelo meu vizinho Mário Guedelha, sua esposa Rosa e por mim, que corri todas as casas e cafés, tabernas e espaços públicos das redondezas.

Durante 4 dias, o Sizzle estava morto, até para os mais otimistas. Mas Deus não quis que a alegria desta vida nova da casa tivesse desaparecido, nem quis que eu me derretesse numa culpabilização que nem a minha autocomiseração diluía. Depois de tanta água que caiu na terra e caía mesmo em cima da minha cabeça, na cama, o Sizzle apareceu junto da Pizzaria dos Brothers, a 500 metros de casa. 4 dias depois.

Quando eu ainda não sabia da alegria do regresso desse tão querido amigo, quando a angustia ainda pintava de cinza os meus dias, o Nuno, meu chefe, que já me tinha falado nos cursos de cristandade mas que eu tinha metido nume hipótese muito, muito remota; meteu-me a mão no ombro e disse-me algo como “quem em Deus confia, Deus nunca falha”.

E não falhou. Mesmo. O Sizzle reapareceu a 28 de Outubro e eu, como sou homem de palavra, aceitei de plena vontade e com o melhor agrado o convite que me tinha sido feito.

Mas marquei num dos meus calendários de secretária, esses dias, entre 25 e 28 de Fevereiro, como uma escalada ao Evereste que não me apetecia mesmo nada fazer. Foi o Nuno que me foi lá levar à Mem Soares, acompanhado de outro cursilhista, o amigo Forte, que também tinha sido convidado por ele. E eu não podia ter ido mais contrariado. Tentando sempre educado, como manda a minha educação, mas nada animado. Durante a sessão de apresentação, onde nos foram passadas as diretrizes para os dias que se seguiriam, estive para me levantar e vir embora mais que uma vez. Mas e que argumento? Que justificação teria depois?

Fui-me deixando ficar.

Ainda bem que fiquei.

As condições do lugar são absolutamente espartanas. Não falta nada, mas tampouco nada sobeja. Tem tudo o que faz falta para se viver com conforto mas q.b.. O homem aprende ali que o que tem de se desenvolver… é dentro de si.

Ali estivemos durante 3 dias, um grupo mais de 20 homens que não se conhece de lado algum mas que tem em comum o facto de ter fé em algo que nos superintende. Permanecemos sem televisão, sem rádio, sem net, com um horário que nos preencheu todos os dias com muito trabalho a fazer. Aprendemos a rezar juntos, em voz alta, com humildade.

Uns estavam mais próximos da religião, outros nem tanto, mas todos tinham em comum vontade de acreditar mais. Penso que a felicidade que lhes brilhava no olhar no final, era visível a todos.

Confesso que as primeiras orações, interjeições e frases que quase todos respondiam por saberem o que dizer, tinham como interlocutor um Pedro que quase nunca respondia numa eucaristia, num silêncio auto-comprometedor.

Claro que sei e rezo diariamente o Pai Nosso, a Avé Maria, o Ato de Contrição. Mas em tudo o resto, um pequeno guia do peregrino, repleto de tudo o que interessa e faz falta para quem quer seguir as pisadas de Cristo, foi uma ajuda imprescindível.
No curso aprendemos a relacionarmos, primeiro connosco próprios, depois com os outros e finalmente e sempre, com Cristo, nosso irmão, que morreu na cruz pelos nossos pecados; e com o Pai, com o qual podemos sempre falar porque está sempre ao nosso lado.

O curso, como eu já escrevi no facebook numa entrada antes deste texto que queira que fosse o primeiro
Mural do facebook BOM DIA MUNDO!!!!! O Pedro Sobreiro não queria regressar a este mundo virtual sem antes contar a todos a experiência verdadeiramente fantástica e rejuvenescedora que teve no passado fim de semana no Cursilho de Cristandade, na Mem Soares, em Castelo de Vide. Ali descobri o verdadeiro poder de Cristo em mim e a aprender a rezar a Deus tratando-o como pai, que me acompanha durante todo o dia. Nunca mais me senti só. Ali descobri-me a mim, a Cristo e aos outros. A minha vida e a forma de ver o mundo foi bastante alterada. Redifini prioridades e objetivos. Reajustei-me e recalibrei-me. Hoje sou um Cristão Novo, que tem a real noção da força de Deus em mim, consciente da dificuldade que irei ter de passar a mensagem aos outros, que certamente pensarão: "passou-se de vez!!! Não foi quando bateu com a marmita no acidente, foi agora! :P" Mas ser cristão, acreditar em Cristo, nosso irmão e em Deus, pai de todos nós, é um ato de enorme coragem e bravura. Há pessoas, tantos milhares de homens, mulheres e crianças que são mortos, por exemplo às mãos assassinas do autoproclamado Estado Islâmico porque renunciam dizer que não acreditam. É a esses que eu vou buscar o exemplo de força que me permitirá refazer a minha vida, com as limitações que as contingências me deram. Deus mudou a minha vida. Oxalá seja capaz de me agarrar sempre a este mastro. Com Cristo comigo, estou livre de ansiedade, sentimento de culpa, limitações ou pressões. Com Cristo, sou capaz de dizer que não a uma imperial babosa no meu Chocolate (Pastelaria Caldeira) de sorriso nos lábios, quando antes até sonhava com elas, porque a minha Fernanda Sobreiro e os médicos me pedem que não o faça. Apesar de ser só uma ou duas, e não 10 ou 15 como antes do acidente (sábado de um Sporting × Benfica era limpinho! E se ganhássemos... amanhã andava todo o dia doente.) :P Mas se é não, é não. Força, determinação, fé, esperança. E atenção que não é um não refundido, contrariado, mas um não com um sorriso nos lábios. Não, porque eu não quero e Deus não quer. Não posso revelar, nem contar o que me aconteceu. Um cursilho de cristandade é uma vivência. Como a vida e a morte. Diferente de cada um porque cada um tem a sua própria visão. Quero, com calma, tentar explanar no meu blogue, alguns episódios da minha experiência, para tentar levar Cristo aos outros de quem gosto. Hoje sinto-me um líder, porque todos os que fazem o Cursilho o são, que tentará levar aos outros a palavra de Deus. A religião não pode ser uma coisa de cotas, de "padrecos", de chatos como os Jeovás. Deus é para os espertos, para os inteligentes, para os bravos que não têm medo de se afirmar. Nasceu um Pedro novo. Pedro, o Apóstolo, como me chamava a minha querida amiga fisioterapeuta, e visionária!, Rita Barreto Cortes. Quero ser um homem ainda melhor para os outros do que era; um marido, um pai e um amigo sempre melhor. Depois do cursilho, vejo o mundo com olhos melhores. Os olhos tolerantes, de compaixão e misericórdia com que o meu chefe, que me introduziu no movimento, ama os próximos. So help me God. :D

