domingo, 29 de abril de 2018

Arriverdeci…







E prontos, portantos, como diz aquele artista do chiclete que também treina o futebol, ela tinha que se dar. E já se deu.

Anda um gajo, num ano inteiro a sofrer, para morrer assim… gordinho, à beira-mar.

Como eu tinha afirmado aqui antes (http://vendoomundodebinoculosdoaltodemarvao.blogspot.pt/2013/05/o-meu-adeus-ao-futebol.html), já deveria estar vacinado contra estas merdas. Mas um gajo nunca está…
O futebol, é assim um bocadinho como o circo para os romanos, que desde que tivessem com que comer, e isso, estavam mais de meio caminho andado, para estarem sastisfeitos (mesmo escrito assim).


Não sei porquê mas este final de tarde de hoje, fez-me assim recordar o pesadelo deVigo, dos 7 a 0. Não sei bem mas… afinal, acho que sei.


A duas jornadas de terminar o campeonato, quando ainda temos de ir jogar à casa dos lagartos, antes de terminarmos na Luz com o Moreirense; caímos na nossa própria casa, frente ao Tondela, muito por culpa de um miúdo que aprendeu quase tudo na luz, quando treinado por um jovem que também já jogou por nós. Trágico, não é?
Bem… trágicas são as mortes no mediterrâneo, de infelizes que fogem à fome, à miséria, e ao fundamentalismo religioso; por isso deixemo-nos de lamechices, que isto é só bola.


Mas a verdade é que o Tondela conseguiu hoje, quando ninguém esperava, e muito menos eu; quebrar um registo praticamente imaculado na Luz, nos últimos 8 anos, à exceção de jogos contra o Sporting e o Porto. Andei a ler a prosa sobre a matéria, e já desde de Agosto de 2010, quando aconteceu um desaire perante a Académica por 1-2, que o Benfica não perdia no seu estádio sem ser contra lagartos ou tripeiros.

Começou tudo bem, numa jogada de Jiménez pelo lado esquerdo, que cruzou para Rafa do lado direito, que meteu impecável para Pizzi, que não falhou, e no instante seguinte estava a bater pála para a bancada.

Depois, em poucos minutos, um passe desajeitado de Cervi, permitiu um contra ataque que se revelou letal, com Miguel Cardoso a brilhar num chapéu de letra… perante o escravelho do Varela, que ficou… onde nunca poderia ficar: entre a linha de baliza e a bola, fazendo o contrário daquilo que se deve fazer, porque ali, ou sais, ou ficas! No meio, é que nunca!


Ainda antes do intervalo, o que já era mau… ficou terrível: um lançamento de linha para a área, quatro defesas a laurear a pevide, Luisão a começar a brilhar, deixando o avançado ganhar a bola e meter no tal Miguel Cardoso, que estava nas costas… e lhe chamou um figo porque o Varela… estar lá ou não estar… dava igual. Estava feito o 1-2.

Aos 80, a confirmação de duas confirmações: que não se deveria mais correr atrás do resultado, e que Luisão é muito bom homem, e lhe devemos muito… no passado! Agora, não dá mais! E vão 3!


Ainda houve tempo para muito sofrimento, muita lamentação, mas Sávio já não foi capaz de nos Salviar, como na semana passada (já andamos por pinças há algum tempo…). Deu apenas para fazer “do mal o menos”, e marcar um tento para o escândalo não ser tão grande.

A verdade é que marcou este, mas falou dois de baliza aberta, que poderiam muito bem ter sido a salvação.

Posto isto, uma vez que os lagartos, bateram o Portimonense no Algarve (foste ver, puto Sabi?), e já nos apanharam (o que não augura nada de bom), há algumas considerações que gostava de aqui plasmar (alô Luís Filipe Vieira!):

1.    A situação é GRAVE! Se atentarmos a este desfecho de liga, que muito provavelmente nos vai deixar em terceiro lugar (está de penta, está! PENTATEUCO!); juntarmos a brilhante Liga dos Campeões / Taça de Portugal / Taça da Liga…, não será preciso ir tirar um curso à Lusófona, para percebermos que há que haver mudanças!

