sábado, 11 de março de 2017

“Moonlight”, a crítica cinematográfica ao melhor do ano por Ti dROCAS Sabi

(óscar para melhor filme de 2016)

“À luz da lua” dizem que os pretos são azuis. É verem o filme, e confirmarem.


Importantes notas introdutórias:

1.    Sempre detestei os gajos que contavam o fim dos filmes, dos livros, ou das histórias, em geral. Se for esse o caso e ainda não tiveres visto a película, aconselho-te a bazar. Depois não digas que não te avisei. É aborrecido. Eu estou numa mesa de café, a contar, e só cá se senta a ouvir, quem quiser.

2.    Isto tem por aqui um linguajar que não se aconselha a jovens, ou a pessoal que leia as historinhas do Tio Sabi, em lares e instituições de solidariedade. Não mete muitas c******das, mas é ofensiva. Porque o filme também o pode ser.


Isto que vivi ontem, aqui no meu sofá, é mágico. Poder ver o filme que foi escolhido há semanas, como sendo o melhor do ano para a Academia, sentado em casa, é um prazer indescritível. Os computadores pessoais (que bem me lembro de aparecerem, como mais um eletrodoméstico), a internet, e o tanto que ainda estará para vir, não deixaram que nada fosse como dantes.

O vosso Tio Sabi não inveja quem tem o hábito de leitura, mas inveja muito quem tem tempo para ver filmes, porque ele não tem. E ontem não viu o filme nas condições que realmente gosta, no escuro, a assimilar e pensar, a curtir o que via. A luz estava acesa, uma tinha na televisão uma coisa de que gostava, a outra estava a namorar com o telefone, e a sorte foi que a terrorista nº 1 estava na reserva dos avós. Por isso, mesmo assim, vi.

Levava já um certo preconceito, devo confessá-lo. Sabia mais ou menos que o filme tratava de homossexualidade entre negros. Um amigo meu comentou na net que, na sua opinião, se tratava de uma grande obra, que merecia ser vista. E há aquela sobejamente conhecida história do fadista João Braga que, numa de marialva, aproveitou para criticar que para a academia, não bastava serem pretos, senão ainda por cima, paneleiros.

Chamo pretos porque também, e não lhes levo a mal, se me chamarem a mim, branco. Não é pejorativo. É a constatação de uma realidade. Cada um, é como cada qual. Não sou mais, nem menos. Sou assim.

O filme ficou marcado também, pela célebre troca de envelopes, em que, por longuíssimos minutos, o La La Land, lhe roubou o lugar (reposto de imediato, nos segundos seguintes), e por um discurso absolutamente trepidante da atriz Viola Davies, secundária, que estava a falar e parecia que estava a ler.

Começo a ver a fita e durante largos, longos minutos, custou-me a assimilar, absorver. Não se passava nada de extraordinário, que justificasse um enredo.

Miúdos muito miúdos, comparações entre sexos, típicas daquela idade e um pretinho com um andar assim pró esquisito, que se revelava diferente. Muito bullying dos colegas na escola e a constatação de ser um caso à parte.


Entretanto, é “apadrinhado” por um drug dealer que lhe acha piada e lhe dá o amparo que a mãe, drogadíssima de crack, não lhe consegue dar, de todo.


Por estas alturas, já eu tinha de fazer um esforço do catano, para conseguir ver até ao fim porque… o filme não prende, não puxa, não agarra. Aquilo é um arrastar de sofrimento sem explicação, por vício e desejos alternativos. Se a Academia, que é quem mais percebe da coisa, o escolheu, tens de o mamar, salvo seja.

Depois o puto, já na escola, topa um colega a afiambrar uma pequena. Colega esse que vai ser depois importante no seguimento da história. A dada altura, encontram-se os dois numa praínha à noite e percebem que se curtem. Que estão na mesma onda. Eu sempre a pensar: se começam aos melos, não estou para estar para aqui a aturar isto. Mas não. Foi só festinhas e, pelos vistos, acho que lhe tocou uma secóvia. Uma masturbação, vá! Pelo menos, limpou-se à areia. Uma cena muito poética.