Saber dizer que não ao álcool, saber falar com Deus de cada vez que me surge um problema que dantes me bloqueava e fazia fazer o imprevisto, são mudanças, muito proveitosas em mim que me fez ter o Cursilho de Cristandade.

Um exemplo claro e evidente? Pouco depois do acidente, eu mantive o meu anterior telemóvel, um Nokia Express Music 5800 que comprei através do contrato que a ATITEGRE, Associação dos funcionários dos impostos de Portalegre tinha com a TMN. Não era um XPTO mas era um telemóvel fixinho que dava para ouvir música, como o nome indica. Certo dia quando tinha regressado a casa, o dito cujo avariou. Bloqueou, nem pestanejava. Uma coisa que sempre me bloqueou e fazia o animal que havia em mim, eram as avarias dos gadgets tecnológicos da minha vida, sem existir uma explicação que o justificasse. A minha reação depois de o tentar reanimar sem qualquer êxito? Escavaquei-o contra as pedras da calçada da minha casa que fizeram a Cristina comentar quando eu nem sequer sabia que estava a ver…
- “Prontos, já estás descansado! Desta é que foi.”

No sábado, na minha corrida matinal, https://www.runtastic.com/en/users/pedro-sobreiro-3/sport-sessions/1166107916, como sempre, fui a ouvir o maravilhoso novo disco dos maravilhosos Deolinda e fotografando tudo o que podia, dando azo a mais um dos meus safaris fotográficos que me enchem o Google Photos de milhares de entradas por ano e constituem o mau maior arquivo online, à distância de uma password. Nem discos rígidos metidos em armários e gavetas, nem nada. Tudo online, acessível em todo mundo, no maravilhoso 3º mundo.

Aconteceu uma desgraça daquelas que dantes do cursilho me tirava do sério, me estragava o dia e os vindouros, e de todos quantos se me aproximavam. O smartphone escorregou-me das mãos quando o tirava do bolso e caiu de frente no chão, ficando com o vidro estilhaçado em centenas de cicatrizes.

Coisa não para chamar o 112, mas, para me bloquear da ponta das unhas ao mais ínfimo cabelo que não tenho. A verdade é que o meu cérebro bloqueia com qualquer uma situação desse género, e depois, eu não respondo por mim. É que são 1 metro mais 80 centímetros e 83 quilogramas e meio pesados ontem de manhã, de força bruta.
Bem tinham explicado os médicos à minha Fernanda Cristina quando ainda estava em coma induzido, que se conseguisse sair daquele sono profundo embora não definitivo, que seria uma incógnita. Poderia ser tipo vegetal, tipo os tomates e as alfaces do frigorífo; ou sairia mais ou menos parecido com o que estava, dependendo da esperança e da força de verdades supraclínicas em que se poderia acreditar. No entanto, adiantaram logo que quase que de certezinha que viria formatado com as limitações que tenho hoje em dia:

1.    Canso-me mentalmente com mais facilidade (Dantes estava a escrever no blogue até às 1h, 1.30h, ou mesmo 2h e 3h da manhã, alevantando-me no outro dia sem problemas. Agora a meia-noite… é a hora da Cinderela)

2.    Dificuldade em manter o sono profundo, reequilibrador, revigorante. Durmo à base de antidepressivos (sou da brigada TIRITICUM, Alô Ana Teresa Viegas) e tenho de meter mais uma escorva para dormir pelo menos 6 horas, que ainda não acertei bem qual é. Já andei nos naturais Valdispert, mas tenho andado à toa até o descobrir. O meu amigo Dr. José Vitorino receitou-me hoje uns novos. A ver….

3.    Continuo a bloquear quando não compreendo as coisas e as avarias tecnológicas, sacam o Neandertal que há no Sabi.   

Mas hoje sei que sou um Homem diferente. Quero ser mais pai, mais marido, mais interligado aos outros, capaz mesmo de fazer o bem a todos quanto posso, explicar e tentar minorar o mal ao mais próximo desde que o consiga.

Tenho tido imensas dificuldades ao conseguir passar esta minha nova visão para o mundo lá fora.

Mas tudo isto mudou muito a minha relação com Deus, comigo mesmo e com os outros.

Oxalá consiga agarrar-me ao mastro e continuar a navegar tranquilo, capaz de enfrentar as tantas dificuldades do dia a dia. A vida não é fácil. Mas é linda e uma bênção.


Saibamos aproveitá-la.