2.    Não sou tão Cro-Magnon como os meus colegas presentes na bancada, e não me desfaço em lençóis brancos, pedindo eufórico a cabeça do homem, mas sim que tenha talento futebolístico ao seu dispor, para fazer aquilo que sabe (não será TETRACAMPEÃO, apesar das tantas vendas, por acaso) e assim montar uma equipa vencedora.

3.    Acho que chega de olhar com obsessão para as contas, e a sanidade financeira. Em primeiro lugar, porque nenhum clube a tem, e porque nós vivemos felizes, não é com as contas com saúde (isso é em casa!), mas sim com TÍTULOS!!!! E este sonho do penta… na melhor das hipóteses… (ahahahahahah, tá bem, tá!), só daqui a mais 6 anos!

4.    Depois Luís… como queres tu ser recordado? Com tudo limpo para que depois venha um novo Vale de Azevedo, que rebente com tudo?!?!? Ou como um vitorioso? Faz lá as obras no Seixal, faz lá a escola de talentos, a universidade, mas compra mão de obra qualificada, porque senão… voltaremos a ser o bombo da corte, e agora já estou desabituado.

5.    Olha, estou desmoralizado e vou-me deitar. Todo o ano em suspenso… para isto…

Termino felicitando os meus amigos portistas pelo campeonato! Foi merecido! Só espero que vendam o Conceição aquele, depressa! E o murciélago mexicano también! La madre que lo parió!

Velhinho Pintinho… ainda ganhaste mais este sem veres a guia de marcha preenchida... ãh? Olha, faz mas é as pazes com a Fernandinha, que está uma bebé…

A minha desgraça hoje, foi assim… (ora cliquem lá na ligação, para se rirem ou chorarem um pedaço...)



"O Jogo" dignou-se a fazer uma galeria de imagens com o sofrimento do treinador! 
Quando a maldade, dá em prazer...











segunda-feira, 9 de abril de 2018

Sobre o (triste) fado do (João) Sobreiro

Música de fundo do texto... (para ir tocando enquanto se lê)

Com os teus Amigos de sempre: o Sr. Sabino, o Sr. Duarte de Almeida, e o Sr. Pereira (o único sobrevivo), também. 
Pose triunfal, após jantar, de cigarrilha... (a tirar as medidas ao fotógrafo. Como que a perguntar: "tu aí, ãh... Estou nice?")


Por muitos anos que viva, este dia 4 de Abril, aquele a que chegaste a este mundo, há—de ser sempre teu, em memória, em saudade. Imensa, infinita, muito maior que enorme... sufocante.

Cumpririas 73. Uma idade tão jovem, tão aceitável, tão dentro da esperança média de vida. Uma idade excelente para uma suecada com os teus amigos, como tanto gostavas; para jogadores uma matraquilhada, como adoravas; para leres o jornal, como sempre fazias; para as palavras cruzadas, onde eras craque. Isto para não falar nas altas guitarradas, e fadistagens, nas noites boémias, onde sempre brilhavas. O Sobreiro, o dos tiques, o dos bigodes, o sempre bem disposto.

Hoje seria um belíssimo dia para te prestar homenagem, para irmos jantar fora, onde tu comerias um bife com ovo estrelado a cavalo, numa caçarola de barro, como fazias tanta vez.

Em Valência de Alcântara, Espanha, onde nasceste, quando o teu pai, meu avô Leopoldo Sobreiro, era Chefe da Estação dos comboios, cargo que acumulava com Chefe de Estação do nosso lado português, da Beirã.

Serei mau filho, reconheço, porque nunca alinhei por completo contigo, como soube fazer o nosso Miguel. Pensei sempre pela minha cabeça, fui sempre do contra, e isso muitas vezes significa era ir contra aquilo, que me dizias que deveria fazer. Escolhi o Benfica, quando o mais fácil era ser lagarto contigo. O Miguel não só é Sporting, como fez os filhos sócios. Percebes o que digo?