Na escola, era os putos sempre a apertarem e a gozaram com o Little (quando era pequenino), ou Chiron, como o chamavam quando já era adolescente, por ele ser esquisito, mas há um dia em que lhe salta a mola, e se “amanda” para cima de um de rastas, que é reles como as cobras. Bem… espeta-lhe um tareião que o mete na prisa. Vai para o xilindró. Como não tem ninguém… está feito.


Depois o tempo passa e o gajo aparece já como sendo mano, o cota, um dude, um man. O que é que ele faz? Trabalha numa bomba de gasolina? Num supermercado? Não! Vende a droga, que é o mundo em que sempre se moveu. Tem um cabedalorro do camandro. Brinco na orelha, uma touca de estilo nadador e uns músculos do cacete. Mesmo muito musculado. 


Muda de cidade para cidade, conforme manda a rede onde está metido e eis que senão quando, já não me recordo bem como, o miúdo que teve uma cena com ele, lhe liga. Já o não sei bem meter de pé, salvo seja, nem sei bem como é que soube o número, mas falaram. Disse-lhe o amigo… colorido… que um gajo chegou ao café da beira da estrada onde trabalha, meteu uma moeda na Jukebox e tocou um tema que o fez lembrar dele.


Por isso quis saber dele, procura-lo. E o outro foi ter com ele. Na América, nos filmes, tudo é perto. Encontraram-se no café, jantaram e foram os dois para o quarto, onde ele morava. Aí, o Sabi pensou: “queres ver que é desta que mando isto abaixo?”


Mas não. Foi muito íntegro, só com os dois no quarto, e ele faz-lhe a revelação de que foi o único o homem que o tocou. E assim… encerra o filme.


Pergunta óbvia que me martela na cabeça: só isto?!?!?!? Mas ficou tudo doidão, ou quê? Mas sou eu que me tornei um calhau com olhos, ou a malta da academia, composta por mais de 6.000 membros, de 36 países, passou-se de vez?

Epá… se é só isto, eu também faço um comentário: cagou-se, Helena!

Ai tá de intelectual, tá!

Quando alguém muito evoluído me perguntar o que achei, responderei: chorei. Pra estudar a reação. Se for má, digo… “chorei mas de… de alegria!”

Maneiros que esta… quizomba… vai passar a figurar entre estes ilustres:

O Padrinho (icónico, um dos…)

Voando sobre um ninho de cucos (Milos Forman com o melhor Nicholson)

O caçador (fabuloso De Niro)

Gandhi (quando os filmes ensinavam. Enorme Ben Kingsley)

Amadeus (e a música clássica mudou de fugura)

África minha (romance épico de Meryl Streep e Robert Redford)

Platoon – os bravos do pelotão (Um Stone que se revela)

O último imperador (O oriente por Belucci)

Encontro de irmãos (Grandes Cruise e Hoffman)

Danças com Lobos (Costner rescrevendo a história da América)

O silêncio dos Inocentes (Jonathan Demme, Foster e Hopkins, nO hino)

Imperdoável (Eastwood reinventando os westerns)

A lista de Schindler (Spielberg fazendo contas com o passado)

Forrest Gump (A América revista pelos olhos de um puro)

Braveheart (Mel Gibson faz história, da Escócia e do homem)

Titanic (as bilheteiras e a história num casamento perfeito)

A paixão de Shakespeare (Quando a ilha abalroou o continente)

Beleza Americana  (retrato dos EUA, nesse então)

Gladiador (uma homenagem à escola clássica)

Uma mente brilhante (Biopic com Crowe, que volta a brilhar)

Million Dollar Baby  (Eastwoood volta a marcar)

Quem quer ser bilionário? (Pegando na realidade)

Estado de Guerra (Ela, em direto) 

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