Não sei se é por isso, mas a tua morte ainda é difícil de aceitar, para mim. Foi uma tragédia total, porque nessa altura, há 24 anos atrás, não havia por aqui bombeiros que te tivessem podido socorrer na indisposição matinal. Não haviam desfibrilhadores, não havia VMER, não havia ajuda.

Mas tu próprio não te quiseste ajudar a ti mesmo, Pai. Como não quiseste ir à um médico que te tivesse podido ajudar, nos sucessivos episódios ameaçadores, como uma vez na Póvoa e Meadas, quando tínhamos ido passear o fim de semana a Idanha—a—Nova.

E isso porque, creio eu, não queiras abandonar de todo, o teu tabagismo frenético (2, poderiam chegar a ser 3 maços/dia?), e o teu hábito do copo. Um médico poderia melhorar, mas deitaria por terra, o teu estilo de vida bon—vivant, que era a tua forma elegante de te afastares das agruras, que te deixaram no desemprego, a ti, e à tua companheira; quando os filhos mais precisavam de ti.

Tu sabias estar. Um nível... que sei que nunca terei. Adaptação imediata ao público onde estavas integrado (fosse num sarau cultural, ou num serão brejeiro de taberna); piada fácil, trato envolvente, jeito único.

De braço dado, com as manas Jararacas, que sempre adoraste e te adoravam a ti.
Cali, a solteira, e Maria, como que a segunda mãe. Quando se casou com o meu tio Lazarinho, correste furibundo atrás do comboio: "LADRÃO! LADRÃO!!! QUE ME LEVAS A MINHA MANA..." 

Deitado na cama cedo, quando assim calhava, sempre a leres (um Konsalik, ou um qualquer livro sobre guerra), e a ouvires os discos pedidos da Rádio Clube de Monsanto.

Ainda não consigo aceitar a tua partida, creio que por isto. Porque o motor berrou, e tu nada fizeste para o estimar, quando tanto te aconselhavam. Desculpo—te mais porque nunca pensaste que pudesse ter sido assim, de vez.

Qual Beatle, que adoravas, veneravas, e tanto tocaste, de fato e gravata preta. Sem bigode.
A caligrafia do titular: perfeita, como era a tua.

A minha vida nunca mais foi a mesma, e só eu sei o tanto que passei, e à tanta ajuda que tive de pedir, para me conseguir reorganizar. A mãe Alzira Sobreiro... tinha a minha idade agora, então. Desempregada, com dois filhos a seu cargo, teve de ser uma Super Mulher, para conseguir trazer tudo ao bom porto, onde graças a Deus estamos.

Vejo as tuas netas (as meninas, da minha parte), e os teus netos (os mancebos algarvios do Miguel), e sinto, para além de uma alegria e uma gratidão enorme, um aura de desgosto latente, por saber que nunca os conhecerás, e eles nunca poderão desfrutar de ti.

A vida sem o João Sobreiro, nunca mais foi a mesma. A minha, também. Sem o Homem que mais me influenciou, tento, fazendo os meus exames de consciência, e as minhas análises, manter—me fiel ao que aprendi de ti. Ao final de cada dia, espero, pela análise do teu prisma, concluir que procedi bem.


Serei sempre o teu Pedro. (E continuo a procurar as cartas que me escreveste, quando estava na faculdade em Lisboa, e me trancada na casa de banho a ler, para poder chorar de saudades, à vontade.) Sei que estão guardadas. Tão bem, que não as consigo encontrar... Mesmo à Pedro, não é? Fica em paz, meu Cometa Negro que ainda hoje, embargas a voz aos amigos, quando querem falar de ti.

Meu ídolo, meu modelo, Fica bem, e pede por nós. Até um dia… (que ambos queremos longínquo, meu João Sobreiro) <3

Sempre jammin'... Aqui, no ultramar.
Numa imagem de marca: guitarra ao colo, cigarro na orelha...
Até sempre, pai!